Quando o primeiro CR-V chegou ao Brasil, em 2000, a Honda ainda não tinha nenhum SUV em nosso mercado. Era um cenário bem diferente do que enxerga agora a quinta geração, que está chegando às lojas neste fim de março. Feito sobre a plataforma do Civic, herda o maior porte e refinamento da décima geração do sedã, incluindo motor turbo e equipamentos inéditos. Se antes era a única alternativa SUV da Honda, desta vez é o carro de imagem da marca, se posicionando acima do HR-V na gama SUV da empresa. Não por acaso, estreia somente na versão Touring, top de linha, tabelada a R$ 179.900.
Como o Civic 10, o CR-V cresceu em todas as dimensões, incluindo 4 cm no entre-eixos e 3 cm na altura. Isso garantiu 5,3 cm a mais para os passageiros do banco de trás esticarem as pernas, além de um porta-malas de 522 litros. Fora isso, o CR-V passa a contar com piso plano quando o banco traseiro é rebatido, abrindo mais de 1,5 metro de espaço para carga sem nenhuma interferência. Ainda no quesito porta-malas, vale destacar a tampa traseira elétrica que pode ser aberta pelo controle remoto da chave, pelo botão na maçaneta ou simplesmente ao passar o pé sob o para-choque traseiro (com a chave no bolso). Um sensor na borracha lateral do vidro evita acidentes com as mãos, fazendo a tampa retornar ao menor contato.
Na cabine é notória a evolução em espaço e qualidade de materiais. O painel mistura superfícies emborrachadas com apliques brilhantes e outros de diferentes texturas (apenas a imitação de madeira pode gerar controvérsia, a meu ver). Os bancos estão maiores e mais confortáveis, sendo que os dianteiros vêm com ajustes elétricos. Quadro de instrumentos em tela TFT de 7" e volante são os mesmos do Civic, embora com recursos extras. No SUV você pode ver o quanto está sendo enviado de torque para as rodas pelo sistema 4WD, e também existe uma sugestão de pausa para um café caso o motorista pareça cansado. Outra novidade em relação ao Civic fica por conta do head-up display, que projeta informações como velocímetro e conta-giros numa telinha acima do painel.
De resto, temos a mesma central multimídia de 7" do Civic Touring, incluindo conexão Apple Carplay/Android Auto e câmeras lateral (sob o retrovisor direito) e de ré. Tomadas USB e HDMI estão no console central, que dispõe ainda de uma prateleira plástica que pode ser ajustada em três configurações. Há bastante espaço para pertences, celular, carteira e até mesmo tablet. Atrás, além do amplo espaço para três ocupantes, há mais duas portas USB e saídas exclusivas do ar-condicionado.
Sob o capô, enfim o CR-V abandona o antigo 2.0 aspirado em favor do novo 1.5 turbo com injeção direta usado no Civic. Mas há mudanças em relação ao sedã, como um novo turbo com menos pás (9 contra 11) e pressão de trabalho maior (1,3 contra 1,1 bar), além de taxa de compressão reduzida e um canal exclusivo para resfriar os pistões. O resultado é uma potência de 190 cv (16 cv a mais que o Civic) e um torque de 24,5 kgfm (ante 22,3 kgfm) numa faixa plana de 2 mil a 5 mil rpm. O câmbio é automático CVT com borboletas no volante para simulação de marchas, também como no sedã.
O sistema de tração Real Time AWD foi aprimorado com um novo mecanismo de controle eletrônico da bomba hidráulica do sistema multidiscos, o que garante até 40% mais torque para as rodas traseiras. Vale lembrar que, assim como antes, o sistema é todo automático, enviando força para o eixo traseiro de acordo com a necessidade.
