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Barrichello relembra GP da Áustria em 2002: “Vomitei de raiva”

Brasileiro diz que as pessoas “sentiriam nojo” com detalhes daquela conversa pelo rádio com a Ferrari, mas revela desejo de reaproximação com Schumacher

Barrichello relembra Áustria 2002: “Vomitei de raiva”

Rubens Barrichello revelou que os polêmicos acontecimentos do GP da Áustria de 2002 o fizeram “vomitar de raiva”, e acredita que as conversas que teve com a Ferrari naquele dia fariam as pessoas “sentir nojo”. 

O episódio foi um dos mais marcantes da extensa carreira do piloto brasileiro na F1. Na ocasião, Barrichello partiu da pole position e liderou praticamente do começo ao fim, mas cedeu o primeiro lugar a Michael Schumacher já na reta de chegada

Rubinho foi questionado sobre o assunto pelo programa Conversa com Bial e deu uma dimensão do quão transtornado se sentiu com o ocorrido. “Nesse dia, eu saí do pódio e não fui para a sala de imprensa [para a coletiva] porque fui passar mal. Vomitei muito, naquele dia, de raiva”, detalhou. 

“Nós, como brasileiros, deveríamos sentir orgulho pelo fato de que não foi um momento que eu quis, que eu premeditei fazer. Mesmo porque, no ano anterior, aconteceu a mesma coisa pelo segundo lugar e eles me falaram que, se fosse pelo primeiro, eles não iriam falar [a ordem de equipe].”

“Quando falo do orgulho: mudaram as regras da F1 por causa daquele dia. Hoje em dia, você ouve em casa o que o piloto está falando. Nesse dia, se você tivesse ouvido, você ia sentir nojo.”

A disputa do GP da Hungria de 2010

Michael Schumacher, Mercedes AMG F1
Foto: LAT Images

Outro episódio marcante para Barrichello envolvendo Schumacher aconteceu em Hungaroring, em 2010, quando o brasileiro fez uma ultrapassagem sobre o heptacampeão para terminar a prova no décimo lugar.

Schumacher foi bastante criticado por sua postura naquela disputa, já que espremeu Barrichello contra o muro em conduta considerada excessivamente agressiva. 

O brasileiro detalhou a importância daquele momento: “Eu saí do box, olhei para frente e falei: ‘Nossa, é o Schumacher’. E eu de pneu novo. Era pelo décimo lugar, valia um ponto – [era como uma] vitória, não estou nem aí! Eu falei: ‘Deus, se for da Sua vontade que eu possa hoje, com carros diferentes, ir para cima e passar, por favor me ceda isso’.”

“Aí fiquei três voltas atrás do Schumacher e nada acontecia. De repente, o Schumacher errou na última curva. E eu olhei ele indo para o meio [da pista] e parando. Eu pensei: ‘Normalmente, [os pilotos] vão por dentro para deixar o lado de fora, para o cara não passar. Por que ele está fazendo isso?’ Mas não vou perder a chance e vou por dentro.”

“Mas ele estava fechando e, na hora que eu colocasse o bico, ele ia continuar fechando para eu levantar [o pé do acelerador]. Mas eu tinha pedido a chance e, naquele momento, eu não ia tirar o pé por nada na vida. Nada, nada, nada.” 

Por mais que o lance tenha gerado controvérsia na época, Barrichello não condena a postura de Schumacher. “Eu não consigo falar que foi desleal, mesmo porque ele me mandou uma mensagem na segunda-feira [depois daquela corrida] falando: ‘Me perdoe se você achou que fui desleal. Não foi minha intenção.’ No meu telefone celular, vindo dele”, contou.

A relação com Schumacher 

Rubens Barrichello and Michael Schumacher
Foto: Ferrari Media Center

Barrichello também detalhou como era sua relação com Schumacher, com quem dividiu as garagens da Ferrari por seis temporadas. 

“Ele era ótimo com um copo de vinho na mão. Um parceiraço. Mas dentro da pista, dentro da reunião, havia momentos de: ‘Não acredito que você falou um negócio desses’”, contou Barrichello. “Ele adorava meus amigos, ele sentia o calor humano. Ele gostava de mim verdadeiramente.”

O brasileiro confessou que um episódio durante a remoção de seu tumor no pescoço o fez ter ainda mais desejo de se reaproximar do alemão, que, desde 2014, se recupera de um grave acidente de esqui, sendo que suas condições de saúde são desconhecidas do grande público.

“Eu tenho que buscar um pouco isso [a reaproximação]. Eu tomei anestesia geral para fazer isso [retirar o tumor], e o doutor Dino [Altmann], depois que voltou para o quarto, me disse: ‘Você falou do Schumacher’. E já não é a primeira vez. No subconsciente deve ter alguma coisa. Essa ligação nossa não é só através da televisão.”

“Estou buscando meios de saber como posso ir visitá-lo. A primeira vez que tentei, eles negaram porque falaram que não seria legal para mim, e também não vai fazer nenhum bem para ele. Não tenho notícias, mas ele deve estar presente de alguma forma”, completou. 

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