Nossos estimados leitores provavelmente já leram a seção Clássicos. Nela, apresentamos carros do passado que agora estão quase esquecidos. Mas e quanto aos modelos que ainda estão em circulação em grande número? Aqueles que todo mundo conhece, que estão nas ruas há mais de 20 anos, mas, em alguns casos, há muito menos.
Será que um dia eles se tornarão carros clássicos? Essa é uma fonte de controvérsia. Queremos apresentar alguns desses modelos em nossa série "Clássicos do futuro?"
Se você pensa que o ''anti-Golf'' da Ford morreu em definitivo em 2000 no exterior e em 2003 no Brasil e nunca mais foi ressuscitado como nome de outro carro aleatório (Oi, Ford Maverick), sinto em dizer: Há alguns anos isso já aconteceu, e a Ford ressuscitou o modelo como um sedã compacto simplificado baseado no Focus de segunda geração para a China, algo como um Verona moderno.
E antes de ficarmos de mau humor, vamos dar uma olhada nos dias de glória da Ford, quando eles decidiram trocar seu antigo motor CHT pelos motores de uma certa marca alemã numa das parcerias mais improváveis da década de 90.
Ford Escort (1995)
Algumas variantes, especialmente da primeira geração feita no Brasil, já se tornaram clássicos valorizados. Mas até mesmo as mais novas e menos populares estão indo pelo mesmo caminho por ficarem cada vez mais escassas. Estamos falando do Ford Escort de 1990 em diante na Europa e 1993 no Brasil, mas também conhecido como MK5, MK6 e MK7 entre os fãs da Ford.
O então chefe da Ford Alemanha, John Hardiman, quando do lançamento do MK5, disse: "Eu gostaria de ver uma verdadeira batalha de três vias entre os fabricantes alemães de produção em massa aqui novamente" - um desafio para o VW Golf e o Opel Kadett. Hoje, os responsáveis em Colônia (sede da Ford na Alemanha) provavelmente ficariam felizes se ainda pudessem se considerar entre eles.
Ford Escort (1990)
Após dez anos e uma tentativa de facelift, o Escort da quarta geração europeia foi finalmente substituído por um sucessor em 1990. Já se foram os dias em que o formato angular de sua carroceria ainda lembrava o Taunus e o Granada. "Os ditames do túnel de vento eliminaram todos os cantos e bordas típicos do Escort", escreveu o ADAC, maior clube de automobilismo da Alemanha. Mas não há uma revolução completa. A Ford chegou à conclusão: Nada de experimentos! O Escort se torna mais curvilíneo, mais aerodinâmico, como o Sierra e o Scorpio, mas seu DNA traseiro atarracado permaneceu.
Ford Escort Cabriolet (1997)
No total, o ataque ao modelo da Volkswagen custou impressionantes 2,5 bilhões de marcos alemães na época. Mais do que qualquer outro Ford antes dele. O resultado foi um carro compacto de dimensões externas semelhantes com uma distância entre eixos estendida e, portanto, uma quantidade generosa de espaço. O comportamento ao dirigir também ficou mais estável, mais dinâmico e, ao mesmo tempo, mais confortável.
Na Europa, o modelo recebia motores diesel 1.8 Endura-DE, no Brasil, haviam motores CHT 1.6, AP 1.8 e 2.0, que podiam ser equipados com carburador ou injeção eletrônica.
Ford Escort Van (Reino Unido)
Ford Escort (1990)
O modelo europeu contava com família completa: hatchback de duas e quatro portas, perua, conversível, sedan de 4 portas e uma pequena van baseada na perua chamada Express. A linha era, portanto, mais extensa do que a da concorrência. Quem queria economizar comprava versões básicas como o CL ou o CLX, os abastados o Ghia e as famílias de cinco pessoas a perua na Europa.
E a Ford se divertia muito com outra coisa: versões esportivas. O Escort ofereceu três no Velho Continente. Na época, os fãs obstinados do Golf GTI e do Kadett GSI geralmente não eram fãs dos rivais.
