No último dia 21 de dezembro, um dos carros mais populares do Brasil tinha sua aposentadoria anunciada: o Fiat Uno. Assim, a marca deu fim ao modelo com a série limitada em 250 unidades Uno Ciao, uma forma de marcar a despedida do icônico hatch que foi produzido no Brasil por 37 anos. Além disso, a Fiat anuncia um vídeo que simboliza o adeus do Uno ao mercado nacional, com o hatch contando sua própria história.
O projeto do vídeo teve por trás a agência Leo Burnett Tailor Made, que trouxe o conceito “A paixão é interminável” para a despedida do Fiat Uno. Como descreve a agência, o vídeo de 1 minuto e 30 segundos traz o próprio Uno contando sua história em tom emotivo e no formato “Draw my life” (Desenhar a minha vida, traduzindo literalmente do inglês), no qual o personagem descreva sua própria história (ou sua vida) através de desenhos em um quadro branco ou mesmo folhas de papel, formato no qual a agência diz que é sucesso no Youtube. O filme você confere na abertura desta matéria.
“O Uno é um ícone, que marcou a vida de muita gente. Ele foi o primeiro carro de muitos, esteve presente em importantes momentos e se tornou uma lenda, não só para a história da Fiat, mas para milhões de brasileiros também. Então, preparamos uma despedida que diz um pouco do legado que ele representa”, explica Malu Antonio, gerente de Storytelling e Content da Stellantis para a América do Sul.
No vídeo o próprio Uno conta alguns detalhes de sua história, como o apelido de “botinha ortopédica” devido ao formato da carroceria da primeira geração e também a data de seu nascimento, em 1984. Sim, o Uno tem 37 anos e pode até ser chamado de “cringe” pela geração atual de motoristas. O vídeo ainda faz uma interessante menção a sua vocação “pau para toda obra” ao ser muito utilizado como carro da “firma” por muitas empresas, principalmente as do segmento de telefonia no qual o meme “Uno da escada” se tornou um dos mais populares do modelo.
Apesar de boa parte de sua história ser equipado com motor “mil”, à exemplo dos motores 1.0 Fiasa e do famigerado 1.0 Fire que esteve presente até a geração atual, o Uno foi um carro marcado por ser um hatch ágil, tanto que no vídeo houve um trocadilho dizendo que a botinha ortopédica “andava que era uma beleza”. Mudou o conceito de carro popular no Brasil e também sempre foi lembrado pela economia de combustível, além de ser o primeiro carro turbo nacional. Com 4,3 milhões de unidades produzidas, o Uno foi também o Fiat mais vendido da América Latina.
Nascido em 1984, o Fiat Uno foi pensado para ser barato e popular, mas isso não foi motivo para ele ter um desenho sem graça. Prova disso é que a famosa botinha ortopédica teve seu desenho original concebido pelo estúdio italiano ItalDesign, de Giorgetto Giugiaro. Para a época, suas linhas quadradas eram novidade e tinham funções aerodinâmicas, fora que também maximizavam o espaço interno – um de suas principais vantagens frente a concorrência da época. Tanto que seu conceito desde a estreia era de “Pequeno por fora, Grande por dentro”.
Já em 1987 o hatch ganhou sua primeira versão esportiva, batizada de 1.5 R e que aliás foi o primeiro “tampa preta” (me desculpe, Up! TSI). Naqueles tempos, era o Fiat mais rápido da época ao acelerar de 0 a 100 km/h em 12 segundos. Três anos depois, em 1990, o Uno inaugurou os seguimentos dos carros “mil” – que é popular até hoje. Foi assim criado o Uno Mille, que era uma versão do hatch que se enquadrava na nova lei do governo na época que reduzia o IPI para carros com motores de até 1.000 cm³, assim houve uma corrida entre as montadoras e a Fiat saiu na frente. O primeiro Uno Mille tinha apenas 48 cv de potência e 7,4 kgfm de torque.
Já em 1994 era lançado o Mille ELX, que se tornou o primeiro carro popular a ter entre os equipamentos opcionais o ar-condicionado – item que era mais comum em carros de de luxo da época. Mas não há como negar que naquele mesmo ano o destaque era outro: o Uno 1.4 Turbo, que como mencionado no vídeo foi o primeiro carro nacional a vir com motor dotado de turbocompressor. Importado da Itália, o motor era um quatro cilindros 1.3 turbo que rendia 118 cv e torque de 17,5 kgfm, sendo capaz de ir de 0 a 100 km/h em 9,2 segundos e atingir 195 km/h de máxima. Belo salto em relação ao 1.5 R, não?
Em 2010 chegava a segunda geração, que trazia um desenho simpático com o conceito "rouded square", ou "quadrado arredondado" em português. Desenvolvida totalmente no Brasil, a segunda geração do Uno trazia algumas linhas angulares combinadas a cantos arredondados. Na época chamava a atenção a quantidade de customizações que o hatch compacto poderia receber, de cores chamativas até a adesivos ao gosto do cliente, além da versão aventureira Way e a de apelo esportivo Sporting. No final de 2013 saía de linha a primeira geração devido a nova lei de airbags e sistema de freios ABS, assim houve a versão de despedida Grazie Mille.
Apesar da segunda geração do Fiat Uno ter inovado na carroceria, ainda vinha com motores velho conhecidos da Fiat: os Fire 1.0 e 1.4. Isso começou a mudar no final de 2014, quando o carro ganhou a primeira atualização visual e uma nova versão: a Evolution. O maior destaque dela era o sistema start-stop, que desligava e religava o motor em paradas prolongadas. Na época foi um marco, pois o equipamento de série era comum em carros importados ou de luxo, não é um hatch popular feito no Brasil.
A última grande atualização de motorização do Uno foi quando recebeu os novos motores da família Firefly em agosto de 2016. Era o caso do inédito motor 3 cilindros de 1,0 litro de até 77 cv e 10,9 kgfm de torque (usado atualmente no Fiat Argo) e do 1.3 aspirado de até 109 cv e 14,2 kgfm de torque – que equipa atualmente a Strada, Argo, Cronos e Pulse. Por conta da lei atual de emissões do Proconve, os modelos entregam hoje até 107 cv e 13,7 kgfm. Na série de despedida Uno Ciao, o compacto deu seu adeus ao mercado com o famoso motor 1.0 Fire EVO de até 77 cv.
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