"Eu não vou celebrar como algumas pessoas", diz Alain Prost sobre o aniversário da morte de Ayrton Senna em Imola, em 1º de maio de 1994 (24 anos atrás). "Eu posso responder a estas perguntas sobre ele, não há problema - ele era um cara excepcional - mas eu só não o vejo da mesma maneira que os outros caras.”
Para entender por que, você tem que entender o histórico dos dois: Prost e Senna tiveram o que foi possivelmente a maior rivalidade da Fórmula 1. Depois que eles se tornaram companheiros de equipe na McLaren em 1988, a primeira faísca voou quando Senna empurrou agressivamente Prost em direção à pitwall no Estoril. Isso levou o francês a declarar: “às vezes admito que fico assustado com ele. Ele estava preparado para fazer qualquer coisa”.
Além de várias disputas pela mídia, que ocorreram antes de Senna ser coroado campeão mundial em 1988, o verdadeiro ponto de início para o amargo conflito foi Imola em 1989. Senna passou Prost na aproximação da curva Tosa, na relargada depois do impressionante acidente de Gerhard Berger, quebrando o que Prost viu como um acordo de cavalheiros, no qual um não poderia passar o outro na primeira curva. Mas Senna foi inflexível: ele o passou antes de completar a curva, então em sua mente isso não contava.
Sendo um jogo por parte de Senna ou lógica distorcida a seu favor, Prost ficou furioso e a inimizade passou a acontecer. Suas sucessivas colisões decisivas em Suzuka em 1989 e em 1990 mancharam a reputação da F1 e fizeram todos verem quão longe um piloto iria para vencer.
Ambos se sentiram muito mal: Senna acreditava que a FIA havia manipulado o resultado de 1989 a favor de Prost. "Resultado da política que tínhamos", afirmava ele. Enquanto isso, Prost questionava a ética de Senna e até sua sanidade.
Mas a antipatia que ressoou por seis anos terminou com a aposentadoria de Prost após seu título em 1993 com a Williams. Daquele ponto em diante, esses inimigos jurados tornaram-se amigos. O que é quase inacreditável, dado o que acontecera antes, quando Senna muitas vezes se recusava a se referir a Prost pelo nome, não se importava em apertar sua mão ou falar diretamente com ele.
"Eu não mantenho os maus momentos ou lembranças ruins em minha mente sobre ele", disse Prost. “Eu mantenho os últimos seis meses da sua vida em mente. Foi quando conheci Ayrton muito mais do que nunca”. "Ele era uma pessoa completamente diferente, eu entendia quem ele era e por que ele estava agindo às vezes."
Quando você considera a ferocidade do duelo, principalmente pelo fato de Senna ter jogado sua McLaren na Ferrari de Prost na primeira curva de Suzuka, em 1990, essa é uma grande mudança. "Eu olho para trás, em como ele era (quando éramos rivais) como um elogio", acrescenta. “Eu entendi que a motivação principal de Ayrton – quase sua única motivação – era se concentrar em mim e me bater.”
“É por isso que quando estávamos no pódio juntos, na Austrália em 1993, quando parei, poucos segundos depois ele já era uma pessoa diferente”. Lembre-se de que, após a sua última vitória, Senna insistiu que Prost permanecesse com ele no degrau mais alto do pódio depois que Alain recebesse seu troféu de segundo colocado, fisicamente puxando-o junto de si.
"Essa é a lembrança do nosso relacionamento que eu carrego comigo hoje." Prost relembra com carinho sua relação pós-aposentadoria com Senna, e reconhece a ironia de que suas conversas da época eram muitas vezes sobre a necessidade de aumentar a segurança dos carros e dos circuitos.
“Perto do fim, quando estávamos mais próximos, era muito estranho, porque falávamos sobre a má segurança e esse tipo de coisa”, disse Prost. “Ele me pedia muitas vezes para assumir a liderança da GPDA e eu dizia não. Tivemos algumas discussões muito particulares nessa época. Foi muito estranho”.
“Guardo essa lembrança dele desde então até seu último dia, porque o encontrei duas ou três vezes e pouco antes da corrida em Imola. É claro que ele já era uma pessoa diferente para mim. É por isso que prefiro pensar nisso sozinho.”
Dos terríveis acontecimentos de Imola naquele fim de semana sombrio em 1994, uma corrida na qual Prost compareceu para comentar na TV francesa, ele falou com Senna em várias ocasiões. Duas vezes na manhã da corrida: uma vez quando Senna o procurou no complexo de TV, e uma segunda vez quando Prost foi vê-lo na garagem da Williams.
Lembre-se também que Senna havia enviado uma mensagem de rádio de dentro do carro ao comentar uma volta em Imola (“um alô especial para meu querido amigo Alain - todos sentimos sua falta, Alain”) durante os treinos.
Prost confirma: “Ayrton me ligou no sábado, então eu o vi no sábado e o encontrei no domingo duas vezes. A principal constante de suas conversas era segurança e o fato de ele não estar feliz com a situação, achando que a Benetton não tinha um carro dentro das regras. Ele estava muito focado nisso, mas era muito estranho. Muito estranho”.
Fonte: Motorsport.com
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