Não será exagero dizer que o Rally Dakar 2017 terá mais competitivo grid dos últimos anos. Selecionamos 10 acontecimentos a que você deve ficar atento durante o evento:
A versão 2016 do Peugeot 2008 DKR foi evidentemente o melhor conjunto na categoria automóveis da última edição, e mesmo assim a vitória da marca francesa foi tudo, menos confortável.
A liderança que eles tinham até a metade do rali rapidamente desapareceu perto do final - e mesmo com Peterhansel levando a vitória para casa, a equipe X-Raid protestou pela regras de reabastecimento confusas, o que significou que a vitória só seria confirmada meses depois.
Na edição de 2016, a Peugeot levou vantagem nas etapas "WRC-style", mas segurou o título nas etapas mais longas também. Agora chamado de 3008DKR, o carro foi melhorado, enquanto as quatro equipes continuam as mesmas, significando que a Peugeot continuará a ser a referência este ano.
Peterhansel - que venceu 12 vezes o rali e tem o apelido de "Mr. Dakar" - deverá ser, como sempre, o principal nome, e usará sua experiência nas etapas mais difíceis. Mas o campeão de 2010, Carlos Sainz, deverá ser um concorrente forte, assim como ele foi azarado ao perder em 2016 por uma caixa de câmbio defeituosa.
Entre as estrelas, a lenda do WRC Sebastien Loeb e o cinco vezes campeão nas motos Cyril Despres ainda precisam pegar o jeitão da prova. Mas Loeb pareceu rápido em sua estréia no ano passado, e Despres está evoluindo, dando à Peugeot uma vitória no Silk Way Rally em julho.
Considerando a atenção que ele deve receber, Loeb merece uma menção própria. Sua estréia no Dakar em 2016 obviamente seria um negócio importante, com os 9 títulos de campeão do WRC dando força a seu nome e seu sucesso em outras categorias provando sua versatilidade. Mesmo com tanta pressão, ele fez uma boa corrida.
Loeb e seu navegador Daniel Elena se sentiram em casa na etapa da Argentina, com estágios semelhantes aos do WRC, antes de rolarem um barranco sem sinalização, o que acabou com as suas chances de vitória. A condução no off-road foi uma de suas fraqueas, Loeb admitiu, mas ele e Elena estão trabalhando pesado para corrigir isso.
Mikko Hirvonen, rival de Loeb na época de WRC, outro debutante do Dakar em 2016, não foi tão bem quanto o francês, mas recebeu elogios com sua tocada nos estágios fora-de-estrada e conquistou um impressionante quarto lugar.
Em parceria com o navegador Michel Perin, Hirvonen fez seu primeiro cross-country com um Baja húngaro em 2016 e tem chances de ser o líder da equipe Mini X-Raid em seu segundo Dakar.
A estrela do Dakar, Nasser Al-Attiyah, ficou muito próximo de acabar com a vitória da Peugeot em 2016 e fechou uma forte sequencia de três anos pela X-Raid Mini - com três pódios em três tentativas, com uma vitória em 2015.
Mas seu contrato acabou e a Toyota Gazoo pegou o piloto, dando a ele uma chance de levar o carro para a primeira vitória no Dakar e a terceira com três diferentes fabricantes - a primeira foi com a Volkswagen, em 2011.
É cedo para prever o que irá acontecer, mas não há dúvidas de que Al-Attiyah, seu navegador Mathieu Baumel e a Toyota Hilux, já provaram ser uma combinação potente.
Ele se destacou no Campeonato Mundial da FIA de Cross-Country, vencendo seis eventos - entre eles, o Rali do Marrocos, quando teve uma importante vitória sobre Carlos Sainz, que estava estreando o novo Peugeot.
A chegada de Al-Attiyah é provavelmente o motivo pelo qual Sainz não apenas reconhece a Toyota como a maior rival da Peugeot, mas até que a marca japonesa possui uma ligeira vantagem.
