A Stellantis iniciou ontem (17/9), oficialmente, a produção do Citroën Basalt em sua fábrica de Porto Real, no Estado do Rio. O modelo completa a linha C-Cubed, que inclui os atuais C3 hatch, apresentado em 2022, e C3 Aircross, que estreou no ano seguinte.
Com lançamento nas próximas semanas, o Basalt terá como missão ser “o SUV cupê mais acessível do mercado brasileiro”, nas palavras do próprio fabricante, durante uma visita de jornalistas à unidade de Porto Real. A promessa é de “combinar acessibilidade a conforto e design”.
Início da produção do Citroën Basalt em Porto Real (RJ)
Ainda não é oficial mas, essa “acessibilidade” significa que carro terá uma versão de entrada Live com motor 1.0 Firefly aspirado e câmbio manual de cinco marchas, para brigar diretamente com sedãs como o Hyundai HB20S Comfort (R$ 97.690) e o Chevrolet Onix LT (R$ 101.590), além do “primo” Fiat Cronos Drive 1.0 (R$ 94.990), equipado com o mesmo conjunto de motor e câmbio.
As versões mais caras do Basalt - Shine e Feel - com motor 1.0 turbo do C3 Aircross (GSE T200, de 125 cv/ 130 cv) é que deverão concorrer mais diretamente com versões de entrada outros SUV cupê, mais precisamente o Nivus Sense 200 TSI e o Fiat Fastback Turbo 200, ambos de R$ 119.990.
Com o início da produção do Basalt, completa-se um ciclo de investimentos de R$ 10 bilhões feitos na unidade de Porto Real entre 2011 e 2024. Agora abre-se uma nova etapa, que prepara as instalações industriais para receber mais R$ 3 bilhões em investimentos no Rio de Janeiro até 2030.
Com o novo aporte, Porto Real “reforçará sua aptidão multimarcas, ampliará a produção e projeta novas contratações nos próximos anos, reforçando a cadeia de fornecimento e tecnologia da região”. Na prática isso abre as portas para a produção de um quarto modelo com a plataforma CMP na fábrica sul-fluminense - um carro inédito e com versões híbridas. O mais provável é que se trate do Jeep Avenger, que já é produzido na unidade da Stellantis em Tychy, na Polônia, desde o fim de 2022, sobre a base do Peugeot 2008.
Início da produção do Citroën Basalt em Porto Real (RJ)
Inaugurado pela antiga PSA Peugeot Citroën em 2001, com os modelos 206 e Xsara Picasso, o polo automotivo de Porto Real já produziu 1,8 milhão de carros desde sua abertura (sendo que 370 mil foram exportados), além de 2,4 milhões de motores.
Nos anos recentes, a Stellantis deu um salto de 40% na automação das instalações para produzir toda a linha C-Cubed. Hoje são 306 robôs no total, em uma fábrica que tem 5 mil trabalhadores. Hoje, dez fornecedores trabalham na área - e um desejo dos executivos da empresa é atrair mais dez, para aumentar a regionalização dos componentes. A produção atual é de 27 carros por hora, em um turno único de oito horas (ou seja: em média, 216 carros por dia).
Em nossa visita, os C3 hatch e Aircross eram imensa maioria na linha de montagem, com uma quantidade menor de Basalt - cujo ritmo de produção ainda está ganhando aceleração, depois da produção de algo entre 170 e 200 carros pré-série.
A ideia é que, na primeira semana de outubro, todos os 173 concessionários Citroën do país tenham para pronta-entrega pelo menos um exemplar de cada uma das versões do novo SUV cupê. Desta vez, a cor de lançamento será até discreta: o “cosmo blue”, um azul metálico escuro.
Avaliação especial: Citroën C4 Cactus Shine THP
Também vimos na linha de produção alguns C4 Cactus. Apesar de já não figurar no boletim da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) desde maio, quando teve apenas 64 unidades emplacadas no país, o Cactus continua em linha principalmente para atender às exportações. Tanto que ainda está no site brasileiro da Citroën e aparece na foto oficial ao lado dos três membros da família C-Cubed.
Também são as exportações que ainda mantêm em Porto Real a produção dos velhos motores EC5, de quatro cilindros, 1,6 litro e 16 válvulas: são 168 por dia. Essa mecânica equipa versões dos Citroën C3 e C3 Aircross fabricadas no Brasil para venda na Argentina, no Uruguai, no Paraguai, no Chile e na República Dominicana, por exemplo.
O EC5 também continua a ser usado em carros argentinos como o novo Peugeot 208 (na maioria das versões comercializadas no país hermano) e o furgãozinho Peugeot Partner (aquele de primeira geração, lançado em 1996, e que ainda é feito em El Palomar, Buenos Aires). A quem pensa que o EC5 está perto do fim, a Stellantis jura que, em breve, passará a exportar esse motor para um mercado fora da América Latina.
Já os motores 1.0 aspirado e turbo que equipam todos os C-Cubed hoje vendidos no Brasil vêm prontos de Betim. O EC5 não cumpre as normas de emissão do Proconve L8, que entrarão em vigor no ano que vem.
E é curioso notar que, ao contrário do que se pregava nos anos 1990, fábricas de automóveis como a de Porto Real vêm passando por um processo de verticalização, incorporando etapas da produção de componentes que antes ficavam a cargo de fornecedores. É o caso dos sistemas de escapamento (com soldagem de canos e abafadores) e montagem das caixas de ar-condicionado.
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