Ter um SUV é o sonho de muita gente. E se for de marca premium, então, aí a realização fica completa. Mas sabemos que o preço desse tipo de carro costuma ser inacessível para a maioria dos brasileiros. Por isso, sempre que chega uma versão, digamos, menos cara de um SUV premium ela costuma chamar a atenção. A bola da vez agora é o XC40, novo carro-chefe da Volvo no Brasil, que acaba de estrear o modelo T4 tabelado a R$ 169.950.
Na comparação com o T5, disponível nas versões Momentum e R-Design, o T4 é significativamente mais simples. Entre as diferenças principais, podemos citar a tração apenas dianteira (contra integral dos T5) e o motor 2.0 turbo em configuração menos potente. Com um turbo menor e limite de giros mais baixo, ele entrega 190 cv de potência e 30,6 kgfm de torque, contra 254 cv e 35,7 kgfm dos T5. Por fora, não há a opção de teto em cor diferente da carroceria e as rodas são aro 18", em vez de 19" da Momentum e 20" da R-Design. Faltam também os faróis de neblina de LED, só disponíveis na R-Design.
Internamente, o T4 mantém o belo painel com a central multimídia de 9" em formato de tablet em pé, além do quadro de instrumentos com tela TFT de 12,3" com quatro grafismos configuráveis. O sistema de infoentretenimento perde o GPS nativo (vendido nas concessionárias como acessório), mas mantém a conexão Apple CarPlay e Android Auto. Os falantes dianteiros continuam dentro das saídas de ar, mas são somente esses 3 no carro todo - enquanto o Momentum tem 8 falantes e o R-Design tem 13 e um subwoofer, além do sistema ser da Harman-Kardon. Assim, a qualidade sonora é bem reduzida, contrariando o que costuma ser uma das características da marca - lembra do recurso que simula a sala de concerto de Gotemburgo?
Gotemburgo, porém, segue representada no interior do XC40 na forma de um mapa da cidade que aparece em entalhes de borracha no painel central e nas laterais de porta. É uma sacada legal, mas também não deixa de ser uma licença poética, porque na verdade esse carro é feito em Ghent, na Bélgica. O acabamento perde alguns apliques em black piano, porém, segue com materiais de toque macio e alta qualidade percebida, incluindo as portas com feltro e o couro com aroma nobre nos bancos e volante. Para o motorista, continuam os ajustes elétricos do banco com duas memórias, enquanto o do passageiro passa a ser manual. Atrás, o espaço é bom para dois adultos e, ainda que o encosto seja um tanto vertical, a acomodação é boa mesmo em longos trajetos. Por fim, o porta-malas de 460 litros atende a contento uma família pequena. Só não espere por tampa elétrica nesta versão, assim como não há chave presencial para abertura das portas (somente para dar a partida no motor).
Concessões à parte, o XC40 continua um SUV vistoso e extremamente confortável mesmo nesta versão de entrada. O rodar macio e silencioso é favorecido pelas rodas menores, que ajudam a superar as trilhas que chamamos de asfalto, enquanto a posição elevada de guiar em conjunto com a direção leve e a trocas de marcha suaves tornam o dia a dia na cidade mais prazeroso. É um carro que não cansa mesmo no trânsito pesado da capital paulista. A visibilidade à frente é ampla e os retrovisores são excelentes, incluindo o interno, de tamanho generoso como costuma ser nos Volvo. Apenas a coluna traseira larga e o desenho da janela lateral prejudicam um pouco a visão em entradas de via, mas nada que chegue a comprometer.
Embora não tenha o sistema de modos de condução, como no R-Design, o T4 mantém o botão de condução econômica (na verdade uma função na tela da multimídia). Com ele acionado, o carro muda alguns parâmetros de aceleração, trocas de marcha e uso do compressor do ar-condicionado para gastar menos. Além disso, esta versão menos potente é mais leve, por ter tração apenas dianteira. O resultado foram médias de 8,8 km/l na cidade e 13 km/l na estrada, números positivos para um SUV de quase 1.650 kg e que representam melhora de 1 km/l, em ambas as condições, em relação ao que registramos com o T5.
