A Chevrolet não é líder do mercado brasileiro à toa. Primeiro lugar entre os hatches e sedãs compactos, com Onix e Prisma, respectivamente, a marca sabe que a sua picape média, a S10, está atrás da rival Toyota Hilux desde novembro de 2015. Mas a aposta para roubar a ponta da Hilux está aqui na linha 2018: é a nova versão com motor flex e câmbio automático, combinação inédita na gama.
A S10 pode bater no peito e dizer que tem o motor flex mais moderno e potente das picapes médias. O 2.5 litros de 4 cilindros tem injeção direta de combustível, construção em alumínio e duplo comando de válvulas com variador na admissão e escape. Rende 197/206 cv de potência e 26,3/27,3 kgfm de torque, até a linha 2017 transferidos ao chão por um câmbio manual de 6 marchas.
Segundo Hermann Mahnke, diretor de Marketing da GM Mercosul, os públicos das picapes médias flex e turbodiesel são diferentes. Enquanto um mora no campo e precisa da autonomia e força do motor diesel, o outro mora na cidade, usa a picape em terrenos menos irregulares e precisa da versatilidade da caçamba. A questão é que, até então, apenas a Hilux oferecia o câmbio automático ligado ao propulsor flexível e, com isso, atraiu clientes que seriam preciosos para os números da S10.
Na prateleira, estava o câmbio automático da versão a diesel. A caixa de 6 marchas suporta a tração 4x4 e tem respostas rápidas, além de ser robusta ao integrar todo seu sistema eletrônico dentro do corpo, protegido de água e umidade. As relações foram reescalonadas para atender à nova demanda, mas continua com força nas marchas iniciais e baixas rotações nas finais, para economia de combustível, principalmente na estrada.
A engenharia também trabalhou na parte de coxins do motor, câmbio e carroceria. Mais robustos, filtram melhor a vibração do conjunto mecânico e a movimentação da carroceria no chassi, mais firme e controlada que na versão 2017. O mesmo deve acontecer nas versões diesel, que serão lançadas na linha 2018 em breve.
Fomos até o Campo de Provas da Cruz Alta, em Indaiatuba (SP), para conhecer a nova S10 Flex automática. Na pista D1, com cerca de 5 km de extensão e diversos tipos de asfalto, inclinações e curvas, a picape foi colocada em situações de cidade e estrada.
Com o câmbio manual, a S10 2.5 mostrava desempenho muito bom. Para a versão automática, a Chevrolet calibrou o acelerador para responder imediatamente, melhorando ainda mais a sensação de controle sobre a aceleração e torque da picape. Com as trocas rápidas de marchas (que a marca diz se igualar a um câmbio de dupla embreagem), o aproveitamento do 2.5 é ampliado. Apenas em subidas mais íngremes a redução de marchas se faz necessária, para levar os 1.900 kg da picape - rodamos com a versão LTZ com tração 4x4, a mais pesada. Não há milagre, já que não há um turbo soprando ou os 51 kgfm de torque da versão diesel.
Em nossos testes instrumentados, porém, a nova versão da S10 não ficou devendo para a turbodiesel, com quase o dobro de torque. Foi melhor na aceleração de 0 a 60 km/h (3,8 s contra 4,3 s) e de 0 a 80 km/h (5,9 s contra 6,8 s), revelando ser mais rápida na cidade, mas ficou atrás até os 100 km/h, registrando 11,8 s versus 10,2 s da diesel. Na hora de parar, a picape flex precisou de 42 m para estancar vindo dos 100 km/h, uma marca de respeito. E não "fumou" os freios, diferentemente da turbodiesel em nosso teste anterior. Não testamos o consumo por estarmos em pista fechada, mas o Inmetro fala em 5,3 km/l na cidade e 6,4 km/l na estrada, sempre com etanol (7,9 e 9,4 km/l com gasolina, na ordem). Verificaremos isso em breve.
Na terra, mesmo com menos força que a diesel, a S10 2.5 tem torque suficiente para sair de alguns atoleiros (não tão pesados), contando inclusive com a ajuda da reduzida. A tração 4x4 está disponível nas duas versões, assim como na sua principal concorrente na categoria, a Toyota Hilux.
A tabela de preços da S10 2.5 Flex automática, com seus principais equipamentos, é a seguinte:
Os preços são competitivos diante da Hilux flex, principalmente se levarmos em conta que o motor da Chevrolet é mais moderno e potente. Peca, porém, pela falta do controle de tração e estabilidade na versão LT.
A diferença nas vendas entre as picapes da Chevrolet e da Toyota, até março, era de 1.528 unidades no acumulado. Ou seja, a GM tem nove meses para fazer a S10 vender 170 unidades/mês a mais que a Hilux para recuperar a liderança. Será que vai conseguir?
Fotos: divulgação
MOTOR | dianteiro, longitudinal, quatro cilindros, 16 válvulas, 2.457 cm3, duplo comando com variação, injeção direta, flex |
POTÊNCIA/TORQUE |
197 cv a 6.300 rpm (gasolina) e 206 cv a 6.000 rpm (etanol) / 26,3/27,3 kgfm a 4.400 rpm |
TRANSMISSÃO | automática de 6 marchas; tração 4x4 com reduzida |
SUSPENSÃO | independente de braço duplo na dianteira e semi-independente com feixas de molas e eixo rígido na traseira |
RODAS E PNEUS | alumínio de aro 18" com pneus 265/60 R18 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e tambor na traseira com ABS e EBD |
PESO | 1.934 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 5.361 mm, largura 1.874 mm, altura 1.831 mm, entre-eixos 3.096 mm |
CAPACIDADES | tanque 76 litros; capacidade de carga 816 kg |
PREÇO | R$ 129.990 |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR | ||
---|---|---|
Chevrolet S10 2.5 flex AT | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 3,8 s | |
0 a 80 km/h | 5,9 s | |
0 a 100 km/h | 11,8 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em D | 9,2 s | |
80 a 120 km/h em D | 9,0 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 42,0 m | |
80 km/h a 0 | 26,0 m | |
60 km/h a 0 | 14,8 m | |
Consumo (INMETRO) | ||
Ciclo cidade | 5,3 km/l | |
Ciclo estrada | 6,4 km/l |
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