Antes de chegar ao Brasil, o Renault Kwid teve que enfrentar uma barreira - literalmente! O Global NCAP fez um teste com diversos modelos indianos, para mostrar a falta de segurança dos carros de lá, e o Kwid foi um deles. Bombou no crash-test de três versões diferentes, tirando nota zero. Como o modelo brasileiro foi muito melhor e recebeu 3 estrelas do total de 5, a entidade acredita que isso é uma prova de que as fabricantes podem reagir de forma rápida para tornar seus carros mais seguros.
O caso ilustrou parte do discurso de David Ward, secretário geral do Global NCAP, em um encontro da FIA em Washington (EUA). Ward usou a diferença de resultado do Kwid indiano para o brasileiro para exemplificar como a Renault pôde mexer na plataforma CMF-A para que ela superasse as exigências de segurança das Nações Unidas. Para o secretário, há uma percepção errada sobre o custo para deixar os carros de países emergentes mais seguros – as fabricantes sempre dizem que isso iria elevar demais os preços dos veículos. O Global NCAP quer que, até 2020, todos os carros estejam dentro das normas das Nações Unidas, o que deve custar cerca de US$ 200 por veículo (aproximadamente R$ 650).
Na comparação do teste de colisão do Renault Kwid indiano e do brasileiro, é possível notar a diferença estrutural com facilidade. O impacto faz com que a porta dianteira do Kwid asiático entorte, enquanto a do nacional nem se mexe. Outro indicativo é a coluna A. No Kwid indiano, ela entorta do lado do impacto, espatifando o vidro e empurrando o painel de instrumentos. Nada disso acontece com o subcompacto brasileiro, que se mantém com a estrutura estável.
Após a divulgação do crash-test do Kwid indiano, a Renault do Brasil correu para adiantar que, apesar de ser um projeto global, o carro recebeu mudanças estruturais para ser vendido por aqui. É, por exemplo, 20% mais pesado, sendo que só a estrutura do banco do motorista pesa 9 kg a mais. Usa chapas de aço de alta resistência, além de ganhar o sistema ISOFIX para assentos infantis e os airbags laterais – o primeiro carro do segmento a vir com este item de série.
O que faz o caso ser tão importante é que o teste do Latin NCAP segue o mesmo critério que o do Global NCAP. O Kwid indiano foi atualizado duas vezes, com reforços feitos de forma a só tentar superar o teste de colisão, voltados para a área do motorista. Além disso, pelas regras do país, airbags não são obrigatórios, e por isso a Renault equipou apenas o lado do condutor com a bolsa inflável. E, mesmo assim, continuou a tirar nota zero nos testes. Ou seja, fica claro que melhorar a segurança dos carros passa não somente pelas fabricantes, mas também pelas exigências dos governos locais.
Fotos: Global NCAP e Latin NCAP
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