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Teste: JAC T60 tem preço de Renegade e tamanho de Compass; vale?

Chinês estreia motor 1.5 turbo da marca por aqui, mas tropeça em alguns aspectos

Teste: JAC T60
15:47

Com a crise gerada pela pandemia do Covid-19, muito se questiona sobre a sobrevivência de marcas com operações menores no país, como é o caso da JAC Motors. Tocada pelo grupo SHC, de Sérgio Habib, a JAC "brasileira" hoje está focada em modelos elétricos (traz desde o pequeno iEV20 até um caminhão, passando por uma picape), mas ainda procura volume nos SUVs a combustão - ou térmicos, como anunciam em seu site. 

Durante a quarentena, talvez você tenha cruzado com alguma publicação da marca, que até leva o carro à sua casa para um test-drive higienizado, para seguir vendendo. Um dos modelos mais recentes é da empresa é o T60, SUV com motor 1.5 turbo e porte de Jeep Compass a preço de crossover compacto.

É o suficiente?

  • Visual e espaço interno agradam;
  • Porte remete ao Jeep Compass, com 4,41 m de comprimento;
  • Porta-malas tem 650 litros declarados, mas na prática aparenta bem menos.

Se dependesse apenas do visual, o T60 seria um sucesso. Alguns detalhes remetem a alguns outros modelos conhecidos, mas é certamente o JAC com o design mais bem trabalhado. Os faróis têm projetores e luzes diurnas em LEDs, além do farol de neblina também em LED. Na traseira, as lanternas em LEDs invadem a tampa, esta com um spoiler integrado, que cria um visual curioso - vamos ser sinceros, se não fosse um JAC, muita gente iria elogiar. 

Por dentro, encontramos um acabamento surpreendentemente equilibrado. Foi-se o tempo em que misturas de gosto duvidoso dominavam os modelos chineses. No T60, temos toques de alumínio fosco, couro, costura aparente e boa qualidade de plásticos e encaixes. Nesta versão mais cara, o painel de instrumentos digital faz companhia a uma central multimídia em posição elevada e uma "tela" para comandos do ar-condicionado e do próprio sistema de som - apesar de ser uma forma menos intuitiva de controles, além do ar-condicionado não ser automático. 

Outro trunfo do T60 está nas dimensões. Colocado lado a lado da referência dos SUVs médios, o Jeep Compass, o chinês tem 6 mm a menos no comprimento (4.410 mm), 19 mm menos em largura (1.800 mm) e 16 mm a menos no entre-eixos, mas 25 mm a mais na altura. No porta-malas, apesar da JAC falar em 650 litros, ele parece ser menor que o compartimento de 420 litros do Jeep. Uma pequena compra de rotina ocupou boa parte do espaço, atrapalhado pelas grandes caixas de rodas que invadem a área de carga. 

Em compensação, o T60 é generoso com os ocupantes. Os bancos são confortáveis e o espaço tanto na frente quanto no banco traseiro é bom. O quinto ocupante vai sofrer um pouco com o incomodo do apoio de braço recolhido, além de puxar seu cinto de segurança do teto (como no Honda Fit, por exemplo), mas nada que desabone o SUV. 

Motor bom, mas cadê a suspensão do T40?

  • São 168 cv e 21,4 kgfm de torque no 1.5 turbo;
  • Câmbio CVT "segura" o motor;
  • Suspensão não se dá bem com o asfalto brasileiro.

A JAC tem investido em atualizar seus motores no Brasil. Começou com o 1.6 aspirado do T40 CVT, com duplo comando de válvulas variável (que também está no T50) e chega ao 2.0 turbo de 210 cv do T80. Já o novo 1.5 turbo do T60 entrega 168 cv e 21,4 kgfm de torque, números que parecem interessantes para o porte do SUV, mas vamos com calma. Seu companheiro, o câmbio CVT que pode simular 6 marchas, está mais preocupado em economizar gasolina do que extrair o melhor desempenho do motor.

No dia a dia, não compromete. O motor trabalha quase sempre em baixas rotações, aproveitando o pico de torque que começa em 2.000 rpm, e isso ajuda no consumo urbano (11,1 km/l com gasolina), mas pede um pouco de paciência principalmente em ladeiras. Em algumas situações, o assistente de partida em rampas já parou de atuar (pelo tempo) e o carro ainda vai para trás. O motor já tem força, mas não foi "solto" pelo câmbio ainda. Acelerar mais traz ruído para o interior da cabine. 

