Nunca o assunto consumo de combustível foi tão falado, já que ao longo deste ano o preço da gasolina acabou disparando – caiu recentemente com a redução do ICMS. E nada mais propício como o cenário atual para um teste de consumo, que foi idealizado pela Renault com a Oroch. A marca francesa convidou alguns jornalistas e fez o Desafio de Consumo Renault onde cada dupla tinha que alcançar a melhor média de consumo com a picape.
A aventura foi feita com a Renault Oroch 2023 Outsider, a única da gama equipada com o moderno motor 1.3 turbo TCe flex que entrega até 170 cv a 6.000 rpm e 27,5 kgfm de torque a partir de 1.600 rpm. Com 15 jornalistas participando, o chamado Desafio de Consumo da marca tinha como partida o bairro da Vila Madalena, na capital São Paulo, enquanto o destino final ficava na pista de testes do Haras Tuiuti, na homônima cidade de Tuiuti, no interior do estado. O percurso tinha ao total 119 quilômetros.
Realizada em dupla, cada jornalista dirigia um trecho e logo assumi o volante saindo da capital paulista. Dali para frente o consumo apontado pelo computador de bordo já era otimista por conta do trânsito livre e pelo fácil acesso para as vias expressas, acessando em seguida a Rodovia dos Bandeirantes com suas cinco faixas de rolamento e velocidade máxima de 120 km/h.
Para buscar um consumo mais baixo, acabei dirigindo em velocidades um pouco mais baixas e, ao chegar na parada programada no quilômetro 58, registrei o consumo médio de 14,5 km/litro após 54,3 km rodados. Vale lembrar que grande parte do percurso foi feito em trecho rodoviário, pegando algumas serras leves e estradas de mão dupla com lombadas, bem como breves passagens por cidades.
E foi por conta do trecho final em estrada vicinal que a média caiu um pouco: chegamos no Haras Tuiuti com 14,1 km/litro. Foi a quarta melhor média, com a melhor sendo 15,6 km/l e a pior 10,6 km/l. Para chegar nesses números, eu e minha dupla dirigimos a picape de forma suave e com ar-condicionado desligado, evitando de pisar fundo nas saídas de pedágio, sempre com o objetivo de manter o giro do motor baixo.
O teste da Renault com o Instituto Mauá
Antes de promover o Desafio de Consumo realizado com jornalistas, a Renault realizou diversos testes para aferição de consumo da Oroch e também do subcompacto Kwid, que foram feitos em parceria com o Instituto Mauá de Tecnologia. Os resultados das aferições, entre outras informações importantes acerca de consumo foram reveladas durante a apresentação.
Na metodologia de teste, foi determinado que os modelos dessem 10 voltas no anel externo do Haras Tuiuti, sempre com velocidade média de 60 km/h. Foi usado o equipamento PLU para coleta de dados de consumo, que monitora com precisão a quantidade de combustível (gasolina) enviada ao motor, além do V-Box – equipamento com GPS que aponta a distância percorrida de forma exata.
Foram testadas diversas situações que podem ser encontradas no cotidiano: carro vazio, ar condicionado e pneus calibrados; pneus descalibrados em 30%; ar-condicionado no máximo; e veículos com carga máxima. Com isso, o teste da Renault em parceria com o Instituto Mauá revelou alguns dados interessantes: o aumento no consumo com pneus com calibragem abaixo do recomendado culminou em aumento de pouco mais de 2% no consumo para a Oroch e Kwid.
O subcompacto sofreu mais com o ar-condicionado ligado (aumento de 9,4% no consumo), enquanto a picape gastou 4,7% a mais nesta condição. A explicação é que o Kwid tem motor 1.0 aspirado menos potente (71 cv), assim proporcionalmente o sistema de ar-condicionado acaba “roubando” mais força do motor em relação ao motor 1.3 turbo da Oroch – que sente menos a ativação da climatização.
A Oroch conta com equipamentos para favorecer melhores números de consumo, como sistema start-stop, sistema de regeneração de energia, monitor de pressão dos pneus e "pneus verdes". O motorista ainda tem a ajuda do indicador de mudança de marchas, luz que indica condução econômica (fica verde, amarela ou vermelha) e sistema Driving Eco, que exibe parâmetros como consumo, velocidade média, distância percorrida e uma nota final de condução econômica.
Dinâmica na pista
Depois de ter conseguido a média final de 14,1 km/litro com a Oroch ao chegar no Haras Tuiuti, interior de São Paulo, foi a vez de colocar a picape na pista (sem se preocupar muito com consumo, mas ver como ela se saía na pista). A Renault deu a oportunidade de dirigir a picape nas mesmas condições dos testes feitos com o Instituto Mauá: com os pneus calibrados; descalibrados em 30% e com carga máxima de 650 kg.
Foram cinco voltas em cada Oroch com diferentes ajustes. A primeira foi a picape 100% dentro dos padrões de uso: vazia e com os pneus calibrados. Foi interessante notar como esse motor 1.3 turbo de 170 cv deixou a Oroch bem mais divertida de guiar, empurrando com vigor quando o pedal da direita é afundado ao máximo. É claro que ainda estamos falando de uma picape, que nas frenagens baixa razoavelmente a frente, mas nada que lhe desabone.
A segunda volta com a Oroch com pneus 30% mais murchos. Como previsto, deu para conferir como a caminhonete ficou mais "amarrada", o que prova que pneus com a calibragem fora do recomendado pela fábrica afeta diretamente o comportamento dinâmico, e por consequência o consumo de combustível do carro, já que os pneus mais vazios aumentam a resistência a rolagem em relação ao asfalto - assim o carro faz "mais esforço" para rodar.
Galeria: Desafio de Consumo Renault
O mais curioso foi o teste com a Oroch carregada, o que incluia sacos de areia na caçamba e galões de água amarrados dentro da cabine. Com os 650 kg de capacidade máxima, deu para perceber de longe como a dirigibilidade da picape muda por completo, sendo necessário apertar mais forte o acelerador para o carro deslanchar mais. Já nas frenagens a transferência de carga para frente foi mais acentuada, mas fica aqui o registro de como os freios do modelo são competentes, pois passaram longe de ficar "borrachudos" mesmo depois de 5 voltas, digamos, mais animadas.