Novo Duster tira nota zero em teste de colisão; Renault contesta
SUV vazou combustível após impacto dianteiro e ainda capotou no crash-test lateral. Latin NCAP pede o recall de todas as unidades
Já estamos no 2º semestre e só agora o Latin NCAP divulga um novo resultado de teste de colisão para modelos vendidos na América Latina. Foram dois carros: o Suzuki Swift vendido em alguns mercados e a nova geração do Renault Duster produzida no Brasil. E não foi nada bom para o SUV da marca francesa, que bombou no crash-test, apresentando problemas além da colisão em si, como vazamento de combustível e capotamento.
Logo no impacto dianteiro, realizado a 64 km/h, o Renault Duster enfrentou problemas. Além da frente do carro desintegrar na batida, o Latin NCAP diz que o dano fez com que o SUV compacto vazasse combustível. A proteção infantil foi outro problema, pois os dois bonecos simulando crianças de 1,5 e 3 anos bateram contra os bancos durante o movimento, reduzindo consideravelmente a pontuação. Como se não bastasse, o Duster também foi mal no teste de impacto lateral. A estrutura invadiu muito o habitáculo, a porta dianteira abriu (com o risco de ejetar um passageiro em uma colisão mais forte) e o utilitário capotou com o impacto.
Isso faz com que a ONG declarasse no resultado que a Renault precisa fazer um recall de todas as unidades do Duster para corrigir o problema de vazamento de combustível após uma colisão, além de buscar uma solução para a proteção lateral, pelo risco de ejetar um passageiro. O Latin NCAP ainda lembra que o Duster brasileiro não teria passado no teste na Europa pelas normas UN95 simplesmente por ter aberto a porta após o crash-test lateral.
Galeria: Renault Duster 2022 - Teste de Colisão
Por ter somente dois airbags, não foi realizado o teste de colisão lateral de poste. O Duster ainda foi mal na prova de “efeito chicote”, outro onde tirou nota zero por não conseguir proteger o pescoço do motorista. Foi melhor no teste do assistente de segurança, cumprindo os requisitos do teste do alce a até 80 km/h. Já na segurança para pedestres, o Latin NCAP acabou usando uma versão romena, que foi oferecida em alguns mercados da América Latina em quantidade pequena, passando no teste. Porém, a ONG diz que o modelo feito em São José dos Pinhais (PR) tem um elemento frontal diferente, o que poderia alterar o resultado.
O novo resultado do Renault Duster dará muita discussão, pois o SUV foi testado em outubro de 2019, na versão então vendida na Colômbia e que vinha importada da Romênia, e recebeu quatro estrelas na ocasião, algo que a marca francesa até usa na divulgação do veículo.
Além do novo crash-test ter sido feito com o modelo brasileiro, o Latin NCAP adotou um protocolo mais rígido para os testes desde outubro de 2020, quando unificou a avaliação de 0 a 5 estrelas, ao invés de dar notas separadas para adultos e crianças. Ainda passou a exigir o teste do alce para carros com controle de estabilidade e elevou a média mínima nas pontuações para cada estrela.
Renault contesta e afirma ser exatamente o mesmo produto que teve 4 estrelas
Reportagem de Motor1.com entrou em contato com a Renault do Brasil sobre o novo resultado. Em nota, a montadora afirmou que o modelo testado novamente é exatamente o mesmo carro em termos de conteúdo que foi testado em 2019 e conquistou 4 estrelas pela mesma instituição.
Confira a nota da Renault na íntegra:
“O veículo Duster, que teve o seu teste divulgado em agosto de 2021, é exatamente o mesmo em termos de conteúdos de segurança ativa e passiva em relação ao veículo que obteve quatro estrelas na proteção para adultos e três estrelas na proteção para crianças, em teste realizado pela mesma instituição em 2019. Em 2020 o Latin NCAP mudou os protocolos de testes e, por conta disso, os resultados são diferentes.
É importante reforçar que o Renault Duster cumpre rigorosamente as regulamentações nos países em que é comercializado, superando-as em alguns quesitos. O modelo traz diversos equipamentos de segurança como ESP, alerta de ponto cego, câmera Multiview, assistente de partida em rampa, entre outros, que não são obrigatórios por lei.
A Renault considera que, assim como houve uma grande evolução na segurança veicular nos últimos anos, o tema seguirá evoluindo e a Renault continuará a oferecer produtos com alto nível de segurança."
Ouça o podcast do Motor1.com:
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