Após fazer seu nome entre as big trails com a R1200 GS e a F800 GS, a BMW agora está de olho nos donos de Honda XRE e Yamaha Ténéré 250. Essa é a missão da nova G 310 GS, a primeira trail de baixa cilindrada da marca alemã, que chegou às lojas brasileiras no início de março por R$ 24.900. Embora seja significativamente mais cara que as rivais de marca generalista, a BMW acredita que os componentes mais sofisticados e o visual que remete às irmãs maiores servirá para equilibrar essa balança. Depois de um rápido test-ride de concessionária, agora passamos um dia rodando com a "baby GS" por trechos de cidade, estrada, terra e autoestrada. Será que ela justifica o preço premium?
A GS é a versão, digamos, aventureira da naked G 310 R. Ambas foram projetadas em parceria com a indiana TVS, compartilhando itens como motor, transmissão, parte elétrica e chassi, entre outros componentes. Para ostentar a famosa sigla GS, a pequena BMW recebeu novos pontos de solda no chassi, posição de pilotagem mais ereta e, claro, suspensões de maior curso. Na dianteira, ela usa garfos investidos de 41 mm de diâmetro com curso de 180 mm. Na traseira, traz balança de alumínio monoamortecida, também com 180 mm de curso, e ajuste de pré-carga da mola. As rodas são de liga-leve aro 19" na frente (contra 17" da R) e 17" atrás (mesma medida da naked).
O motor é o conhecido monocilíndrico de 313 cc arrefecido a líquido, com 4 válvulas e duplo comando no cabeçote (DOHC), que gera 34 cv de potência (9.500 rpm) e 2,85 kgfm de torque (7.500 rpm). O câmbio também é o mesmo da R, com 6 marchas, mas com a relação final ligeiramente encurtada. Os freios são a disco nas duas rodas (300 mm na frente e 240 mm atrás), com ABS de série. Interessante notar a presença de malhas de aço nos flexíveis dos freios, que evitam a dilatação dos tubos - item que não constam de muitas motos mais caras.
Se a R se destaca pelo acabamento, na GS essa virtude fica ainda mais evidente porque as carenagens e a pintura se assemelham bastante à R 1200 GS - uma característica que certamente vai atrair a clientela. O painel concentra todas as informações num pequeno cluster digital, mas é bem completo, trazendo indicador de marcha, relógio e computador de bordo com dados de consumo médio, instantâneo, autonomia e relógio, entre outros. O banco em dois níveis é bastante cômodo (a parte mais alta faz um pequeno suporte para as costas do piloto), enquanto a traseira é complementada por uma base metálica pronta para a instalação de baú, além de alças para o garupa. A lanterna é de LEDs com o mesmo formato da R, posicionada no suporte da placa.
Saímos da sede da BMW, no bairro do Morumbi (São Paulo), com destino à Fazenda Capoava, em Itú, pela instigante Estrada dos Romeiros. Apesar da altura do assento não ser das mais baixas (835 mm), o fato de a G 310 GS ser magra e leve (169,5 kg) me deixou bastante à vontade. Com 1,78 m, fiquei bem encaixado no desenho do tanque e me adaptei rapidamente à pilotagem dela. Os retrovisores são bons (mesmos da F800 GS) e os botões dos punhos, além de bem posicionados, transmitem qualidade.
No trecho urbano, a "GSinha" se mostrou bastante ágil e fácil para driblar o trânsito. O guidão é largo e esterça bastante, como esperado de uma trail, mas, para meu gosto, ele ficou baixo demais. Isso prejudica quando o corredor entre os carros aperta, pois fica bem na altura dos retrovisores da maioria dos veículos. Em compensação, a suspensão é nota 10, macia e confortável nos buracos e valetas. O motor entrega boa dose de torque nas saídas, fazendo a moto ganhar velocidade sem esforço, enquanto o câmbio tem engates suaves e próximos, sem dar trabalho.
Logo chegamos na Rodovia Castelo Branco, e aí o ânimo com a pequena BMW arrefeceu. Isso porque o motor logo começa a incomodar, primeiro pelo ruído e depois pela vibração. Uma boa velocidade de cruzeiro para a GS é de 100 km/h, com o motor a 6 mil giros em sexta marcha. Acima disso, o propulsor parece trabalhar forçado e as vibrações sobem pelos punhos e retrovisores (a imagem fica toda tremida). Claro que dá para forçar um pouco e manter os 120 km/h (7.000 rpm) ou até resolver conferir a máxima de 143 km/h (dado de fábrica), mas o fato é que a pequena bávara não se sente à vontade desta forma.
Outros pontos que deixam a desejar em viagens são a curta bolha para-brisa, incapaz de desviar o vento do piloto, e o tanque de combustível de somente 11 litros. Considerando o consumo médio de 26 km/l obtido na avaliação, será preciso parar para abastecer antes dos 300 km rodados. Além disso, os pneus de uso misto são um pouco ruidosos no asfalto, quando em velocidades de estrada.
Saindo para a Romeiros, o sorriso volta a aparecer embaixo do capacete. Embora a dianteira pareça um tanto macia, feita para absorção de impactos, a GS entra confiante nas curvas e o motor com bom torque ajuda a retomar a velocidade sem dramas. Além da boa estabilidade e grande capacidade de inclinação, neste trecho também gostei da atuação dos freios (bem dimensionados para o peso da G 310) e novamente do conforto ao superar obstáculos, permitindo que a gente praticamente "ignorasse" as lombadas do caminho.
