Abaixo a ditadura! Ihhh, lá vem esse cara do Motor1.com falar de política... Não, calma, estamos falando de carro mesmo. E nosso protesto é contra a ditadura dos SUVs, que está matando outras categorias como minivans, peruas, hatches médios e agora começa a ameaçar até mesmo os sedãs. Se ameaça nossa possibilidade de escolha e nosso prazer ao dirigir, seremos resistência. Nada contra os SUVs, mas a Volvo mostra que eles não precisam necessariamente ocupar a concessionária inteira. Prova disso é o lançamento da nova V60 no Brasil, que será seguida pelo sedã S60 em 2019.
Que o SUV XC60 continuará a ser o carro-chefe da Volvo no país, não temos muita dúvida - a não ser que o compacto XC40 cresça mais ainda nas vendas do ano que vem. Mas as peruas são uma tradição da marca sueca (quem não se lembra da 850 Estate que corria no campeonato de turismo britânico nos anos 1990?), e então a V60 chega de mansinho, numa única versão, para marcar terreno. A filial brasileira não quer falar em carro de nicho, e diz que caso haja demanda é possível aumentar a quantidade de unidades importadas. Por enquanto, espera vender cerca de 150 unidades ao longo do próximo ano.
É pouco? Sim, mas esse número pode crescer se o consumidor pensar racionalmente. A V60 estreia por R$ 199.950 na versão Momentum T5 com motor 2.0 turbo de 254 cv, câmbio automático de 8 marchas e condução semi-autônoma de série. Agora feita sobre a plataforma SPA (sigla de Scalable Product Architecture), a mesma que sustenta o XC60 e o XC90, a perua ficou bem maior: ganhou 9,6 cm de entre-eixos e superou os 4,76 m de comprimento, com amplo espaço interno e um porta-malas de 529 litros - mais que os 505 litros da Audi A4 Avant e os 490 litros da Mercedes C300 Touring, as únicas rivais no Brasil. Comparando ao XC60 equivalente, também da versão T5 Momentum, optar pela V60 representa uma economia de R$ 55 mil.
Equipada com o mesmo powertrain do SUV e cerca de 200 kg mais leve, a perua foi um pouco mais ágil nos testes de desempenho e consumiu significativamente menos. O motor 2.0 turbinado gera 254 cv de potência e 35,7 kgfm de torque, e exibe um fôlego que o deixa entre os melhores da categoria. Destaca-se pelo funcionamento silencioso e suave, além da entrega de força linear em qualquer faixa de rotação - há uma "mesa" de torque máximo disponível de 1.500 a 4.800 rpm. Para chegar aos 100 km/h, a V60 levou apenas 7,4 segundos, enquanto a retomada de 80 a 120 km/h consumiu somente 4,4 segundos. A velocidade máxima, de acordo com a Volvo, é de 235 km/h.
Mas se a boa performance já era esperada pelo que tínhamos testado no próprio XC60, a melhor notícia veio nas medições de consumo, em especial na estrada: a V60 registrou 13,9 km/l de média, valendo-se do bom coeficiente aerodinâmico (Cx) de 0,29, e 8,4 km/l no circuito urbano. Esses valores foram obtidos com o uso do modo Eco de condução, um dos quatro oferecidos pela perua - afora o Eco, temos Dynamic, Comfort e Individual, que alteram a rotação de troca de marcha, resposta do acelerador e peso da direção.
Apesar de potente e rápida, a V60 é um convite a passear. Mesmo no modo dinâmico, a direção carece de comunicação com o motorista (embora seja ágil), e também não há borboletas no volante para as trocas manuais de marcha (coisa que a Volvo só oferece nas versões R-design). Já a suspensão agrada pela forma como concilia maciez com boa contenção dos movimentos da carroceria, proporcionando um rodar macio na cidade e confiante na estrada. Acertada também a escolha da Volvo pelos pneus de perfil intermediário (235/45) em rodas aro 18", que não sofrem muito em locais de má pavimentação como a capital paulista. Por outro lado, a suspensão é um pouco barulhenta e sensível nos buracos, não igualando o comportamento da A4 Avant neste aspecto.
