Se você tem um veículo a combustão, essa notícia não é nova: os preços dos combustíveis subiram quase que vertiginosamente em 2021. No entanto, é necessário comparar os relatórios da própria ANP (Agência Nacional do Petróleo e Biocombustíveis) para se ter a noção exata da situação surreal que estamos vivendo.
O último relatório semanal da ANP em 2020, apurado entre os dias 27/12/2020 e 2/1/2021, mostrou a gasolina custando em média no Brasil R$ 4,517 por litro. Já no relatório da semana final do ano passado, entre 26/12/2021 e 1/1/2022, o combustível está custando R$ 6,618 o litro na média nacional. A alta chegou a 46,5% na comparação dos dois períodos.
E como já é tradicional em nosso mercado, toda a vez que a gasolina sobe, o etanol "misteriosamente" acompanha a movimentação de alta. Na última semana de 2020, a ANP aferiu preços médios no Brasil de R$ 3,180 por litro. Em igual período de 2021, o combustível vegetal já estava saindo por R$ 5,063 o litro na média nacional. A alta no comparativo foi de 59,2%. Ou seja, o etanol encareceu mais que a gasolina no ano passado.
Já para o diesel comum (S500), que tem preços mais controlados por conta do impacto na economia, os valores do litro encerraram 2020 em R$ 3,675. Já na última semana de 2021, o preço médio nacional do combustível estava em R$ 5,336. A alta no comparativo foi de 45,19%.
Apesar de o Brasil ter grandes reservas de petróleo, a administração da Petrobras mantém a paridade do preço da commodity com o negociado no mercado internacional. Portanto, a matéria prima para gasolina e diesel fica vulnerável às flutuações da cotação do barril do petróleo globalmente. Com a retomada das economias após a pandemia, o produto está mais caro. Além disso, grande desvalorização do Real frente ao Dólar, moeda utilizada nas negociações do petróleo, tornou a matéria prima ainda mais cara para o bolso do brasileiro.
No caso do etanol, as organizações como a Única (Associação Brasileira da Indústria da Cana-de-Açúcar), que reúne os produtores da matéria prima do combustível, não deixam claros os motivos para o aumento acima da gasolina. Há conjunturas, porém. A colheita das plantações é afetada pelo preço do diesel que movimenta o maquinário agrícola.
Além disso, não há estoques reguladores de etanol, tornando o combustível mais vulnerável aos períodos de safra e entressafra. Por último, com a desvalorização do Real, o açúcar brasileiro derivado da cana se tornou mais barato no mercado e mais atrativo para os produtores. Isso tornou mais escassa a matéria prima voltada à produção de etanol.
Olhando para a gasolina comum na última semana de 2021, o relatório da ANP mostrou que o estado que está pagando menos no combustível é o Amapá, com média de R$ 5,901 por litro. Por outro lado, quem mora no Rio de Janeiro tem que arcar com a gasolina mais cara do Brasil: R$ 7,206 por litro.
No caso do diesel comum, o menor valor médio cobrado por litro está no Paraná, saindo por R$ 5,077. O mais caro está no Acre, com média de R$ 6,489 por litro. O etanol, que já não é mais vantajoso em nenhum estado, sai mais caro no Rio Grande do Sul (R$ 6,911) e mais barato no Mato Grosso (R$ 4,675).
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