A Fiat resolveu aproveitar os testes com unidades camufladas do projeto X6H para começar a divulgação do carro. Na última quinta-feira, colocou o hatch para rodar nas principais capitais do país com o adesivo #DescubraArgo colado na carroceria ainda coberta, para que as pessoas conhecessem em primeira mão o nome do futuro carro da marca: Argo. Ele chegará em junho ao mercado como substituto do Punto e das versões mais caras do Palio.
A estratégia é inédita no Brasil, mas já vem sendo usada na lá fora. Uma semana antes do Fiat Argo, a próxima perua da Jaguar foi flagrada camuflada e com um adesivo na lateral (#xfsportbrake) também antecipando que carro é aquele que vai chegar às lojas em breve. O que não deixa de ser uma boa ideia, afinal, um carro camuflado chama mais atenção que um carro "limpo" pelas ruas. E procurando a hashtag (#) com o nome do modelo na internet, o interessado vai encontrar facilmente o site da marca ou modelo em questão.
Camuflar a carroceria é um modo de não estragar a surpresa que um novo veículo possa gerar ao ser oficialmente revelado. Também não costuma ser de interesse de uma marca que o consumidor saiba que aquele carro vai mudar, sob pena de atrapalhar as vendas do modelo atual. Mas isso vem diminuindo. Nos EUA, já é comum as montadoras divulgarem quando virão os face-lifts de meia vida e a próxima geração de um carro. O consumidor, ciente disso, pode ir atrás de descontos quando as mudanças estiverem para acontecer.
Carros camuflados também aguçam a imaginação dos jornalistas automotivos. E as montadoras já deram um jeito de também aproveitar essa ansiedade: chamando alguns veículos de comunicação para dirigir um novo carro ainda em fase final de testes, com a carroceria camuflada e o painel coberto com panos e plásticos. Foi assim quando a Hyundai estava desenvolvendo o HB20 e levou, em 2011, alguns jornalistas brasileiros para o centro de desenvolvimento da marca em Namyang, na Coreia do Sul. Depois, já no Brasil, a história se repetiu na pista de testes da fábrica de Piracicaba (SP).
A Volkswagen também usa dessa estratégia na Europa. Há cerca de uma semana, levou jornalistas do Velho Continente para dirigir, em antecipação, o novo Polo em testes na África do Sul. A ideia é antecipar principalmente as qualidades do novo carro em questão, fazendo, quem sabe, com que algum leitor espere a chegada do modelo às lojas antes de comprar um concorrente. Também é uma oportunidade de acertar algum último detalhe antes do lançamento oficial, colhendo as opiniões dos jornalistas durante o test-drive prévio. No caso do HB20 lá na Coreia, por exemplo, andamos com dois engenheiros da Hyundai no banco traseiro nos "bombardeando" de perguntas.
A JAC fez coisa parecida antes de lançar por aqui a versão automática do T5, com câmbio CVT. Durante o desenvolvimento do modelo no país, a marca convocou um evento para que os jornalistas pudessem dirigir o modelo ainda camuflado, e ainda sem a afinação final. Neste caso, o teste prévio também serviu para mostrar que o carro final realmente evoluiu na comparação com aquele protótipo que foi dirigido meses antes.
Por fim, tem marcas que desejam apenas "fazer barulho" na mídia e nas redes sociais com a divulgação de fotos de um novo carro ainda camuflado, num ambiente específico. Foi o caso da Renault ao mostrar pela primeira vez o Sandero RS, que foi fotografado com a carroceria coberta rodando num autódromo ao lado de outros esportivos da casa, como Mégane RS. Foi o jeito de mostrar que estava vindo um novo RS por aí.
E você, lembra de algum outro carro que começou a ser divulgado pela própria marca antes de aparecer por completo? Só não valem aqueles manjados teasers mostrando pedacinhos da carroceria dias antes da estreia...
Fotos: divulgação e leitores Fabio Mucke e Leonardo Silveira Júnior (Fiat Argo)
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