A divulgação dos resultados da Abeifa (Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores) foi a ocasião perfeita para falar com José Luiz Gandini. Além de presidente da entidade, o empresário é também o importador oficial da Kia e da Geely para o Brasil. Sempre de olho em uma fábrica no Brasil, talvez a Geely fosse a oportunidade certa para o empresário finalmente ter uma operação industrial e não depender de importados. A chance realmente existe, mas talvez não de pronto.
"Não dá para descartar nenhuma possibilidade, mas não neste momento. Quando negociei a representação com a Geely, ela queria vir com fábrica e tudo para o Brasil, mas eu os aconselhei a não fazer isso. Primeiro eles têm de testar o mercado, ver como será a recepção a seus produtos", disse Gandini.
Com a crise econômica e outras dificuldades, como o sistema de cotas para evitar os 30 pontos adicionais de IPI, a marca chinesa deixou de vender seus carros por aqui. Mas continua presente e sob o comando de Gandini, que pode retomar as importações em 2018, com o encerramento do Inovar-Auto.
Na China, a Geely é considerada uma marca de primeiro time, capaz de concorrer com as estrangeiras pela preferência dos consumidores locais. Com a compra da Volvo, a empresa passará a usar em breve a plataforma CMA, modular, o que deve dar origem a modelos de reputação ainda melhor. "Com os novos produtos, a Geely teria grandes chances de sucesso no Brasil, mas vejamos o que 2018 nos reserva", falou o empresário.
Para Gandini, uma fábrica local eliminaria as incertezas de câmbio e impostos. E ajudaria muito a proteger a rede de concessionários, a primeira que sofre com qualquer restrição a vendas. "Tento ter uma fábrica brasileira da Kia desde 1997, mas, com a operação no México, fica bem mais difícil. Se vier, será só daqui a muitos anos", disse o empresário.
Uma fábrica da Geely poderia ir além destas vantagens. Caso as coisas melhorem por aqui, e a Kia algum dia resolva assumir sua representação brasileira, como a Hyundai tentou ter no caso da CAOA (sem sucesso), o executivo poderia continuar a contar com a Geely. Eventualmente como seu sócio.
Vencedor de prêmio de melhor importador da Kia no mundo diversas vezes, Gandini é um dos poucos empresários da primeira onda de importação a continuar no mercado. Isso certamente contou para que a Geely o escolhesse como seu representante no Brasil. E deve ajudá-lo a chegar ao estágio seguinte: o de fabricante nacional.
Fotos: divulgação
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