Como mudar um carro que ainda agrada? O novo Honda Fit, revelado no Salão de Tóquio, causou reações distintas entre os leitores do Motor1.com. O modelo saiu de um padrão com linhas e vincos marcantes para uma nova linguagem bem arredondada e com traços bem limpos. Conversamos com Baek Jongkuk, Designer Sênior do novo Fit, e trazemos suas considerações e também o que achamos do modelo.
Bastou encarar o novo Fit 2020 para notar que suas linhas arredondadas remetem a uma tartaruga, em especial pela grade dianteira bem fina e pelos faróis arredondados. De fato, conversando com Jongkuk, ele nos contou que a nova geração faz uma homenagem ao primeiro Fit, que foi apelidada justamente de tartaruga no Brasil.
Pessoalmente, achei a dianteira arredondada mais moderna. Na atual geração, o objetivo tinha sido construir um carro com perfil mais masculino. Na nova, a intenção foi criar um carro com possibilidades de personalização para atender homens e mulheres de todas as idades. Este fato é explicado pelas cinco versões mostradas em Tóquio, chamadas de Fit Home, Fit Crosstar, Fit Luxe, Fit Ness and Fit Basic. Cada uma com detalhes visuais distintos.
Na lateral, se não há mais vincos para chamar a atenção, enquanto as colunas A e C chamam a atenção por lembrar o Citroën C4 Picasso. Repare que agora o teto faz um arco arredondado que deixa o Fit mais, digamos, minivan. Essa sensação é reforçada pelo posicionamento avançado do para-brisa amparado por um suporte igual ao do modelo francês, criando uma nova janela espia. De acordo com Jongkuk, a solução permitiu aumentar a luminosidade interna e a visibilidade. Outro pronto curioso é o fato da coluna A estar posicionada depois do suporte do para-brisa, mais precisamente no ponto de fixação da porta. Toda questão estrutural está aplicada ali.
Ainda na lateral, a coluna C também foi esticada com a inclusão de uma janela espia que se conecta com a lanterna traseira. Por falar nelas, outra mudança radical comparado ao Fit anterior. Agora estão dispostas horizontalmente e invadem a tampa do porta-malas. Além da nova assinatura de LEDs, Jongkuk também explicou que ao removê-las da coluna permitiu aumentar o vão de abertura do porta-malas. No restante da traseira, as linhas são arredondas e o para-choque é bem curto. Para evitar as críticas do anterior pelo mesmo motivo (pequenas batidas acabavam amassando a tampa do porta-malas), também disse que serão adotadas modificações para cada mercado, como a inclusão de um para-choque mais bojudo. O mesmo vale para o para-choque dianteiro, que compreende a grade, para atender às preferências locais e também legislações existentes.
Por dentro, tudo é novo. O painel ficou mais sofisticado e com desenho totalmente horizontal, dividido em três camadas. A primeira é que mais dá a impressão de que se trata de um monovolume, devido à grande distância até o para-brisa. Na faixa intermediária estão o painel de instrumentos, a central multimídia e o tradicional porta-copo do Fit, posicionado à frende da saída de ar-condicionado. O painel de instrumentos agora é totalmente digital e, embora a tela não seja grande, possui informações complementares analógicas em seu entorno. Achei bem bacana a solução e também o novo volante com apenas dois raios. Tanto o volante como a faixa central e revestimento das portas podem ser personalizados de acordo com o tom do revestimento dos bancos, pelo menos no Japão. A central multimídia também é completamente novamente e está posicionada no estilo flutuante, mas de forma inclinada para não prejudicar a visão do motorista e nem passageiros. Na faixa inferior do painel estão os comandos do ar-condicionado, que foram totalmente reformulados.
O console central, também novo, é elevado mas não avança até a parte de trás. Ali estão posicionados o botão do freio eletrônico de estacionamento (com função brake hold), nova alavanca de câmbio e um porta-objetos com tomadas 12V e USB. Mais refinado, o Fit ganhou até mesmo um botão de ignição, elevado na parte central do painel.
Nos bancos traseiros, a mesma receita de sempre. Bom espaço para os três ocupantes, túnel central bem baixo e a solução modular de rebatimento dos bancos para melhor aproveitamento do espaço, o que permite transportar objetivos de várias dimensões. Isso porque o tanque de combustível segue sendo posicionado abaixo dos bancos dianteiros.
O Honda Fit também terá versão híbrida, ao menos no Japão e Europa. O novo conjunto é formado por três motores, sendo um a gasolina e dois elétricos que funcionam de modo diferente do que um híbrido convencional.
Nesta configuração, toda movimentação inicial a até cerca de 80 km/h será feita pelo primeiro motor elétrico, chamado de motor de propulsão. Ao se demandar mais força, o motor a combustão começa a funcionar apenas para transmitir a rotação para o segundo motor elétrico, chamado de motor de geração (basicamente o segundo é apenas um gerador de energia), que então envia a energia diretamente para o motor elétrico de propulsão e também para recarga das baterias. No terceiro modo, quando se exige ainda mais potência, o motor a combustão é desacoplado da geração de energia e acoplado às rodas, trabalhando sozinho em velocidades mais altas. Em nenhum momento os motores a combustão e elétrico combinam potência para impulsionar o carro.
Nenhuma especificação técnica ou de dimensões foi revelada. O único dado confirmado é que o entre-eixos é o mesmo da geração atual. Em relação ao motor à combustão, esperado com turbo, a informação inicial é de que o 1.5 atual apenas recebeu novos ajustes. No entanto, os engenheiros não souberam explicar se esta é uma configuração apenas para o mercado japonês.
Para o Brasil, conversei com executivos brasileiros presentes no Salão de Tóquio, que apenas disseram não poder comentar projetos futuros. O fato é que o Fit brasileiro sempre foi atualizado pouco tempo depois da nova geração ser revelada lá fora. Nossa aposta é de que a novidade seja uma das estrelas da Honda na próxima edição do Salão do Automóvel de São Paulo, que acontecerá em novembro de 2020, com as vendas começando em 2021.
Por Fábio Trindade, de Tóquio – Japão
Viagem a convite da Anfavea
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