De volta à autoestrada, logo pegamos uma estradinha de terra de 8 km até a Fazenda. Nada muito acidentado, mas o típico chão batido que encontramos Brasil afora. Quer saber? Ainda que a BMW considere a GS 310 uma trail urbana, foi na terra que ela se mostrou mais "em casa". Novamente agradou pelas suspensões, que digeriu bem os buracos e as "costelas de vaca", e pelo torque em baixa do motor monocilíndrico, que ajuda nas subidas e requer poucas reduções de marcha. Aproveitamos também para desativar o ABS (por meio de um botão no punho esquerdo), pois o travamento da roda é benéfico na terra, formando um montinho à frente do pneu que colabora no espaço de parada. Por falar em pneu, a banda de uso misto dos Metzeler faz a diferença em termos de aderência. A GS só não foi melhor nesta parte da avaliação porque o guidão baixo prejudica a pilotagem em pé.
Chegando à Capoava (não confunda com Capuava, que tem a pista de asfalto), foi hora de enfileirar as motos para fotos e abastecer o tanque - no caso, o dos pilotos. Com as três cores disponíveis lado a lado, reforcei minha opção pela preta com cinza, que é bonita e discreta. Já a vermelha também deve ter muitos fãs, pois é que mais lembra a GS 1200. Por fim, achei a branca tricolor a menos bacana, talvez pelo excesso da inscrição "BMW" no para-lama dianteiro, para além de todos os logotipos da marca e das siglas "GS" espalhadas pelas carenagens.
Após o almoço, retornamos pelos 8 km de terra até o asfalto, onde pegamos a Rodovia do Açúcar e depois a Bandeirantes para voltar à capital paulista. Como foi o trecho mais longo sem paradas, valeu para reforçar duas coisas: o conforto do banco, que não deixou meu traseiro "quadrado" mesmo após o dia ao guidão, e a necessidade de um para-brisa mais alto. Para o meu gosto, também procuraria um calço para elevar o guidão, como existe para algumas motos da BMW como acessório.
Oferecida em versão única, sempre com freios ABS, a GS 310 tem preço sugerido de R$ 24.900. É um valor compatível com o da principal rival, Kawasaki Versys X-300 (R$ 24.990 na versão ABS) e R$ 3 mil acima da 310 R (R$ 21.900). Mas há algumas considerações: a R já pode ser encontrada com desconto em algumas lojas, na faixa dos R$ 20 mil. Ou seja, com o tempo pode ser que o mesmo aconteça com a pequena GS, trazendo seu preço para mais competitivos R$ 23 mil. Seria algo importante levando-se em consideração que a Honda XRE 300 sai por R$ 17.990 na versão com ABS e a Yamaha Ténéré 250 custa R$ 16.390 (ABS não está disponível nem como opcional).
Se olharmos para cima, quem ameaça a BMW é novamente a Honda, mas agora com a CB 500X. Para contra-atacar a alemã, a marca japonesa posicionou sua trail bicilíndrica a R$ 25.900, com a vantagem do motor mais forte (50,4 cv e 4,5 kgfm) e tanque de 17,7 litros, características que a tornam mais indicada para viagens do que a GS 310. Vai do gosto do freguês.
Fotos: BMW para Motor1.com e autor
Ficha Técnica BMW G 310 GS |
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Motor | Um cilindro, 4 tempos, arrefecido a líquido, 4 válvulas, DOHC |
Capacidade cúbica | 313 cc |
Diâmetro X Curso | 80mm x 62,1mm |
Taxa de compressão | 10,6:1 |
Sistema de partida | Elétrica |
Bateria | 12V – 8 Ah |
Sistema de Ignição | Eletrônica |
Tipo de combustível | Gasolina |
Capacidade do tanque de combustível | 11 litros |
Alimentação | Injeção Eletrônica |
Torque máximo | 2,85 kgf.m a 7.500 rpm |
Potência máxima | 34 cv a 9.500 rpm |
Transmissão | 6 velocidades |
Embreagem | Multidisco em banho de óleo |
Transmissão final | Corrente |
Tipo de chassi | Estrutura tubular de aço com sub-chassi parafusado |
Pneu dianteiro | 110/80 R19 |
Pneu traseiro | 150/70 R17 |
Freio dianteiro | Disco simples de 300 mm com ABS |
Freio traseiro | Disco simples de 240 mm com ABS |
Comprimento total | 2.075 mm |
Altura total | 880 mm |
Altura do assento | 835 mm |
Trail | 98 mm |
Rake | 63,3º |
Peso em ordem de marcha | 169,5 kg |
Distância entre eixos | 1.420 mm |
Suspensão dianteira | Garfo telescópico invertido, tubos de 41 mm de diâmetro e 180 mm de curso |
Suspensão traseira | Balança de alumínio, um amortecedor c/ regulagem na pré-carga da mola, s/ link e 180 mm de curso |
Consumo (dados de fábrica) | 33,3 km/l |
Velocidade máxima (dado de fábrica) | 143 km/h |
Cores | Branca, vermelha ou preta |
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