Por conta de agenda, meu contato com o Equinox havia ficado restrito ao Campo de Provas da GM, em Indaiatuba (SP). Quando veio aqui para a redação no comparativo contra o Jeep Compass, eu estava em viagem. Nada melhor, então, que aquela "paradinha" de fim de ano para passar um tempo maior com o SUV médio da Chevrolet na "vida real". O SUV tem como destaque o motorzão 2.0 turbo de 4 cilindros usado na versão de entrada do Camaro nos EUA.
A GM mandou para nós a versão completa chamada Premier, que tem tração 4x4, banco do motorista com ajustes elétricos, tampa do porta-malas com abertura/fechamento elétrico, faróis de LED, rodas aro 19" e um enorme teto-solar panorâmico, além dos assistentes de condução como alerta de ponto cego, aviso de proximidade do carro à frente e sistema de manutenção de faixa de rodagem. Importado do México, este modelo estreou em outubro do ano passado por R$ 149.900, mas agora em janeiro já aumentou para R$ 155.990.
Pelo que o mercado oferece, o Equinox entrega muito. Confesso não ser muito fã de SUVs, mas, se for para ter um deles, que ao menos seja utilitário e esportivo - duas coisas em que o modelo da GM não decepciona. A parte utilitária é light, verdade, mas atende a quem não procura grandes aventuras (já falo sobre isso). E a parte esportiva, bem, os 7,6 segundos que ele levou de 0 a 100 km/h em nosso teste já dizem muito sobre o que o Equinox é capaz de fazer.
Em 2017 me tornei pai pela primeira vez e, acredite, aquele hatch que você tem na garagem passa a não servir mais da noite para o dia. Coloque o carrinho de bebê no porta-malas e você não conseguirá levar mais quase nada. Um SUV é uma boa solução para isso, pois em geral é espaçoso e sua altura permite colocar o bebê na cabine sem forçar as costas. O Equinox tem espaço de sobra no banco traseiro, de modo que você acomoda a cadeirinha infantil (no Isofix, claro) e ainda sobra lugar para dois adultos. Como minha avó e meu tio vieram do Rio de Janeiro passar as festas de fim de ano com a gente, ter o SUV da GM neste período caiu como uma luva. Só esperava um pouco mais do porta-malas: o compartimento é raso e, com o bagagito fechado (a tampa é de correr), fica limitado a 468 litros. Menor que o do sedã que agora tenho em casa.
Outros defeitos? O Equinox esterça muito pouco. Ele não é tão grande quanto seu visual alongado sugere (são 4,65 m de comprimento), mas manobrá-lo em garagens e estacionamentos de shopping dá trabalho. Você tem que manobrar mais que o de costume, o que incomoda e leva os outros motoristas a crer que você é "braço duro". O sistema de estacionamento automático está lá, mas não é fácil ele identificar uma vaga adequada - geralmente encontra vagas grandes em que é muito fácil você mesmo manobrar. Para completar, duas chatices: o start-stop não pode ser desligado (como no Cruze) e o sensor de estacionamento não apita; em vez disso treme o banco do motorista.
O consumo de combustível também não é para inciantes na arte de ter carro com "motor de verdade". O 2.0 Ecotec segue a tendência do downsizing (um 4 cilindros turbo no lugar de um V6 aspirado, como era no antecessor Captiva), mas, no trânsito pesado, a média de gasolina (ele não é flex) ficou em torno de 5 a 6 km/l. Com o tráfego mais suave da capital paulista na semana entre Natal e Ano Novo, deu para beliscar uns 7 km/l de média. Na estrada, consegui média de 12,3 km/l rodando a 120 km/h (quando o motor sussurra a 1.750 rpm em nona marcha), mas é difícil não se empolgar com o acelerador.
O mais legal do Equinox é ser um carro de família, espaçoso e macio, que anda muito mais do que os outros motoristas esperam. São 262 cv de potência e 37 kgfm de torque perfeitamente gerenciados pelo câmbio automático de 9 marchas, sempre esperto e suave nas trocas - peca somente nas trocas manuais, feitas por um nada prático botão no topo da alavanca. Basta uma pisada mais decida no acelerador para que o SUV dispare com uma vontade que não se vê em modelos de sua classe e preço. E como o motor é muito silencioso, só percebemos que estamos rápido porque ouvimos o ruído do vento contra a carroceria. A máxima é de 211 km/h (reais), limitada eletronicamente.
Óbvio que, por seu ajuste de suspensão e altura do solo, o Equinox não é dado a curvas radicais - ele inclina mais acentuadamente que um sedã ou perua, como esperado. Mas até que se mantém bem sob controle em velocidades elevadas, apesar da direção leve. Recurso interessante é que a tração 4x4 pode ser usada no asfalto, priorizando a estabilidade e a aderência, algo especialmente útil em dias de chuva. Viaja-se tranquilamente em velocidades germânicas, caso fossem permitidas por aqui.