Teste: JAC T60

Em nossos testes instrumentados, o T60 levou 11,5 segundos para ir de 0 a 100 km/h, justamente pela "demora" para o câmbio acordar. Andou na mesma tocada do Compass 2.0 flex, que tem 166 cv e 20,5 kgfm de torque, mas o Jeep pesa 176 kg a mais. Com uma transmissão mais eficiente, os números com certeza seriam melhores, como aconteceu com as retomadas.

Depois de andar no T40, no entanto, esperávamos mais da dinâmica do T60. O SUV compacto já tem melhorias na parte de buchas e calibração como resultados da parceria com a Volkswagen para a produção da versão elétrica vendida em alguns mercados. Da JAC, o T40 é o melhor no quesito suspensão, e poderia dar uma aula ao T60. Entendemos que o SUV médio foi focado em conforto, mas ele balança demais em velocidades de rodovia, e ainda sofre bastante em nosso asfalto, passando a impressão que algo está com problema, devido aos barulhos. Ao menos a calibração da direção elétrica é correta. 

Preço de Renegade, tamanho de Compass

  • Apesar do aumento desde seu lançamento, cobra preço de SUV compacto completo
  • Pacote de equipamentos agrada, mas falta itens de segurança
  • Em duas versões, vai de R$ 108.990 a R$ 112.990

O JAC T60 é mais um chinês a bater na tecla do custo-benefício. Pelo preço inicial de R$ 106.990, já vem com sistema de câmeras 360º e chave presencial, por exemplo. Aqui avaliamos a versão de topo, chamada de Pack 3, que custa R$ 112.990 e adiciona painel de instrumentos digital, teto-solar elétrico, bancos em couro e os (dispensáveis) projetores que mostram o logo da marca no chão quando se abre as portas. É quase o preço do Jeep Renegade Limited 1.8 pelo porte do Jeep Compass, cuja versão Sport começa em R$ 121.990.

De qualquer forma, o T60 ainda tem banco do motorista com regulagem de altura e distância elétricas (o encosto é manual), sistema multimídia de 10,25", freio de estacionamento elétrico com auto hold, controle de tração e estabilidade, assistente de partida em rampas e piloto automático. Mas, apenas dois airbags? Poxa, JAC...

Conclusão

Analisando pelo preço vs. porte, o T60 pode ser considerado. Tem bom pacote de equipamentos e um motor moderno, apesar da briga com a transmissão. O espaço interno e o acabamento agradam, porém, vale considerar as observações sobre a suspensão e também a quantidade de concessionárias da marca, principalmente em cidades mais afastadas dos grandes centros. 

Fotos: autor e divulgação.

FICHA TÉCNICA: JAC T60 2020

MOTOR dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, 1.499 cm³, comando de válvulas variável, injeção direta, turbo, gasolina
POTÊNCIA/TORQUE

168 cv a 5.500 rpm; Torque: 21,4 kgfm de 2.000 a 4.500 rpm

TRANSMISSÃO automática tipo CVT com simulação de 6 marchas, tração dianteira
SUSPENSÃO independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira
RODAS E PNEUS alumínio aro 17" com pneus 215/50 R17
FREIOS discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira com ABS e ESP
PESO 1.365 kg em ordem de marcha
DIMENSÕES comprimento 4.410 mm, largura 1.800 mm, altura 1.660 mm, entre-eixos 2.620 mm
CAPACIDADES tanque 50 litros; porta-malas 650 litros
PREÇO  R$ 108.990 (R$ 112.990 na versão avaliada)
MEDIÇÕES MOTOR1 BR (gasolina)
    JAC T60 1.5T CVT
  Aceleração  
  0 a 60 km/h 5,3 s
  0 a 80 km/h 7,9 s
  0 a 100 km/h 11,5 s
  Retomada  
  40 a 100 km/h em S 8,6 s
  80 a 120 km/h em S 8,8 s
  Frenagem  
  100 km/h a 0 42,0 m
  80 km/h a 0 24,7 m
  60 km/h a 0 13,7 m
  Consumo   
  Ciclo cidade 11,1 km/l 
  Ciclo estrada 13,6 km/l

Galeria: Teste: JAC T60

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