O ano de 2018 começa com a Volkswagen focada em sedãs. Enquanto no Brasil a marca lança o inédito Virtus na próxima semana (22), nos EUA a empresa acaba de apresentar a nova geração do Jetta no Salão de Detroit. Em teoria, são carros de segmentos diferentes, para públicos distintos. Mas a verdade é que eles têm bem mais em comum do que o design da traseira.
A VW brasileira estava carente de um sedã do porte do Virtus, que pudesse ser um passo além do Voyage, mas sem custar o preço do Jetta. A solução veio na forma de uma nova geração do Polo Sedan, só que desta vez com mudanças bem mais profundas na transição de hatch para sedã (que lhe renderam o nome exclusivo). O Virtus chega com entre-eixos de 2,65 metros, o mesmo do Jetta atual, que é 9 cm maior que o do hatch. Com 4,48 m de comprimento, oferece porta-malas de 521 litros.
Desenvolvido sobre a plataforma MQB A0, o Virtus usa uma versão reduzida da base Golf, que por sua vez agora é a mesma do novo Jetta (MQB). A VW ainda não divulgou as medidas do seu novo sedã médio, se limitando a dizer que o entre-eixos foi para 2,68 m (3 cm a mais que antes e apenas 3 cm a mais que o Virtus). Ou seja, pelo visto a maior vantagem do Jetta sobre o Virtus em espaço interno se dará na largura da cabine. Até porque, pelo que já vimos do sedã do Polo, espaço para as pernas e porta-malas são dignos de sedã médio.
No estilo, o Jetta se diferencia pela dianteira mais agressiva. Pelas imagens é possível notar que seu capô é mais largo e com mais vincos que o do Virtus, além dos faróis e grade remeterem ao Arteon, o sedã-cupê de luxo da VW. O Virtus é mais tradicional, apostando num design frontal exatamente igual ao do Polo. Já a lateral dos dois se assemelha mais, principalmente pela presença da terceira janelinha - que não existia no antigo Polo Sedan nem no Jetta atual. Mas é possível notar que o Jetta é mais largo, com uma linha de cintura mais definida. Por fim, a traseira não precisava ser tão parecida. Tampa do porta-malas, lanternas, para-choque... parecem ter sido feitas apenas em proporções diferentes.
Então, como a VW vai fazer para diferenciá-los? Bom, o Virtus vai atuar numa faixa entre R$ 60 mil e R$ 80 mil, sendo ofertado com motor 1.6 de 117 cv com câmbio manual e 1.0 TSI de 128 cv com câmbio automático. A princípio não terá versão com o motor 1.4 TSI, pois esta certamente faria briga interna com irmão maior. Isso porque o Jetta 2019 manteve o 1.4 TSI nas versões de entrada (147 cv na versão norte-americana a gasolina), em vez de trazer o novo 1.5 TSI do Golf europeu. A novidade fica por conta da transmissão, que abandonou o câmbio automático de 6 marchas (usado no Virtus 1.0 TSI) em favor de uma nova caixa de 8 posições. No topo da gama, haverá uma versão com o 2.0 TSI do Golf GTI, com potência ainda não revelada. Preços dificilmente começarão abaixo dos R$ 100 mil (o Jetta atual parte de R$ 94.190).
O Jetta também será mais refinado e terá mais equipamentos que o Virtus. Por ora, a VW dos EUA revelou que o modelo poderá ser equipado com frenagem automática de emergência, assistente de faixa, sensor de estacionamento com alerta de tráfego cruzado e alerta de colisão traseira. Por dentro, o desenho do painel do Jetta mantém o padrão VW de linhas sóbrias, mas com um estilo mais interessante que o do Virtus, principalmente na ragião da central multimídia. Ambos poderão ter o quadro de instrumentos digital, como item opcional.
Ainda que haja alguma sobreposição entre eles no mercado (o que só vamos saber quando a VW informar quais versões do Jetta serão importadas para o Brasil), o importante para a VW é voltar a atuar forte num mercado no qual ela já dominou com o Santana nos anos 1980 e começo dos 1990. A estreia do Jetta 2019 por aqui deverá acontecer no segundo semestre, no mais tardar no Salão de São Paulo, em novembro. Bom seria se a VW brasileira fizesse como a dos EUA e anunciasse o novo Jetta com preço mais baixo que o atual (US$ 18.545 na versão de entrada), mas acho que aí já seria pedir demais...
Fotos: divulgação
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