A coletiva da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) de julho, realizada nesta sexta-feira (6), foi uma das mais esperadas dos últimos tempos. Não pelos números de produção e vendas do mês passado, mas sim para saber os detalhes do Rota 2030, que finalmente foi assinado na noite do dia 05, diretamente com Antonio Megale, presidente da entidade e um dos envolvidos diretamente na negociação do programa com o governo.
"Saiu o Rota". Foi assim que Megale começou a coletiva, antes de falar sobre os números de produção e vendas do mês de junho. A negociação e definições das regras do novo programa de política industrial para o setor automotivo demoraram por desentendimentos entre dois ministérios do governo (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comercio e o Ministério da Fazenda). Mas, como uma Medida Provisória, o Rota 2030 se tornou realidade, embora ainda tenha alguns detalhes sendo discutidos entre os setores envolvidos.
A maior importância do Rota 2030 é dar previsibilidade para o setor de automóveis. Dividido em três ciclos de cinco anos cada, o novo programa permitirá investimentos da indústria no Brasil, com diversas regras e benefícios. Segundo Megale, o grande ganhador será o consumidor brasileiro, que terá carros mais eficientes, seguros e modernos. "O Rota 2030 nos coloca na dianteira em eficiência e segurança", disse ele.
As empresas (fabricantes e importadoras) que aderirem ao Rota 2030 terão que investir em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias, principalmente que englobem pilares definidos. Deste valor comprovadamente investido, 10 a 12% serão dados como desconto no imposto de renda, sem uma data exata para isso. Ou seja, o benefício pode ser aplicado pela empresa a partir do momento em que tiver lucro, por exemplo.
O setor de autopeças também será beneficiado. Se comprovado que não há produção local de determinado equipamento no Brasil, o imposto de importação (até então de 2%) será zerado, mas este valor precisará ser investido no país em forma de pesquisa e desenvolvimento.
Megale destacou ainda que haverá um aumento da pesquisa na área de elétricos e híbridos, inclusive em células de combustível com base de etanol e os híbridos flex, sem esquecer das melhorias nos motores a combustão flexíveis. Em termos de segurança, já há um cronograma de exigência de equipamentos no Contram, que será divulgado assim que o orgão definir as datas exatas. Segundo a Anfavea, até 2026 teremos sistemas que não estão homologados nem no exterior ainda. Uma etiqueta será aplicada nos veículos, mostrando quais itens ele traz, assim como ocorre com a etiquetagem de eficiência energética. E o Latin NCAP não será utilizado como referência.
"Uma satisfação ter conseguido esta vitória importante aos 48 do segundo tempo", disse Antonio Megale, presidente da Anfavea
Quando perguntado sobre impostos, Megale disse que, em cerca de 90 dias, entrará a nova tabela para elétricos e híbridos, com IPI de 7 a 20%, dependendo da eficiência do modelo. A esperada tributação por eficiência, não por cilindrada, ficará para os próximos cinco anos, já que deverá ser algo apenas para o segundo ciclo do Rota 2030. "Neste governo, não será", disse Megale.
Como Medida Provisória, o Rota 2030 tem 120 dias para ser votado. Megale afirmou não temer qualquer problema, mesmo em época de eleições, já que há "aliados e parceiros" no Congresso nacional. Depois, como lei, o Rota 2030 poderá ser melhorado com a colaboração destes.
Fotos: arquivo Motor1.com
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