Em reunião extraordinária realizada nesta quinta-feira (22), o conselho de administração da Nissan confirmou por unanimidade a demissão de Carlos Ghosn da presidência do colegiado da montadora. Preso no Japão desde a última segunda-feira, o executivo de origem brasileira é acusado de fraude fiscal, sonegação e violações financeiras. Em nota, a empresa atribuiu a decisão à “má conduta ao registrar valores de compensação no relatório anual”, à “má conduta ao usar o capital de investimento para uso pessoal, sob falsos pretextos”, além de “outras condutas impróprias”.
“No início da sessão, o conselho reconheceu a importância do assunto e confirmou que a parceria de longa data com a Renault permanece inalterada e que a missão é minimizar o impacto na cooperação entre as empresas”, completa o comunicado. Apesar da preocupação com os rumos da parceria, o escândalo dá início a um período de incertezas para a aliança que já dura 19 anos e que foi ampliada em 2016 com a inclusão da Mitsubishi.
Ghosn deverá ficar preso ao menos até o início de dezembro, quando termina o prazo da detenção preventiva, mas o período pode ser prorrogado. Entre outras acusações, o executivo teria subnotificado US$ 44,6 milhões em rendimentos entre 2011 e 2015 e usado ativos da Nissan em benefício próprio, como para comprar e reformar imóveis de luxo nas cidades do Rio de Janeiro (Brasil), Beirute (Líbano), Paris (França) e Amsterdã (Holanda). Segundo a justiça japonesa, a pena pode chegar até 10 anos de cadeia.
Brasileiro com ascendência libanesa e francesa, Ghosn começou a carreira na Michelin, subindo nas fileiras até tornar-se COO da operação na América do Sul em 1985 e, em 1990, assumiu o cargo de CEO da marca para a América do Norte. Em 1996, foi recrutado pela Renault como vice-presidente executivo e ainda liderou a divisão na América do Sul da marca. Seu trabalho fez com que a empresa voltasse a lucrar em 1997.
Quando a Renault e a Nissan fizeram uma aliança, Ghosn foi apontado como COO da Nissan em 1999, subindo para presidente apenas um ano depois. Seu plano para recuperar a fabricante japonesa fez com que, em três anos, a Nissan eliminasse a dívida de mais de US$ 20 bilhões e passasse a operar com uma margem de lucro acima de 9%, mais do que o dobro da indústria na época. O bom resultado fez com que fosse nomeado presidente também da Renault e, posteriormente, da Mitsubishi.
Fotos: Divulgação
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