Diferencial da V60 diante das rivais fica por conta do sistema de condução autônoma, que inclui piloto automático adaptativo (controla a velocidade e distância do carro à frente a até 130 km/h) e o Pilot Assist (que faz a direção acompanhar as faixas), além de um leitor de placas de velocidade. O recurso funciona com precisão e é capaz de realizar curvas de raio médio, bastando para isso que o condutor mantenha as mãos de leve no volante. Também há mimos como bancos dianteiros com ajustes elétricos, cluster digital configurável de 12,3" e multimídia Sensus com tela de 9" vertical. Faltam, no entanto, alguns itens presentes em carros mais baratos, como uma simples câmera de ré, chave presencial ou mesmo o teto- solar, não oferecidos nem como opcional.
Por fora, o design incorpora os mais recentes elementos de design da Volvo, como os faróis estreitos com o detalhe interno do "martelo de Thor" e as lanternas traseiras duplas, com uma parte horizontal e uma vertical que sobe pelas colunas. Mesmo por fora é possível notar que a V60 ficou mais "parruda", deixando de ser uma perua médio-compacta para se tornar uma médio-grande. E na cabine esse crescimento fica evidente, com grande espaço para as pernas no banco traseiro (exceto no lugar do meio, por conta do túnel elevado) e liberdade de movimentos para até quatro adultos de 1,85 metro. O porta-malas é um pouco raso com a cobertura (de correr) fechada, mas basta abri-la para ampliar a capacidade e ter a versatilidade que os sedãs não oferecem. Com o banco traseiro rebatido, o volume aumenta para 1.364 litros.
O desenho interno segue o dos demais Volvo, com poucos botões físicos. A maioria dos comandos fica na central multimídia, desde o ar-condicionado até o sistema start-stop e o leitor de placas. Já o sistema de som não é assinado por nenhuma marca famosa (costuma ser da Bowers & Wilkins nos Volvo mais caros), mas oferece conexões para celular (Apple CarPlay e Android Auto) e possui 10 auto-falantes de 170 W.
Para combinar, o acabamento faz jus ao termo "carro de luxo", com todas as peças ao redor dos ocupantes de toque macio ou revestidas de couro. Para os passageiros do banco de trás, as saídas de ar ficam estrategicamente posicionadas nas colunas, mais altas e eficientes que no console central. Outra sacada legal da Volvo foi oferecer quatro tipos de cor para o interior: o tradicional preto (como no carro testado), bege, caramelo ou marrom.
Pelo que vimos da nova V60 neste teste, no que depender da Volvo o mercado de peruas estará bem servido. Agora resta saber se o cliente abrirá mão dos SUVs da marca por ela...
Fotos: Mario Villaescusa/divulgação
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.969 cm3, turbo e injeção direta, gasolina |
POTÊNCIA/TORQUE |
254 cv a 5.500 rpm; 35,7 kgfm de 1.500 a 4.800 rpm |
TRANSMISSÃO | Automático de 8 marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO |
independente double wishbone na dianteira e multibraço na traseira |
RODAS E PNEUS | liga-leve aro 18" com pneus 235/45 R18 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira, com ABS e ESP |
PESO | 1.729 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.761 mm, largura 1.850 mm, altura 1.427 mm, entre-eixos 2.872 mm |
CAPACIDADES | porta-malas 529 litros, tanque 55 litros |
PREÇO | R$ 199.950 |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR | ||
---|---|---|
Volvo V60 T5 | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 3,6 s | |
0 a 80 km/h | 5,2 s | |
0 a 100 km/h | 7,4 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em S | 5,4 s | |
80 a 120 km/h em S | 4,4 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 36,6 m | |
80 km/h a 0 | 23,2 m | |
60 km/h a 0 | 13,1 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 8,4 km/l | |
Ciclo estrada | 13,9 km/l |
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