Não podemos dizer que a linha de frente da Toyota é apenas Al-Attiyah, já que ele não é o único vencedor do Dakar que a marca levou da Mini.
O outro é Nani Roma, que venceu pela Mini em 2011 e foi campeão sobre duas rodas em 2004. Ele ficou em sexto lugar no ano passado, com seu navegador Alex Haro - mas a dupla está mais próxima da vitória agora.
A Toyota manteve o campeão do Dakar de 2009 - o sul-africano Giniel de Villiers - que liderou a equipe japonesa no ano passado e foi até o final em todas as 13 etapas que começou do Dakar.
Indo na direção contrária de Al-Attiyah e Roma, Yazeed Al-Rajhi foi para a Mini, e o saudita pode ser um grande passo para a X-Raid. Com formação no WRC2, Al-Rajhi teve terceiro lugar em sua estréia no Dakar em 2015 antes de um problema mecânico. Ele não teve uma boa participação em 2016, mas é uma das promessas no campeonato da FIA - e terá ao seu lado o navegador já campeão do Dakar, Timo Gottschalk.
O americano Bryce Menzies estaria na X-Raid para seu primeiro Dakar, mas ele se machucou - e Orly Terranova foi chamado para seu lugar. O argentino não terminou nenhum Dakar em posição melhor que quinto lugar, mas ele venceu muitos estágios e mostrou velocidade suficiente para figurar como um competidor que corre por fora.
Quando o assunto é motos no Dakar, uma marca domina: KTM. A última vez em que a fabricante austríaca perdeu sobre duas rodas foi em 2000. Desde então, a categoria é uma competição quase exclusiva entre Marc Coma e Cyril Despres.
Isso mudou no ano passado, lógico, com a aposentadoria de Coma (Despres mudou para a categoria dos carros), mas a KTM ainda está no topo com Toby Price. Como o único campeão da categoria, o australiano, que colocou o Rallye do Marrocos em seu currículo em outubro, deve largar como favorito, mas a disputa será brava - não menos que dentro de sua própria equipe.
Primeiro, ali está Mathias Walkner, que fez uma impressionante estréia em 2015 - ganhando o terceiro estágio - antes de ficar doente. No ano passado, o austríaco ficou entre os três primeiros, apenas alguns minutos atrás de Price, quando bateu e quebrou o fêmur e ficou de fora do evento. Ele poderia ter pressionado seu companheiro de equipe se tivesse continuado.
Outro piloto da KTM para se observar é Briton Sam Sunderland, que ficou de fora do Dakar no ano passado, mas mostrou velocidade em suas três aparições anteriores, vencendo etapas em 2014 e 2015, sendo o último em sua primeira aparição pela KTM. Mais recentemente, ele venceu o Qatar Sealine Rally, terminando em segundo o Cross Country, atrás de Pablo Quintanilla.
Se a KTM é quase insuperável na divisão de motos pelos últimos 16 anos, não foi por falta de tentativa de seus competidores. Honda e Yamaha em particular têm se esforçado bastante para tirar o domínio austríaco nos últimos anos, com trabalho de equipe e recursos próximos da KTM.
A última vitória da Yamaha aconteceu em 1998 - cortesia de S. Peterhansel, antes de trocas as duas pelas quatro rodas - e o mais próximo de acabar com a espera foi Helder Rodrigues, que venceu oito estágios e terminou em quinto lugar no ano passado. Ajudando o veterano português estará Adrian van Beveren, um dos mais importantes membros dos veteranos de 2016, e Alessandro Botturi.
Para a Honda, a espera acontece desde 1989, e quem levará esta responsabilidade nas costas é mais uma vez Joan Barreda, um dos mais rápidos pilotos do Dakar nos últimos anos, mas também um dos mais azarados. Com 14 estágios vencidos (mais que qualquer outro do grid atual), ele não terminou acima de sétimo, com boas chances de vitória em 2015 e 2016, perdidas por quebras.
