Muitos dizem que o Peugeot 2008 é um carro injustiçado no Brasil. O SUV é um dos menos vendidos do segmento compacto, ainda que tenha alguns atributos interessantes, como dinâmica, lista de equipamentos e o motor 1.6 turbo de 173 cv. Um de seus problemas é que a versão turbo só estava disponível com câmbio manual de seis marchas, tipo de transmissão com pouca procura pelos clientes de SUVs. A opção com câmbio automático finalmente será oferecida, mas não agora.
A Peugeot apresentou o 2008 reestilizado como linha 2020 nas versões com o motor 1.6 Flex aspirado de 118 cv, opções que estarão disponíveis durante o lançamento. Segundo a empresa, a variante turbo ainda está finalizando o desenvolvimento e o processo de homologação, por isso só estará nas lojas no 2º semestre – pelo que apuramos, chegará entre outubro e novembro. Andamos no crossover reestilizado e tivemos uma prévia de como ficará a variante turbo.
Para não esperar mais ainda, o Grupo PSA lançou o 2008 sem a versão turbo, com apenas duas mudanças. A primeira está no visual, que adotando um design diferente da Europa, mais alinhado com os últimos carros da marca, como 3008 e 5008. Tem para-choque exclusivo, que muda o desenho da área dos faróis de neblina, e grade e rodas com novo design. Apenas isso, pois a traseira não teve qualquer alteração e o interior tem apenas novos tecidos nos bancos.
Estará disponível em três versões: Allure, Allure Pack e Griffe, todas com o motor 1.6 Flex de 118 cv e 16,1 kgfm, sempre com o câmbio automático de 6 marchas. É isso aí, nada de variante manual, nem mesmo para o futuro Griffe THP. O motivo, segundo a Peugeot, é que representavam apenas 10% das vendas de todo o mix, o que não justificava mais sua produção.
A Peugeot espera repetir um pouco do que acontece com o primo Citroën C4 Cactus, surgindo como uma opção mais em conta para o segmento e com bom nível de equipamentos. Traz ar-condicionado, quatro airbags, faróis com guia de luz em LED e luzes diurnas em LED, retrovisores laterais com ajuste elétrico, volante multifuncional, central multimídia com tela de 7” e sistema Android Auto e Apple CarPlay, controle de cruzeiro e mais. E vai adicionando equipamentos nas demais versões, como câmera de ré, rodas de liga leve de 16” diamantadas, seis airbags, ar-condicionado digital de duas zonas, sensor de chuva e de luminosidade, sensor de estacionamento e outros.
Resumindo em uma frase: exatamente como a versão 2019 pré-reestilização. Como mudou apenas o design do para-choque, o 2008 2020 com motor 1.6 aspirado não teve qualquer mudança dinâmica. O test-drive começou em São Paulo e seguiu até o Haras Tuiuti, uma viagem de 121 km. Enquanto estava na cidade, o 2008 não decepcionou. O motor vai bem com o câmbio no modo econômico, enquanto a dinâmica lembra mais um hatch do que um SUV.
A coisa pegou quando chegamos na estrada. Como os 16,1 kgfm de torque aparecem a elevadas 4.000 rpm, era necessário pisar mais para acordar o motor. A transmissão não sabe lidar tão bem com o 1.6 aspirado, se perdendo um pouco nas retomadas. Ao tentar colocar um pouco mais de velocidade, pisando meio centímetro mais no acelerador, o câmbio reduziu de 6ª para 4ª marcha, para logo em seguida subir de novo para a 5ª, ficar por alguns segundos e voltar para a 6ª. Muitas vezes tive que recorrer ao kick-down (quando pisamos até o fundo do acelerador para fazer a transmissão reduzir) ou às trocas manuais pela alavanca. Colocar no modo Sport diminuiu um pouco essa deficiência, mas não muito.
Chegando no Haras Tuiuti, foi hora de trocar pelo 2008 1.6 THP. Eram unidades pré-série, não emplacadas, então só pude andar na pista. A Peugeot montou alguns exercícios como slalom e até uma simulação do “teste do alce”, com um desvio súbito feito em alta velocidade. Foi um jeito de aproveitar toda a pista e mostrar bem o comportamento do SUV turbinado.
Embora o contato tenha sido bem breve (três voltas na pista), ficou bem claro que o 2008 Griffe 1.6 THP automático será a melhor versão do crossover. Com 173 cv a 6.000 rpm e 24,5 kgfm de torque a 1.750 rpm, ele tem fôlego de sobra e é o motor ideal para a transmissão automática de 6 marchas. É um conjunto já conhecido, visto em vários modelos da empresa como Citroën C4 Cactus, o antigo Peugeot 308 e outros mais.
É impossível não guiá-lo pensando em como seria em relação ao C4 Cactus, seu primo com a mesma motorização. Nesta primeira volta, o 2008 passou a impressão de ser um pouco menos equilibrado do que o Citroën quando guiado de forma rápida. Embora o C4 Cactus seja mais alto (225 mm de vão livre), ele é mais comprido (4,170 m) e pesa menos (1.214 kg), do que o 2008, que mede 4,159 m, pesa 1.231 kg e tem uma altura em relação ao solo de 200 mm. Nada que vá atrapalhar, pois a diferença dinâmica entre os dois é bem pequena.
A reestilização não resolveu alguns dos problemas do 2008. Como parece muito mais um hatch, também tem o espaço interno de um. Os mais altos ficarão incomodados com a altura do banco, principalmente o do passageiro, que não tem ajuste de elevação. O porta-malas tem capacidade para 355 litros, que é mais do que os 320 litros do C4 Cactus, porém longe dos valores acima de 400 litros do restante do segmento.
Além da nova estratégia da Peugeot para mostrar que tornou-se uma marca melhor, desde o atendimento na hora da compra até o pós-venda, a fabricante ainda quer atrair os clientes com um posicionamento de preços agressivo. A versão Allure 1.6 Flex automática custa R$ 69.990, menos do que os R$ 75.490 cobrados anteriormente. Até mesmo a versão Allure Pack, por R$ 79.990, não representa um aumento grande sobre o modelo anterior. O Griffe 1.6 Flex custa R$ 89.990, ante os R$ 87.490 da versão pré-reestilização.
Faltam só os preços do 2008 1.6 THP. No momento, a fabricante oferece apenas a versão Griffe InConcert by JBL, uma série especial com sistema de som da JBL. Será limitada a 50 unidades, por R$ 99.990 e a entrega acontecerá no 2º semestre, quando a marca iniciará a venda dos modelos 1.6 turbo e dirá quanto irá custar a versão Griffe sem o som especial.
Fotos: divulgação
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 16 válvulas, variador de fase no comando de admissão, 1.587 cm³, flex |
POTÊNCIA/TORQUE |
115/118 cv a 5.750 rpm / 16,1 kgfm a 4.000 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio automático de 6 marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | liga leve de 16" com pneus 205/60 R16 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e tambores na traseira com ABS e EDB |
PESO | 1.212 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.159 mm, largura 1.739 mm, altura 1.583 mm, entre-eixos 2.542 mm |
CAPACIDADES | tanque 55 litros; porta-malas 402 litros |
PREÇO | R$ 69.990 a R$ 89.990 |
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