Em 2014, a Citroën virou a chave na Europa. O C4 Cactus se converteu rapidamente num êxito de vendas graças a uma fisionomia verdadeiramente diferente e preços muito ajustados - no Velho Continente, é claro. Agora a marca francesa parece apostar nesta linha estética para seguir triunfando. Deste modo, surge o novíssimo C3 2017, que colocamos à prova na versão Puretech 110 a gasolina.
Antes de continuar, porém, um aviso: a Citroën do Brasil já se apressou em dizer que esta nova geração do compacto não será vendida por aqui. Difícil de entender tal estratégia, uma vez que o C3 é o carro-chefe da marca no país, mas a explicação é a mesma de sempre, "a conta não fecha". Talvez a PSA esperasse melhor resultado comercial do Peugeot 208 brasileiro e por isso tenha decidido não investir mais nos compactos. Uma pena, pois o novo C3 colheu muitos comentários positivos enquanto esteve com nossos colegas do Motor1 Espanha.
Ainda que gosto seja uma coisa muito pessoal, poucos podem negar que o novo C3 ficou atrativo e faz cravar os olhares em si. Sua imagem moderna, com os famosos Airbmps nas portas nesta versão Shine avaliada, é claramente francesa. O design frontal da marca, assim como as lanternas traseiras com efeito tridimensional, completam um conjunto tão atraente quanto inovador.
Por dentro, ele mantém essa sensação de imagem "descolada". O painel é formado, majoritariamente, por materiais de tato rígido, mas com bom aspecto e peças perfeitamente montadas. A central multimídia de 7" agrega todos os parâmetros disponíveis, incluindo o ar-condicionado.
Supreendentemente, o quadro de instrumentos tem desenho clássico, formado por duas esferas analógicas e um display central, que mostra os dados do computador de bordo. A parte mais vanguardista é representada pela ConnectedCam (item opcional), uma câmera de alta definição que pode tirar fotos ou gravar vídeos de até 20 segundos, pressionando-se um botão no retrovisor central.
Em caso de acidente, este dispositivo guarda os 30 segundos prévios e os 60 posteriores ao ocorrido, como possível argumento de defesa frente ao culpado. A memória interna da câmera é de 16 gigas, enquanto o ângulo de visão chega a 120 graus.
Na cabine, a ampla regulagem de profundidade do volante facilita encontrar a postura de condução desejada. No banco traseiro, porém, a altura disponível limita seu uso a adultos de média estatura. Ao menos o desenho inteligente do painel na porção direita permite adiantar bastante o banco do passageiro, de modo que se ganham uns valiosos centímetros para as pernas de quem viaja atrás. Além disso, o lugar do quinto ocupante é mais cômodo que o habitual, pois nem o assento nem o encosto ficam sobrelevados.
Por último, o porta-malas abriga 300 litros, uma cifra elogiável. Caso se rebata o assento traseiro, porém, não fica uma superfície plana. Para resolver um possível pneu furado, há um kit de reparos. Pagando um extra de 120 euros, pode-se acoplar um estepe com tamanho menor que as rodas de serviço: 185/65 R15 frente a 205/50 R17.
Em termos dinâmicos, surpreende a comodidade com que o hatch viaja em seus comandos. Tal é o conforto de rodagem que o novo C3 relembra os Citroën de épocas passadas, capazes de absorver de forma magistral cada uma das irregularidades do piso.
Esta qualidade não chega a atrapalhar a estabilidade geral do modelo. Logicamente, a carroceria oscila de forma sensível em desvios rápidos ou ao passar por emendas de pontes, mas o C3 brinda uma nobreza suficiente em todos os tipos de cenários. Em resumo, ele satisfaz mais na cidade e em autoestradas com curvas abertas, onde os quilômetros passam sem que o cansaço chegue ao condutor.
A direção tem caráter marcadamente urbano, pois é bastante assistida e não informa com precisão o contato dos pneus com o solo. Os bancos dianteiros também foram mais pensados para uso urbano, pois podem ficar numa posição elevada e têm apenas leves abas laterais, para evitar que o corpo escorregue nas curvas.
No plano mecânico, o motor 1.2 litros turbo Puretech a gasolina de 110 cv pode ser elogiado em diversos aspectos. Graças ao seu bom rendimento desde rotações iniciais (o torque de 20,9 kgfm é entregue logo a 1.500 rpm), o C3 pode cair na estrada oferecendo um bom nível de desempenho. Como indica o fabricante, esta versão acelera de 0 a 100 km/h em 9,3 segundos. Ademais, o ruído mecânico é bastante baixo em uso normal.
A arquitetura tricilíndrica do motor só se apresenta em trajetos urbanos, principalmente nas saídas, uma vez que, em velocidade de cruzeiro, não notamos nenhum tipo de vibração incômoda. Este propulsor se associa a um câmbio manual de 5 marchas, com relações perfeitamente escalonadas, mas ainda assim achamos que falta uma sexta marcha.
Mesclando mais trajetos rodoviários do que urbanos, o consumo do novo C3 1.2 turbo ficou em 15,6 km/l durante nossa avaliação. Como detalhe a melhorar, o acionamento do pedal da embreagem nos pareceu algo duro, o que compromete o conforto principalmente em condução urbana.
Como conclusão, o novo C3 tem tudo para se tornar um dos compactos da moda nos próximos meses. No caso da unidade avaliada, a Puretech 110 Shine, ela custa 18.550 euros (o equivalente a pouco mais de R$ 60 mil, sem contar os impostos que teria aqui), o que nos parece um pouco elevado mesmo para os padrões europeus. E acaba por fazer valer o argumento da Citroën local ao dizer que ele ficaria caro demais no Brasil.
CITROËN C3 2017 PURETECH 110 S&S
RECOMENDADO PARA VOCÊ
CItroen C3 Live tem R$ 7.000 de desconto no preço
Fiat Mobi alcança 600 mil unidades produzidas em quase 9 anos de mercado
Teste Citroën C3 You! T200: Crise de identidade
VW revela novo Tiguan 2025 nos EUA e adianta SUV que pode vir ao Brasil
Primeiras impressões Citroën C3 You: sobra potência, falta esportividade
Quer apostar? Híbridos vão depreciar mais que elétricos daqui a 10 anos
Novo Citroën C3 turbo: preço de lançamento vale apenas via internet