Engenheira-chefe da Fiat-Chrysler explica os novos motores turbo 1.0 e 1.3
Desenvolvidos a partir do Firefly brasileiro, recebem diversas mudanças além do turbocompressor
A reestilização do Jeep Renegade na Europa estreou os novos motores turbo da Fiat-Chrysler: um 1.0 de três cilindros e um 1.3 de quatro cilindros. A equipe do Motor1.com Itália aproveitou o primeiro test-drive para conversar com os engenheiros responsáveis pelo desenvolvimento dos novos propulsores. E quem nos explicou os detalhes foi Maria Grazia Lisbona, chefe de engenharia de motores da Fiat-Chrysler.
Mais eficiência e menos turbo-lag
O projeto básico parte dos motores Firefly brasileiros, com bloco de alumínio e cilindros de 333 cc cada (três no 1.0 e quatro no 1.3). Mas as mudanças vão além da instalação do turbo. O cabeçote passa a ter quatro válvulas por cilindro (contra dois no motor brasileiro), a injeção é direta (contra injeção no coletor) e ainda há o sistema MultiAir, que gerencia melhor a abertura e fechamento da válvula de admissão. Tudo isso para atingir um único objetivo: melhorar o desempenho e reduzir o consumo ao diminuir a taxa de compressão.
Mexeram também nos dutos de admissão, com novo desenho. A câmara de combustão ficou mais compacta e tem uma eficiência termodinâmica maior. Minimizar o efeito do turbo-lag, ou seja, o atraso na resposta que aparece em todos os motores turbo, foi um dos pontos que os engenheiros mais batalharam. Conseguiram resolver graças ao uso de uma válvula de escape controlada eletronicamente, além de um sistema de arrefecimento que utiliza água para reduzir a temperatura dos gases da turbina, e um coletor de escape integrado ao cabeçote.
O rendimento ficou em 120 cv de potência e 19,3 kgfm de torque, no 1.0, e 150 cv ou 180 cv no 1.3 (dependendo da versão), com torque de 27,5 kgfm em ambos.
Emissões e homologação
Os novos 1.0 e 1.3 da FCA estão homologados para cumprir as normas Euro 6D, então contam com um filtro de partículas e foram aprovados de acordo com os novos testes de emissão WLTP, que faz exames de longa duração, a uma velocidade maior e com equipamentos de série. Os engenheiros trabalharam em todas as condições de funcionamento típicas do uso cotidiano.
Esperando pela eletrificação
Um grande trabalho foi feito para que estes motores possam trabalhar com vários tipos de transmissões e tração. O 1.0 é oferecido com uma transmissão manual, enquanto o 1.3 tem câmbio de dupla embreagem ou um automático de 9 marchas nas versões com tração 4x4. "Este é o primeiro passo ao lançar esta linha (de motores), desenhados para o futuro e evoluindo para serem eletrificados, seja com sistemas híbridos leves ou como puramente elétricos". A Jeep já havia dito em seus planos para os próximos 5 anos que pretende lançar variantes híbridas de todos os seus modelos. Embora a marca já fale sobre o fim do diesel na Europa, não deixaram de mexer nos motores 1.6 e 2.0 MultiJet, com potências entre 120 cv e 170 cv, ambos com novas turbinas que melhoram a resposta em baixa rotação.
E no Brasil?
Como dissemos na avaliação do Renegade 2019 europeu, a versão reestilizada no Brasil não vai trazer, de cara, os motores turbo. A FCA ainda desenvolve as versões turbo do Firefly por aqui, onde eles manterão a injeção flex e deverão render 120 cv e 160 cv, respectivamente, no 1.0 e 1.3. Segundo fontes ligadas à marca, a estreia por aqui deverá ocorrer somente em 2020, e não num Jeep. A tendência é que o 1.3 apareça primeiro na linha Argo/Cronos, substituindo o atual 1.8 E.torQ, para depois chegar ao Renegade - sem contar modelos inéditos que estão por vir. Já o 1.0 turbinado pode ser atração na próxima mudança do Uno, prevista para a linha 2021.
Galeria: Jeep Renegade 2019 - Primeiras impressões na Europa
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