A Ford Europa era um sucesso não muito tempo atrás, fabricando carros que os clientes adoravam em grandes números. Nas últimas duas décadas, decidiu encerrar a produção de vários dos seus carros mais icônicos, principalmente o Mondeo e o Fiesta, para se concentrar em SUVs e veículos elétricos. Alguns deles, diga-se, em acordo com a VW, numa parceria que lembra muito os tempos da Autolatina no Brasil.
Foi uma aposta que não valeu a pena. A Ford anunciou hoje que está cortando 4.000 empregos em toda a Europa, principalmente no Reino Unido e na Alemanha, números que representam cerca de 14% de sua força de trabalho na região. As demissões serão concluídas até 2027.
Novo Ford Capri 2025
Volkswagen ID.5
Em comunicado à imprensa, a Ford disse que
"nossa preocupação é a saúde do negócio de veículos de passageiros na Europa, onde a empresa sofreu perdas significativas nos últimos anos e onde a mudança do setor para veículos eletrificados e a nova concorrência tem sido altamente perturbadora".
É verdade que há muitas questões jogando contra as montadoras na Europa, com regulamentações rígidas de emissões para carros de combustão interna, incerteza regulatória, demanda menor do que a esperada por veículos elétricos e o aumento perturbador das importações chinesas.
Mas também é verdade que a Ford simplesmente encerrou a produção de modelos populares. A Reuters informa que, embora tenha havido uma queda de 6,1% nas vendas de carros novos na Europa até setembro, as vendas da Ford caíram 17,9%. Sem produtos básicos como o Fiesta e, em breve, o Focus, a Ford inevitavelmente sofrerá.
Ainda assim, a Ford é rápida em colocar a culpa em outro lugar, pelo menos publicamente. Conforme apontado em seu comunicado à imprensa, o Chefe de Operações Financeiras da empresa, John Lawler, escreveu recentemente uma carta ao governo alemão dizendo que "o que nos falta na Europa e na Alemanha é uma agenda política clara e inequívoca para promover a mobilidade elétrica, como investimentos públicos em infraestrutura de recarga, incentivos significativos para ajudar os consumidores a fazer a mudança para veículos eletrificados, melhorando a competitividade de custos para os fabricantes e maior flexibilidade no cumprimento das metas de conformidade de CO2".
Isso pode ser verdade e a Alemanha acabou com os incentivos para veículos elétricos este ano, mas com o declínio da Ford superando nitidamente o resto do setor, seus problemas não podem ser apenas externos.
Ford Focus não deve ter sucessor
A Ford também cortará as metas de produção de seus mais novos elétricos europeus, o Capri e o Explorer, ambos construídos sobre a plataforma MEB da Volkswagen. Em breve, a marca americana também terá uma versão elétrica do Puma, baseado no Fiesta. Mas será que isso será suficiente para estancar a sangria?
Ford Ranger Black 2025
Desde o fim da fabricação em 2021 dos modelos nacionais da Ford em Camaçari, na Bahia, a marca vem trabalhando com uma operação bem mais enxuta no Brasil. E seus resultados são bem positivos desde então.
As vendas da Ranger, fabricada na Argentina, tiveram um boom de vendas graças a produção da nova geração do modelo em toda a América do Sul. Até 2025, 70.000 unidades da Ranger estão planejadas para serem produzidas, 15% a mais do que em 2024 e 28% a mais do que em 2023 (o ano de lançamento dessa nova geração). Além disso, 160 novos empregos diretos serão criados em Pacheco (ARG). No acumulado do ano, a Ranger continua sendo a segunda picape média mais vendida na Argentina e no Brasil, onde só é superada pela Toyota Hilux.
Além da picape, o lineup da Ford no país agora com os SUVs Territory, Bronco Sport e Mustang Mach-E, as picapes Maverick, a já citada Ranger e a full-size F-150, o esportivo Mustang e o furgão Transit, vendido pela divisão Ford Pro.
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