Dessa vez, Barreda terá Michael Metge como seu companheiro, enquanto outro experiente português, Paulo Gonçalves, e o americano Ricky Brabec completam os 4 da Honda. Kevin Benavides, que terminou em um impressionante quarto lugar em 2016, seria o quinto homem, mas foi forçado a abandonar dias antes da largada com um pulso quebrado.
A competição entre os caminhões no Dakar é sinônimo de Kamaz há um bom tempo, desde que a fabricante russa ganhou 12 das 16 corridas desde 2000. Mas, no ano passado, para quebrar a regra, Gerard de Rooy venceu com a Iveco.
De olho no seu retorno para o topo, a Kamaz chega para este Dakar com uma equipe melhorada. Os vencedores do passado, Ayrat Mardeev e Eduard Nikolaev, estão de volta, assim como Dmitry Sotnikov. Andrey Karginov, por enquanto, irá correr o alternativo Africa Eco Race e será substituído por Anton Shibalov, que tem três vitórias no evento.
Mas a equipe de De Rooy e da Iveco, apoiada pela Petronas, ainda será forte. Por si só, ele já é uma garantia de briga boa pela vitória neste rali, e o outro caminhão da equipe Powerstar, pilotado por Frederico Villagra, completará as chances pelo topo. A estrela argentina levou um excelente terceiro lugar em sua estréia na categoria em 2016.
Há vários outros pilotos que podem acabar com a festa da Kamaz contra a Iveco, entre eles Ales Loprais (Tatra), o campeão de 2007, Hans Stacey (MAN), e Martin van den Brink (Renault), que ganhou o Rali da Líbia em 2016 e ficou bem perto de quebrar a dobradinha da Kamaz no Silk Way Rally.
A edição de 2016 do Dakar teve um grande grid com quads, o que produziu uma batalha pela vitória. Com os líderes caindo um a um - o chileno Ignacio Casale, que perdeu a liderança com uma quebra de motor e uma fratura na clavícula em uma queda - os irmãos Marcos e Alejandro Patronelli ficaram com as duas primeiras posições e cruzaram a linha final.
Nenhum Patronelli irá correr em 2017 (Marcos disse que eles não gostaram da rota) e há outros pilotos de quadricículos que terão suas faltas sentidas, como Brian Baragwanath, da África do Sul, e o machucado Alexis Hernandez, do Peru.
Mesmo assim, não significa que não terá emoção. O maior foco estará nos vencedores do passado - o sempre rápido Casale, que vem de uma longa recuperação de sua queda, o polonês Rafal Sonik, que completou 50 anos em 2016, e o tcheco Josef Machacek, voltando aos quads com quase 60 anos, depois de dois Dakar em carros.
E há ainda uma chance de um vencedor de primeira viagem, considerando a quantidade de competidores que a categoria tem. O russo Sergey Karyakin, que terminou em quarto no ano passado, é um desafiante, assim como Marcelo Medeiros, que ficou na frente em sua estreia em 2016 antes de um acidente.
O Dakar costuma ter nomes conhecidos para os fãs de competições, inclusive de outras categorias, e 2016 não foi uma exceção
Um exemplo é o campeão do WEC Romain Dumas, que trocou seu Porsche pelo Peugeot 3008DKR para a sua terceira tentativa no enduro. Terminando em 20º no ano passado, o francês colocou como meta pessoal terminar entre os 15 desta vez, e há uma boa chance de isso acontecer se ele tiver mais sorte dessa vez.
Também pilotando um Peugeot está Khalid Al Qassimi, conhecido do WRC com a Citroën. O piloto está fazendo sua estréia no Dakar, mas ganhou três ralis de longa duração no ano passado em Abu Dhabi, Aragon e Marrocos. Se terminar, será um bom resultado.