No Brasil, o Escort MK4 veio inicialmente como um (nem tão) esportivo mas confortável XR3 com um CHT de 1.6 litro, que mais tarde foi substituído por conta da Autolatina, passando a ser equipado com o mesmo motor AP 1.8 S que era usado no concorrente Volkswagen Gol GTS. Esse motor foi substituído pelo AP 2000, quando do lançamento da geração MK5. Já na Europa, o modelo usava o 1.8 Zetec 16V com 130 cv.
Mas um dos grandes diferenciais do XR3 perante os concorrentes (tanto lá quanto aqui) era ter opção de carroceria conversível. No mercado nacional, somente ele e o Kadett ofereciam essa opção.
Ainda existia o RS2000, que não chegou por aqui. Foi usado um 2.0 com 150 cv, incluindo quatro freios a disco e bancos Recaro. A partir de 1995, até mesmo uma "F1 Edition" limitada a 500 unidades foi apresentada.
Mas, mesmo assim, a Ford ainda precisava de um modelo de homologação para o Campeonato Mundial de Rali. Entra em cena o Ford Escort RS Cosworth. Um 2.0 DOHC turbo e montado longitudinalmente acelerava o carro de 0 a 100 km/h em seis segundos, graças à tração integral.
Ford Escort RS Cosworth
Como você pode reconhecê-lo? Pelo spoiler traseiro mais brutal da década de 1990 e pelos paralamas alargados. Boa sorte para encontrar um original intocado abaixo da marca de 80.000 euros (R$ 499.064).
Embora o Escort tenha continuado a ser vendido até o início dos anos 2000, ele não manteve sua forma original por muito tempo. Já em 1993, a parte dianteira e a traseira foram redesenhadas. Foram introduzidas uma grade oval e lanternas traseiras mais redondas e em duas partes, alterações que chegariam apenas em 1997 ao Brasil. Além disso, o compacto recebeu mais proteções, um airbag de série e uma gama de motores revisada para minimizar a diferença em relação ao sucessor do Kadett, o Opel Astra, e para continuar a parecer moderno. A Ford chama isso de um modelo completamente novo.
Apenas dois anos depois, veio a próxima reestilização europeia em 1995, também considerado um novo modelo para a Ford.
No Brasil pulamos do MK5 direto para o MK7, em 1997, com ele, veio o fim da Autolatina, a troca dos motores AP pelos modernos motores Zetec, a chegada da perua e o fim dos modelos Verona (sedã) e conversível. O modelo parecia ainda mais arredondado, especialmente na frente e nos para-choques. No entanto, a silhueta de todos os modelos, do MK5 ao MK7, mostra que se trata de um desenvolvimento contínuo, pois permaneceu quase idêntica ao longo dos anos.
Mas o que denunciava mesmo era a perua, desde a MK5 sua traseira permaneceu praticamente intocada, o que contrastava com o interior agora mais arredondado. O Escort se adaptou à linguagem do Fiesta e do Mondeo.
Mas logo os recém-chegados VW Golf 4 e Opel Astra G fazem com que ele pareça pertencer a uma era diferente. O Escort já não conseguia mais competir com seus concorrentes.
Em 1998, a Ford estendeu o design do New Edge integrado ao Ka para a categoria dos médios e lançou um sucessor completamente novo, o Focus. Em 1992, 337.682 Escort saíram da linha de produção. Em comparação, apenas 47.070 unidades do Focus foram vendidas na Europa no primeiro semestre de 2024. Apesar disso, o Escort nunca foi capaz de desbancar seus dois concorrentes.
Nesse meio tempo, a ferrugem, que sempre foi um grande problema dos Ford dos anos 80 e 90, os esquemas de renovação de frota (na Europa) e, acima de tudo, a era tuning vinda com o filme Velozes & Furiosos prejudicaram significativamente os estoques do Escort. Modelos em bom estado de conservação estão cada vez mais difíceis de encontrar.
Portanto, não espere muito tempo. O Escort (MK5 ou MK7) ainda é, tecnicamente, um bom carro para quem quer começar com um neocolecionável e também pode ser um ótimo primeiro clássico.
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