E o lado utilitário? Bem, cai numa estradinha de terra na região de Itu e resolvi ver onde ia dar. Detalhe: havia chovido bastante no dia anterior. Logo o que era terra batida foi virando uma festa de buracos com lama. Gostei da suspensão, que manteve a maciez mesmo nos solavancos mais fortes, e da força do motor, que praticamente dispensa a caixa de transferência com reduzida (não oferecida no modelo) nas subidas íngremes, com o modo "L" do câmbio acionado. Só precisei ligar o 4x4 (por um botão no console) quando pintou uma ladeira enlameada, lisa o suficiente para fazer uma Ford Courier ficar patinando sem sair do lugar. Apesar de "sambar" um pouco, por causa dos pneus para o asfalto, o Equinox foi embora. Depois dei meia volta e desci para testar o controle de descidas - novamente sem problemas. É preciso tomar cuidado apenas com a baixa altura do solo (160 mm), que faz o fundo do SUV raspar em algumas ocasiões.
Passado o Natal, entreguei o Equinox para nosso diretor geral Fábio Trindade fazer uma viagem para a praia. E logo fiquei com saudades. Nesta faixa dos R$ 150 mil, o novo Chevrolet seria meu escolhido entre os SUVs. Mesmo sem a pegada "off-road" do Compass, prefiro sua condução suave - e o motorzão do Camaro, claro! (Daniel Messeder)
Tão legal quanto testar carros por trabalho é testar um carro conciliando lazer. Pegar uma estrada, trechos de serra e diferentes tipos de asfalto revelam praticamente tudo sobre o automóvel. Família a bordo, porta-malas e tanque cheios e GPS configurado para Cananéia, litoral sul de São Paulo. Viagem de pouco mais de 200 quilômetros partindo da capital paulista.
Mesmo sendo um carro grande, na rodovia o Equinox oferece quase a mesma sensação de um carro menor. É muito rápido, as retomadas para ultrapassagem são certeiras e o câmbio você até esquece. Senti falta das borboletas no volante para reduzir e encher o motor mais rápido, mas o quick-down no acelerador resolve. Somente nas curvas o Equinox te avisa que é um carro grande, pois a inclinação da carroceria lembra você de pegar mais leve. Mesmo assim, a estabilidade é muito boa e o SUV convida a usar o pedal do acelerador com vontade.
Ao volante, tive a mesma sensação de dirigir carros maiores, como o irmão Suburban que testei nos Estados Unidos. O rodar é silencioso, a direção tem peso ideal e o espaço para pernas do motorista e de todos os passageiros é bem generoso. Oportunidade também para testar os alertas de segurança passiva. Achei o assistente de permanência na faixa pouco atuante, esperava uma correção melhor da rota, mas a tremida no assento é muito eficiente (sim, o banco treme para ajudar no alerta). O assistente de iminência de colisão é legal, pois quando o Equinox detecta uma desacelaração à frente e você não mostra nenhuma reação, o alerta te deixa esperto, embora melhor seria se tivesse a frenagem de emergência. Na Rodovia Régis Bittencourt, cheia de caminhões, foi um recurso útil.
Na cidade litorânea, aproveitei para testar o assistente de estacionamento, que comigo funcionou legal. Também é bacana o sensor de estacionamento com o recurso de tráfego cruzado, que faz uma leitura de 180 graus e avisa, também vibrando o banco, caso algum carro esteja no ponto cego durante a ré.
Comigo, a média de consumo na estrada oscilou entre 11 e 12 km/l, pegando leve. Na cidade, naquele clima de praia e andando tranquilamente, a média ficou em 7,5 km/l.
Durante o passeio, muitos me perguntaram se o Equinox já estava sendo vendido no Brasil para logo em seguida engatar: ele tem mesmo o motor do Camaro? Sempre ficava alguns minutos explicando o motor, o câmbio de nove marchas, os principais itens de série e que ele chegou para suceder o Captiva. (Fábio Trindade)
Fotos: autores e arquivo Motor1.com
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.998 cm3, turbo e injeção direta, duplo comando variável na admissão e escape, gasolina |
POTÊNCIA/TORQUE | 262 cv a 5.500 rpm / 37,0 kgfm a 4.500 rpm |
TRANSMISSÃO | automática de 9 marchas; tração dianteira ou 4x4 acionada por botão |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e multibraços na traseira |
RODAS E PNEUS | alumínio aro 19" com pneus 235/50 R19 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira com ABS e EBD |
PESO | 1.693 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.652 mm, largura 1.843 mm, altura 1.695 mm, entre-eixos 2.725 mm |
CAPACIDADES | tanque 59 litros; porta-malas 468 litros (670 litros até o teto) |
PREÇO | R$ 155.990 |
MEDIÇÕES MOTOR1.COM | ||
---|---|---|
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 4,0 s | |
0 a 80 km/h | 5,7 s | |
0 a 100 km/h | 7,6 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em D | 5,9 s | |
80 a 120 km/h em D | 5,5 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 41,0 m | |
80 km/h a 0 | 25,5 m | |
60 km/h a 0 | 14,3 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 7,0 km/l | |
Ciclo estrada | 12,3 km/l |
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