Os fãs do WRC também notarão a presença de Martin Prokop, que chega após sua 14ª posição no ano passado e troca a Toyota pela Ford para a segunda tentativa. Xavier Pons ainda está na Ford para seu segundo Dakar, sendo uma promessa após seu terceiro lugar na etapa prévia.
O ex-piloto da Citroën Conrad Rautembach está agora na Toyota Gazoo Racing para seu primeiro Dakar, chegando no último minuto para substituir Leeroy Poulter.
Finalmente, o piloto do WTCC Tom Coronel e seu irmão gêmeo Tim estão de volta em seu buggy com motor Suzuki para outra tentativa de vitória em solo sul-americano. Apenas Tim levou o carro até o final no ano passado, voltando para casa em 35º. Sem dúvidas, Tom vai querer o direito familiar de se gabar dessa vez.
A mais recente edição do Rally Dakar foi uma excitante competição com voltas e curvas pelo caminho, mas teve seu problemas na rota e no nível de desafios.
Alguns participantes lamentaram, principalmente na primeira semana, a maioria dos trechos em estradas "WRC-Style", que contrasta com os desafiantes trechos do Dakar da época em que era feito na África.
Sendo as reclamações justificadas ou não, a organização diz que adotou um novo foco nos desafios e missões. O diretor esportivo do Dakar, Marc Coma, concordou que a navegação "perdeu um pouco da importância" nos últimos eventos - e diversas regras foram feitas para mudar isso. A organização produziu uma rota para 2017 que deverá dificultar o trajeto em comparação com os anteriores.
Esta é a expectativa do vencedor de 2016 pela Peugeot, Peterhansel: "No papel, parece tudo igual, mais fácil que no passado. Os estágios estão mais longos e mais complicados, e há menos partes com estrada parecida com o WRC".
A edição de 2017 abre a participação da capital do Paraguai, Asunción, mas com rápida volta para a Argentina, onde a maioria dos estágios será realizada. Mas o desvio do quinto dia para a Bolívia demanda mais atenção, com uma rota desconhecida combinada com a grande altitude.
O estágio na Bolívia é um dos mais aguardados - o trecho entre La Paz e Uyuri, em 9 de janeiro, deverá ser feito, segundo o regulamento, sem a ajuda das equipes. Mas o trecho da Argentina, em 11 de janeiro, é puxado para todos - quase 1.000 km de Salta para Chilecito - e com chances de ser decisivo para saber quem será o vencedor.
Data | Começo | Final | Trecho cronometrado (km) | Altitude | ||
Motos | Carros | Caminhões | ||||
2 de janeiro | Asuncion | Resistencia | 39 | 39 | 39 | 100-200m |
3 de janeiro | Resistencia | Tucuman | 275 | 275 | 284 | 200-300m |
4 de janeiro | Tucuman | Jujuy | 364 | 364 | 199 | 1700-5000m |
5 de janeiro | Jujuy | Tupiza | 416 | 416 | 416 | 3000-3500m |
6 de janeiro | Tupiza | Oruro | 447 | 447 | 438 | 3700-4400m |
7 de janeiro | Oruro | La Paz | 527 | 527 | 513 | 3800-4400m |
8 de janeiro | La Paz - dia de descanso | |||||
9 de janeiro | La Paz | Uyuni | 322 | 322 | 322 | 3700-3900m |
10 de janeiro | Uyuni | Salta | 492 | 492 | 492 | 3000-4400m |
11 de janeiro | Salta | Chilecito | 406 | 406 | 406 | 2200-3000m |
12 de janeiro | Chilecito | San Juan | 449 | 449 | 449 | 800-3000m |
13 de janeiro | San Juan | Rio Cuarto | 288 | 292 | 288 | 400-2200m |
14 de janeiro | Rio Cuarto | Buenos Aires | 64 | 64 | 64 | 200-600m |
Co-autor: Jamie Klein, Editor
Fotos: divulgação
Fonte: Motorsport.com
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