A Peugeot entrou no segmento de SUVs compactos em 2015. O tão esperado 2008 chegou ao mercado e foi um dos primeiros a oferecer motor turbo na categoria. O problema era mercadológico, já que o 1.6 THP estava ligado apenas ao câmbio manual de 6 marchas que, apesar de prazeroso de dirigir, não era o que o cliente de SUV procurava. Peugeot 2008 com câmbio automático? Apenas com o 1.6 aspirado.
A limitação era técnica. A caixa de câmbio não cabia na plataforma do 2008 (e 208) com o 1.6 THP, algo que a PSA só foi resolver em 2018 com o Citroën C4 Cactus. Algumas mudanças na base permitiram finalmente ter este motor ligado ao câmbio automático da Aisin, com 6 marchas, e assim atender aos compradores do tão aquecido segmento.
Em maio de 2019, a Peugeot apresentou o 2008 reestilizado, o que já representou certo atraso, uma vez que a renovação aconteceu no exterior em 2016 e foi um pouco mais profunda do que chegou por aqui. Esta reestilização era aguardada desde quando o SUV ganhou o câmbio automático de 6 marchas no motor 1.6 aspirado, em 2017, já que o hatch 208 já tinha mudado. Mesmo assim, o 2008 THP automático ficou para o fim do ano.
Mas vamos deixar os atrasos de lado e falar do carro. O Peugeot 2008 agora forma um belo conjunto com o motor 1.6 THP de até 173 cv e 24,5 kgfm, que já se tornou um conhecido do mercado desde a parceria entre BMW e PSA para seu desenvolvimento, com a comodidade de não precisar trocar de marcha. A versão manual era divertida, mas fora de contexto. Mas o modelo segue com uma dirigibilidade mais próxima de uma perua que de um SUV.
O 2008 THP automático continua lúdico. O elogiado i-cockpit, conjunto do painel de instrumentos em posição elevada e volante de menor diâmetro, dá uma sensação diferente de outros SUVs, inclusive do primo Citroën C4 Cactus. A direção mantém uma boa comunicação com o motorista em velocidades mais altas sem abrir mão da leveza em manobras, e tem respostas bem diretas. Já o câmbio automático faz as trocas rapidamente e de forma suave. E ainda foi mais rápido que a antiga versão manual nos testes.
Na aceleração de 0 a 100 km/h, o 2008 THP AT cravou 7,7 segundos, ou 0,7 segundos antes que o 2008 THP manual. Em consumo, teve empate técnico na cidade (8,2 vs. 8,3 km/litro) e na estrada (11 vs. 11,1 km/litro). Comparado ao primo C4 Cactus THP, os números de aceleração foram os mesmos até os 100 km/h e nas retomadas, mas bebeu menos na cidade e mais na estrada - o Peugeot é 32 kg mais pesado, além da aerodinâmica do Citroën ser melhor.
Na cabine, começamos a ver a idade do Peugeot 2008. O banco traseiro é limitado em espaço principalmente para as pernas, com entre-eixos de 2.542 mm (como referência, o Cactus tem 2.600 mm). Até mesmo para os ocupantes da frente se sentem mais apertados que em outros SUVs compactos mais novos, principalmente o motorista. Ao menos o porta-malas tem razoáveis 402 litros de capacidade.
O 2008 THP Griffe está no topo da gama do SUV. Ou seja, estamos falando de ter equipamentos como 6 airbags (frontais, laterais e de cortina), controles de tração e estabilidade com Grip Control (gestor de tração que varia conforme o piso em 4 modos de condução), central multimídia com espelhamento de smartphones por Apple CarPlay e Android Auto, piloto automático, bancos em couro e tecido, teto panorâmico com cortina elétrica, conjunto elétrico e ar-condicionado de duas zonas. Faltam comodidades como partida por botão, abertura de portas por chave presencial e retrovisor fotocrômico, citando apenas itens que concorrentes oferecem - inclusive o C4 Cactus.
E aqui mora a maior questão do Peugeot 2008 THP. Apesar de bom de andar, a idade já começa a mostrar sinais. E sabemos que uma nova geração já foi apresentada na Europa e tem chances de ser produzida na Argentina em 2021 ou 2022. Ou seja, quem optar por pagar os R$ 100 mil do carro atual terá um modelo fora de linha em cerca de dois anos.
No fim das contas, se ele tivesse sido lançado ao menos na mesma época do C4 Cactus THP (em 2018), faria mais barulho. Mas chega atrasado e perto demais de uma mudança de geração, além de ter uma forte concorrência dentro de casa - o Cactus oferece até alerta de colisão com frenagem automática na versão de topo, pouco mais cara que o 2008.
MOTOR | dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, 1.598 cm3, duplo comando de válvulas com variador de fase na admissão, turbo, injeção direta, flex |
POTÊNCIA/TORQUE |
165/173 cv a 6.000 rpm; Torque: 24,5 kgfm a 1.400 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio automático de 6 marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | alumínio aro 16" com pneus 205/60 R16 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira, com ABS |
PESO | 1.246 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.159 mm, largura 1.739 mm, altura 1.583 mm, entre-eixos 2.542 mm |
CAPACIDADES | tanque 55 litros, porta-malas 402 litros |
PREÇO | R$ 100.990 |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR (etanol) | ||
---|---|---|
Peugeot 2008 1.6T AT6 | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 3,6 s | |
0 a 80 km/h | 5,4 s | |
0 a 100 km/h | 7,7 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em S | 5,6 s | |
80 a 120 km/h em S | 4,9 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 41,5 m | |
80 km/h a 0 | 25,7 m | |
60 km/h a 0 | 14,2 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 8,3 km/l | |
Ciclo estrada | 11,1 km/l |
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