Com a mesma transmissão automática de 8 marchas, o T4 não tem as borboletas no volante para trocas manuais (só no R-design), sendo que as mudanças podem ser feitas pelo motorista na própria alavanca com toques laterais. O câmbio agrada pela suavidade e rapidez nas trocas, além de ter funcionamento inteligente mantendo a marcha em subidas (para força) e descidas (para freio motor). Já o motor 2.0 turbo amansado ainda entrega desempenho pra ninguém botar defeito. Se as acelerações perdem um pouco de ímpeto (o clássico 0 a 100 km/h foi de 7,0 s do T5 para 9,0 s nesse T4), continua havendo fôlego de sobra para as ultrapassagens (a retomada de 80 a 120 km/h foi de 5,8 s, apenas 0,6 s a mais que a do T5).
Mesmo sem a tração integral e com rodas menores, o T4 mostra novamente que o XC40 é o SUV mais dinâmico que a Volvo já fez. Equilibrado, continua gostoso de dirigir em estradas sinuosas, com inclinação moderada da carroceria em curvas, e ótima aderência mesmo no piso molhado. Vale destacar que a marca sueca não retirou nenhum equipamento de segurança: estão lá os 7 airbags (incluindo um para os joelhos do motorista), frenagem automática de emergência na cidade, alerta de cansaço do motorista, sistema de manutenção de faixa de rodagem, ESP, Isofix e sistema de proteção de saída de estrada. Como acessório de R$ 5 mil, o XC40 T4 pode receber o Pilot Assist, o sistema de condução semi-autônoma até 130 km/h, que testamos (e aprovamos) no T5 R-Design. Interessante que o cliente poderá optar pelo recurso mesmo sem ser na hora da compra do carro, pois, segundo a Volvo, trata-se de um módulo que pode ser instalado a qualquer momento.
No geral, pouco incomodam as ausências do T4 no uso cotidiano, exceto por duas coisas bobas: câmera de ré e iluminação central da cabine - itens que meu sedã que custa metade do preço desse carro possui e que eu não gostaria de abrir mão ao chegar num tão desejado SUV premium. A questão é que a Volvo está olhando em sua volta e os rivais oferecerem menos. Vejamos: o líder de vendas da categoria, o Audi Q3, está prestes a ser substituído por uma nova geração (já mostrada na Europa) e vem com motor mais fraco, o 1.4 turbo de 150 cv. O Mercedes GLA também tem motor limitado (1.6 turbo de 156 cv) e está em vias de ser completamente atualizado, com a segunda geração já rodando em testes finais. Por fim, o BMW X1 é o que mais pode fazer frente ao XC40 (tem motor 2.0 turbo de 192 cv), mas custa pelo menos R$ 20 mil a mais.
Custo das revisões:
10 mil km |
20 mil km ou 1 ano |
30 mil km |
40 mil km ou 2 anos |
50 mil km |
60 mil km ou 3 anos |
150 mil km |
R$ 899 |
R$ 1.799 |
R$ 899 |
R$ 2.299 |
R$ 899 |
R$ 3.399 |
R$ 899 |
No fim do dia, o XC40 T4 pode ser encarado de duas maneiras: simples e pouco equipado quando comparado aos rivais indiretos de marca generalista, como o VW Tiguan R-Line ou o Chevrolet Equinox Premier; ou perfeitamente bem posicionado quando colocado lado a lado com os concorrentes diretos, os alemães. Tanto é que em poucos meses o XC40 já se tornou o modelo mais vendido da Volvo no país (335 unidades em julho). E a nova versão T4 deverá responder por metade desses compradores.
Fotos: divulgação
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.969 cm3, turbo e injeção direta, gasolina |
POTÊNCIA/TORQUE |
190 cv a 4.700 rpm; 30,6 kgfm de 1.300 a 4.000 rpm |
TRANSMISSÃO | automático de 8 marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO |
independente McPherson dianteira e multibraço na traseira |
RODAS E PNEUS | alumínio aro 18" com pneus 205/55 R16 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira, com ABS e ESP |
PESO | 1.648 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.426 mm, largura 1.863 mm, altura 1.652 mm, entre-eixos 2.702 mm |
CAPACIDADES | tanque 54 litros; porta-malas 460 litros |
PREÇOS | R$ 169.950 |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR | ||
---|---|---|
XC40 T4 | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 4,3 s | |
0 a 80 km/h | 6,3 s | |
0 a 100 km/h | 9,0 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em D | 6,5 s | |
80 a 120 km/h em D | 5,8 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 40,1 m | |
80 km/h a 0 | 26,2 m | |
60 km/h a 0 | 14,5 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 8,8 km/l | |
Ciclo estrada | 13,0 km/l |
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