Quase 5 meses após o anúncio do MOVER, programa nacional de Mobilidade Verde e Inovação, ter sido anunciado, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgou a listas mais 14 pcompanhias que se cadastraram junto ao ministério para receber os incentivos prometidos pelo regime automotivo. O total chega a 69 empresas inscritas.
O Diário Oficial da União (DOU) publicou na última sexta-feira (10/5) 14 novas portarias de habilitação de empresas ao programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), com o que elas ficam autorizadas a receber créditos financeiros como contrapartida de investimentos em inovação e descarbonização na indústria automotiva.
Citroën C3 - Início da produção em Porto Real (RJ)
Com isso, chega a 69 o total de habilitações concedidas pela Secretaria de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços (Sdic) do MDIC (MDIC) desde o início do programa. Destas, 67 são para unidades fabris que já produzem autopeças, veículos leves e veículos pesados no Brasil; uma é para serviços de P&D (Ford); e uma é para projeto de relocalização de uma fábrica de motores já existente da FCA Fiat Chrysler (Grupo Stellantis), vinda de outro país, com investimento previsto de R$ 454 milhões e geração de 600 empregos diretos, de acordo com o comunicado do Ministério.
Os pedidos de habilitação partiram de empresas instaladas em São Paulo (26), Rio Grande do Sul (17), Minas Gerais (7), Paraná (7), Santa Catarina (6), Rio de Janeiro (2), Pernambuco (2), Bahia (1) e Amazonas (1). Uma vez habilitadas, as empresas podem apresentar seus projetos e requisitar os créditos proporcionais aos investimentos – que variam de R$ 0,50 a R$ 3,20 por real investido acima de um patamar mínimo.
Jeep Commander - Fábrica Goiana (PE)
Quanto maior o conteúdo nacional de inovação presente nas etapas produtivas, maior o crédito. A busca por mercados externos também resulta em incentivos adicionais. Caso não realize os investimentos previstos, a empresa é desabilitada e tem de devolver os recursos recebidos.
Independentemente de se habilitarem ou não para usufruir dos créditos financeiros, todas as empresas deverão cumprir os requisitos obrigatórios do programa. Isso já acontecia com o Rota 2030, antecessor do Mover, porém agora haverá novas exigências e métricas – por exemplo, o critério da reciclabilidade e a medição das emissões de carbono em todo o ciclo da fonte propulsora, conhecida como “do poço à roda”, e em todas as etapas de produção e descarte do veículo, ou “do berço ao túmulo”. O Mover prevê um total de R$ 19,3 bilhões de créditos financeiros entre 2024 e 2028.
A tecnologia Bio-Hybrid da Stellantis
Enquanto a Stellantis ainda não divulgou de onde está vindo a linha de produção de motores usada que receberá os incentivos do governo, nem o que ela será capaz de fazer, vale lembrar que a empresa apresentou um grande programa para a eletrificação de sua linha de produtos nacional.
A Stellantis já havia anunciado os planos de produzir carros com a tecnologia chamada Bio-Hybrid, oferecendo veículos híbridos com sistema flex. O investimento é de R$ 30 bilhões para lançar 40 carros no Brasil até 2030, contando todos os tipos de propulsão. O Bio-Hybrid englobará os três tipos de motorização, com o híbrido-leve, híbrido convencional e híbrido plug-in, com a aplicação variando com o automóvel e seu posicionamento de mercado. Por exemplo, os híbridos-leve estarão mais presentes nos carros de entrada.
O primeiro híbrido chegará às lojas ainda no segundo semestre deste ano, mas a fabricante faz silêncio sobre qual carro será, de qual marca ou mesmo qual a tecnologia empregada. A única informação divulgada é que será produzido em Goiana (PE), o que reduz as possibilidades para Fiat Toro, Jeep Renegade, Compass, Commander e Ram Rampage.
Havia uma esperança de que o sistema Bio-Hybrid poderia estrear na linha 2025 de Compass e Commander, substituindo os motores a diesel. Isso não aconteceu. A Jeep reduziu as opções diesel e acrescentou uma nova opção de motor 2.0 turbo a gasolina com maior consumo de combustível e emissões de poluentes que o 1.3 turbo flex mantido em versões mais básicas.
Ainda existem duas possibilidades sobre a linha de montagem de segunda mão que a Stellantis trará pra cá. O maquinário deve ir para Betim (MG), onde se concentra a maior parte da produção de motores da empresa. A primeira possibilidade é a importação do maquinário responsável pelo motor 1.0 híbrido-leve usado pelo Panda europeu, primo do nosso finado Uno. Ele é baseado no 1.0 FireFly de 3 cilindros que já foi usado no Mobi e hoje equipa modelos como Fiat Argo, Peugeot 208 e Citroën C3 nas versões de entrada.
A segunda possibilidade é a importação da linha de montagem que produz motores 1.3 turbo híbridos convencionais na Europa, voltados para modelos maiores como os SUV compactos e médios do Grupo Stellantis.
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