Qualquer um que dirige sabe o quanto nossas rodovias são mal cuidadas e estão quase sempre cheias de buracos e imperfeições. Um novo estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) revela que o Brasil ainda usa os mesmos métodos de pavimentação desde 1960, e que não há plano de manutenção preventiva. Além disso, não são consideradas diversas variações que afetam a durabilidade do piso, sejam elas climáticas ou de tipo de veículo que roda nas estradas. Ou seja, usamos técnicas com quase 60 anos de atraso.
De acordo com a CNT, as estradas brasileiras estão erradas desde sua concepção. O Brasil ainda utiliza um método empírico para desenvolver o projeto que não incorpora teorias sobre o comportamento do pavimento. Sem isso, não conseguem prever os danos no asfalto com o tempo. Pior ainda, esse método foi revisado pela última vez em 1960.
Sem essa revisão técnica, as estradas deixam de receber novas técnicas de desenvolvimento e construção, novos materiais e conhecimento sobre o impacto dos novos tipos de veículo. Ainda temos pavimentos que levam em conta a carga que caminhões carregavam nos anos 1960. Não se levam em conta a dimensão do país e suas diferenças climáticas. Para comparar, Portugal tem três faixas climáticas, enquanto o Brasil utiliza só uma para todos os estados, de norte a sul.
Outro problema levantado pelo estudo da CNT são os materiais utilizados. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) acaba escolhendo o uso de projetos das empreiteiras que tenham custos menores, como materiais flexíveis, que têm vida útil menor e exigem mais manutenção. Porém, no longo prazo, os serviços de reparo acabam elevando o custo total da obra em até 24%. A entidade cita que algumas empresas estão investindo em novas técnicas.
Falta controle por parte do governo em todos os aspectos. Há pouco controle de pesagem nas rodovias, o que acaba sendo aproveitado pelos usuários, que viajam com os veículos sobrecarregados. Os projetos das estradas são feitos sem pensar na manutenção preventiva, tanto no planejamento quanto no orçamento para realizar o reparo. Segundo a CNT, cerca de 30% das rodovias federais não têm nenhum contrato de manutenção.
Contudo, há uma luz no fim do túnel. O DNIT admite a necessidade de atualizar suas normas para pavimentação das rodovias e iniciou um estudo nesse sentido. Promete ser lançado até 2018. No entanto, deve levar anos para para que possa mudar a situação de nossas estradas.
Foto: Governo de Alagoas
Fonte: Confederação Nacional do Transporte
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