Tivemos um breve contato com novo CR-V num trecho de cidade e autoestrada. Breve, mas o suficiente para notar o maior refinamento do SUV. Ele agora roda mais macio e silencioso, além de ter ficado mais dinâmico. A carroceria mais rígida e o uso de buchas hidráulicas nas suspensões deixaram o SUV mais suave no trato com o piso, colocando o conforto como ponto alto. Ruídos de vento e de rolagem são bem contidos, mas o motor ainda é bem ouvido na cabine em altas rotações, principalmente devido ao tipo de funcionamento do câmbio CVT. Você pisa com vontade no acelerador e ele trava o giro lá em cima.
Falando em motor, o CR-V finalmente deixou para trás o fraco desempenho. Se faltava torque ao 2.0 aspirado para empurrar o SUV, agora esse problema sumiu com a boa força em baixa do 1.5 turbo. Não chega a ser um "canhão" como o Equinox 2.0 turbo, obviamente, mas promete boa briga com o 3008 1.6 THP - só para situá-lo entre os dois principais rivais. Agora não há mais perda de pique nos aclives e as ultrapassagens ficaram bem mais fáceis. O CVT tem como vantagem manter o giro baixo na maioria das situações, ajudando no consumo, mas, assim como no Civic, deixa a condução um pouco monótona (mesmo contando com as borboletas no volante).
Apesar disso, e do bem-vindo apelo ao conforto (estamos num carro familiar), o CR-V também ficou mais gostoso de dirigir. A direção ficou mais direta e, apesar de bem leve, oferece bom controle em velocidade na estrada. A suspensão bem calibrada e as bitolas mais largas deixaram o SUV mais estável, enquanto o sistema de vetorização de torque traz o carro para dentro da tangente nas curvas, aumentando a agilidade em trechos sinuosos. A Honda também diz que os freios ficaram mais fortes, com discos maiores e servofreio elétrico no lugar do a vácuo. Todos os números serão aferidos num teste completo em breve.
Por enquanto, o que podemos dizer do CR-V é que ele realmente entra em outro patamar nesta quinta geração. Está maior e mais bonito (com design menos "carro de mamãe"), e também melhor de dirigir, mais espaçoso, mais equipado e com motor competente. Uma pena que a marca ainda não trouxe o pacote de auxílio à condução Honda Sense, que inclui piloto automático adaptativo, alerta de saída de faixa e frenagem automática, entre outros itens. A versão Touring tem como principais equipamentos os faróis full LED, o teto solar, os bancos dianteiros elétricos, as rodas aro 18", o controle de estabilidade com vetor de torque e os 6 airbags, além da fixação Isofix para cadeirinhas.
O preço, claro, acompanhou as evoluções do SUV, lembrando também que a versão anterior era EXL e a atual é a Touring, um nível acima. Por R$ 179.900, o novo CR-V é significativamente mais caro que os rivais diretos, Equinox Premier (R$ 155.900) e 3008 Griffe Pack (R$ 154.990), mas a Honda acredita que também pode roubar clientes das versões de entrada dos SUVs alemães, como Audi Q3. BMW X1 e Mercedes GLA, pelo maior pacote de equipamentos e custo de manutenção mais baixo.
Mas o real fator que faz a Honda cobrar mais é que haverão apenas 500 unidades do novo CR-V disponíveis para o mercado brasileiro ao longo de 2018. Fabricado nos EUA, o modelo é sucesso por lá e está com a capacidade de produção limitada para exportação. Ou seja, quem quiser ser um dos primeiros a rodar com o novo SUV da Honda por aqui terá de estar disposto a pagar mais por isso.
Fotos: Caio Mattos/Honda
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.498 cm³, turbo e injeção direta, gasolina |
POTÊNCIA/TORQUE |
190 cv a 5.600; Torque: 24,5 kgfm de 2.000 a 5.000 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio automático do tipo CVT; tração AWD automática |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e multilink na traseira |
RODAS E PNEUS | alumínio aro 18" com pneus 225/60 R18 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira, com ABS |
PESO | 1.593 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.587 mm, largura 1.854 mm, altura 1.689 mm, entre-eixos 2.659 mm |
CAPACIDADES | tanque 53 litros, porta-malas 522 litros |
PREÇO | R$ 179.900 |
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