Se no jornalismo esportivo esta é a época de conjecturar sobre contratações, transferências e dispensa de jogadores (seu time vai jogar a Libertadores 2018?), aqui na redação do Motor1.com é hora de analisar como foi o mercado de 2017 e fazer nossas apostas para 2018. Qual será o Top 10 de vendas no ano que vem? Algum lançamento tem chance de aparecer entre os mais vendidos? Alguma novidade de 2017 pode crescer no próximo ano?
A meu ver, a grande questão de 2018 é a performance do Kwid. Com preços a partir de R$ 30 mil e o fator emocional a seu lado (estilo "mini SUV"), ele chegou com tudo e no segundo mês de loja emplacou mais de 10 mil unidades, assumindo de cara a segunda colocação do mercado. Mas, logo em seguida, problemas nos freios e depois no tubo de abastecimento fizeram com que o carrinho tivesse suas entregas travadas pela Renault. Foi feito um recall de todas as unidades vendidas até então, mas as entregas continuam longe de voltar ao normal. O problema é que muita gente ainda espera o Kwid que encomendou em meados do ano, e muitos desses consumidores acabaram desistindo da compra. Em conversa com fontes da Renault, soubemos tudo está certo para começar 2018 com gás total, e que a capacidade produtiva permite chegar a cerca de 10 mil unidades mensais. Será que voltará ao normal? Em caso afirmativo, vejo potencial para brigar pelo pódio, ou no mínimo Top 5.
De todo modo, imagino mais um ano de tranquilidade para o Chevrolet Onix na ponta. Ele tem vendido mais que a soma dos rivais mais próximos, HB20 e Ka, e não há nada no radar a curto prazo que possa mudar este cenário. Quem corre risco é o HB20, pois o Ka vem numa crescente e em 2018 ganhará reestilização e câmbio automático, além do novo motor 1.5 de 3 cilindros. Assim, o hatch da Ford pode conseguir um impulso extra nas vendas, pois atualmente o volume do modelo é muito concentrado nas versões 1.0 e tende a ficar mais heterogêneo.
Entre os sedãs compactos, as estreias de Fiat Cronos e VW Virtus prometem mexer com o segmento. Mas, assim como ocorre com o Onix, acho difícil um desses dois quebrar a hegemonia do Chevrolet Prisma no segmento. Bem estabelecido no mercado e com versão 1.0 Joy a preço agressivo, ele pode ter problemas apenas nas versões mais caras. Fiat diz mirar o Prisma com o Cronos, mas, a julgar pelos preços do Argo, o novo sedã não sairá por menos de R$ 58 mil, enquanto Prisma parte de R$ 46 mil - lembrando que não haverá Cronos 1.0, somente 1.3 e 1.8. Já o Virtus terá preços estimados entre R$ 60 mil e R$ 80 mil (também considerando os valores do Polo), mas com maior ênfase nas versões mais caras, com motor 1.0 TSI e câmbio automático. Não deve ter dificuldade de bater Honda City (que será reestilizado) e Chevrolet Cobalt, mas, por seu posicionamento, o Top 5 do segmento já seria uma boa meta. Quem tende a perder mercado, novamente, é a Hyundai com seu HB20S - atualmente em terceiro, atrás do Voyage, que vai muito bem nas vendas diretas e pode ganhar fôlego com a estreia do câmbio automático.
Se a família HB20 está em baixa (renovação só deve pintar em 2019 ou 2020), a Hyundai aproveita para colher os frutos com o SUV Creta. Com um ano de loja, o modelo já começou a vender mais que o principal rival Honda HR-V e que o Jeep Compass, o campeão improvável de vendas entre os SUVs no Brasil (por seu porte e preço superiores). Se seguir a tendência do fim de 2017, o Creta tem tudo para liderar o segmento em 2018. Mostra força por contar com diversas versões (incluindo a nova Sport) e dois motores (1.6 e 2.0), atingindo uma grande faixa de mercado. A Honda terá de fazer mudanças no HR-V (alguns flagras no exterior pegaram o modelo levemente camuflado) para não ficar para trás.
A esperada entrada da VW no segmento de SUVs compactos acontecerá em 2018, mas ao que parece na teoria. Explico: o T-Cross, SUV derivado do Polo, deverá ser apresentado no Salão do Automóvel em novembro, mas suas vendas começarão somente no início de 2019. Enquanto isso, o Polo vem ganhando espaço e tem tudo para se firmar no Top 10, principalmente após cobrir o buraco que existe na gama entre R$ 55 mil a R$ 65 mil, a ser preenchido pela nova versão 1.6 com câmbio automático. A versão 1.0 aspirada de entrada é pra inglês ver - respondeu por apenas 3% das vendas no começo. Um mundo bem diferente do rival Fiat Argo, que já concentra 40% na versão 1.0, e tende aumentar esse mix com a estreia de uma nova versão de acesso, chamada simplesmente de Argo, para entrar de vez na briga contra Ka e Onix Joy. Agressivo assim, deve disputar lugar no Top 5, chegando às almejadas 6.500 unidades mensais.
Por fim, no segmento de comerciais leves, não há muitas nuvens no céu de brigadeiro da líder Fiat. A Strada deverá continuar na liderança folgada, pois tem chances de ganhar uma nova geração (baseada na Fiorino) e não existe previsão de mudanças na concorrência. Da mesma forma, a Toro não deve sofrer com a chegada de nenhuma rival, pois a picape cabine dupla da VW (plataforma MQB) virá apenas entre 2019 e 2020. Entre as médias, a Frontier passará a ser vendida em toda sua gama de versões, a Amarok terá a versão V6 para somar e Renault vai entrar no segmento com a Alaskan. Boas apostas, mas nada que faça frente ao volume das líderes Hilux e S10.
E para você, o que acontecerá no mercado automotivo em 2018? Faça suas apostas nos comentários abaixo!
Fotos: arquivo Motor1.com e divulgação
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