A Nissan tem um futuro promissor na América Latina. Iniciou recentemente a produção do Kicks no Brasil, em breve fabricará a picape Frontier na Argentina e tem um modelo desejado nas mãos: o novo March (Micra, na Europa). Conversamos sobre o assunto com Jose Luis Valls, chairman da Nissan para América Latina, no Salão de Buenos Aires, e ele confirmou o desejo de vender a novidade por aqui. E mais: com produção nacional.
A nova história do March começou em setembro do ano passado, com sua revelação mundial no Salão de Paris. Além do enorme salto em estilo e acabamento, o compacto também marcou a estreia da nova plataforma CMF-B, versão da CMF (Common Modular Family) da aliança Renault-Nissan. O objetivo foi dar mais refinamento à construção, qualidade e dirigibilidade para elevar o nível também dos concorrentes na Europa. Agora o compacto da Nissan chama para a briga modelos como Volkswagen Polo, Ford Fiesta e Opel Corsa. No Velho Continente, esse novo posicionamento também se refletiu em uma elevação considerável de preços.
E é por conta desse refinamento que o novo March vai demorar um pouco para dar as caras por aqui. A Nissan já se movimenta neste sentido, mas o que vai definir a sua chegada será o custo. E a plataforma. “Estamos muito interessados no novo March, mas queremos produzi-lo em Resende e que seja competitivo em custo”, disse Valls.
Na fábrica da Nissan em Resende, Rio de Janeiro, são produzidos atualmente os modelos March, Versa e Kicks. Os três são construídos sobre a plataforma V, o que dá ganho em escala e torna viável em termos de custos. O novo March é feito sobre uma plataforma mais moderna e mais cara, pensada inicialmente para o mercado europeu.
“Estamos pensando como podemos fazer com que seja viável para a Nissan em custo, porque precisa ser viável. Estamos estudando diferentes alternativas, mas ainda não há nada definido. Não está definido se utilizará uma nova plataforma ou a mesma do March atual”, completou Valls.
Como o Kicks é um projeto novo e feito sobre a plataforma V, é grande a possibilidade do Novo March para o Brasil ser feito sobre a mesma plataforma. Por diversas vezes, o executivo alertou que a nova geração foi pensada para o mercado europeu mirando outros rivais. Uma nova plataforma por aqui, com o cenário político e econômico atual, parece não ser um caminho simples.
Importação, para acelerar a chegada da nova geração, também não está nos planos. “Estamos buscando alternativas para ter o novo March em alto volume. Se trouxermos, a intenção é produzir”, afirmou o executivo.
E o México? O March feito em Aguascalientes, também ao lado do Kicks, é o mesmo daqui. De lá, é exportado para vários mercados onde os concorrentes são carros de entrada, como aqui. Assim, a estratégia que aparenta estar sendo desenhada é a mesma do Brasil. América Latina, Canadá e Índia devem ter um novo March específico, mais barato, pois os rivais são diferentes.
De qualquer forma, o que interessa mesmo é que vamos demorar um pouco para ter um novo March por aqui. Pelos próximos dois anos, devemos seguir com a oferta atual. “O que dissemos não é o que todo mundo quer ouvir, por que há seu devido tempo”, finalizou o executivo.
Por Fábio Trindade, de Buenos Aires - Argentina
Viagem à convite da Anfavea
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