Talvez nem o mais otimista dos marketeiros da FCA imaginasse que o Compass seria o carro-chefe da marca Jeep no Brasil, lugar que todos consideravam do Renegade pelo preço inferior. Mas a verdade é que o Compass pegou em cheio dois tipos de consumidores: aqueles que viram na versão Sport, de entrada, uma opção mais interessante que os SUVs compactos topo de linha; e também os clientes que vieram de modelos mais caros, importados, atraídos pelo motor a diesel e elevado nível de equipamentos a um preço mais acessível - tanto de compra quanto de manutenção.
Pois a Jeep aproveita a boa acolhida do seu SUV médio (que por vezes vende mais que o líder dos SUVs compactos) e aplica mudanças pontuais para a linha 2018. As versões com motor 2.0 Tigershark Flex recebem sistema stop/start, para reduzir o consumo na cidade. A Sport ganha uma central multimídia melhor, de 7" (contra 5" da antiga), e ar digital de duas zonas. Já a intermediária Longitude passa a vir com bancos de couro como item de série.
Nos modelos a diesel, a novidade fica por conta da inédita versão Limited 4x4, inspirada na Limited Flex que é uma das mais vendidas do Compass. Este é o carro que avaliamos agora.
A versão mais completa do Compass a diesel até então era a Trailhawk, voltada ao uso off-road. A nova Limited une o motor a diesel e a tração 4x4 com um visual mais urbano e sofisticado, com destaque para as rodas aro 18" (de série) ou 19" opcionais (contra 17" do modelo "trilheiro", que ainda tem a suspensão 2 cm mais elevada).
Com o mesmo nível de equipamentos da Trailhawk, ela vem de série com faróis de xenônio e alerta de pontos cegos (visual e sonoro), além da multimídia Uconnect de 8,4", que enfim ganhou conexão Apple Car Play e Android Auto. Os bancos de couro podem ser na cor preta, caramelo ou na nova opção cinza. Como opcional, o Limited pode receber o pacote High Tech, que traz controle de velocidade adaptativo (ACC), alerta de evasão de faixa, faróis com facho alto automático e alerta de colisão frontal com frenagem automática. Também adiciona o Park Assist, sistema de estacionamento semi-autônomo para vagas paralelas e perpendiculares.
O motor é o conhecido 2.0 turbodiesel compartilhado com o Renegade e a Fiat Toro, que rende 170 cv de potência e 35,7 kgfm de torque, acoplado ao câmbio automático de 9 marchas com tração 4x4 - que pode ser bloqueada (50% para cada eixo) ou ainda ajustada em cinco modos de condução: normal, neve (pisos escorregadios), areia ou lama. Também há a função reduzida (Low) e o controle de descidas (HDC).
Pouca coisa muda do Compass Trailhawk que testamos no fim do ano passado para este Limited. A principal diferença fica por conta das rodas aro 19" que equipavam o modelo avaliado, com pneus 235/45 R19. Quer saber? Eu não pagaria por este opcional. Além de deixar o carro um pouco mais sensível aos buracos urbanos, é um perfil muito baixo para um 4x4, que vai exigir cuidado extra em estradas de terra, principalmente se houver pedras. As rodas aro 18" que vêm de série já são grandes o suficiente.
O desempenho nas saídas é bom (0 a 100 km/h em 11,5 segundos no teste do Trailhawk), mas o que se destaca é a força nas retomadas, mesmo em aclives. O motor a diesel tem funcionamento suave e, exceto em marcha lenta, silencioso. Com os vidros fechados, mal se percebe as "castanholas" sob o capô. Já o câmbio de 9 marchas tem mudanças suaves na maioria das situações, além de deixar o giro baixo em velocidades de viagem - em nona marcha a 120 km/h, são menos de 2 mil rpm. Também conta com mudanças manuais por borboletas no volante.
Em relação ao Trailhawk, o consumo foi um pouco melhor, devido ao arrasto aerodinâmico menor (são 2 cm a menos de vão livre). Registramos médias de 9,3 km/l na cidade (contra 9 km/l) e 15,0 km/l na estrada (contra 13,6 km/l). Já com relação à dirigibilidade, a carroceria inclina um pouco menos nas curvas e a direção tem um pouco mais de peso, por conta dos pneus mais largos. No geral, é um SUV bom de dirigir no trânsito urbano (tem porte de hatch médio, embora pareça mais) e especialmente agradável na estrada.
Optar por esta nova versão Limited ou pela Trailhawk é simplesmente uma questão de gosto, pois a diferença entre elas é de exatamente R$ 1 mil - R$ 160.990 contra R$ 161.990 do modelo mais off-road. Como quem compra esse tipo de carro está mais interessado na economia e autonomia do diesel do que na valentia fora-de-estrada, creio que a Limited terá até mais mercado.
A questão é que, para equipá-la ao nível da unidade avaliada, será preciso desembolsar R$ 15.050 pelo pacote high-tech, que estranhamente adiciona as rodas aro 19", embora elas não tenham nada de "tecnológicas". Outro item opcional é o teto-solar panorâmico, que adiciona mais R$ 7.760 na conta. Ou seja, aí o valor total vai para R$ 183.800, o que acaba ficando salgado para a proposta de bom custo-benefício que tanto deu certo no Compass até agora.
Fotos: Paulo Henrique
MOTOR | dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, 1.956 cm3, turbo e intercooler, diesel |
POTÊNCIA/TORQUE | 170 cv a 3.750 rpm / 35,7 kgfm a 1.750 rpm |
TRANSMISSÃO | automática de 9 marchas, sendo a 1a reduzida; tração 4x4 |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e na traseira |
RODAS E PNEUS | alumínio aro 19″ com pneus 235/45 R19 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira com ABS e ESP |
PESO | 1.700 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.416 mm, largura 1.819 mm, altura 1.645 mm, entre-eixos 2.636 mm |
PORTA-MALAS | 410 litros |
PREÇO | R$ 160.990 |
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