A América Latina estaria pelo menos 13 anos atrasada em relação à Europa quando o assunto é segurança dos carros. E os fabricantes instalados por aqui economizariam neste quesito, segundo Alejandro Furas, secretário-geral do Latin NCAP e Diretor Técnico do Global NCAP. A constatação foi feita em uma entrevista ao jornal Clarín, da Argentina, que contou com mais uma série de depoimentos dizendo algo de que já desconfiamos faz tempo: segurança não é prioridade por essas bandas. Seja nas prioridades de compra dos consumidores, seja no planejamento das fabricantes.
Azar não só das pessoas que se ferem ou morrem em acidentes de carro, mas também da economia. Segundo o Global NCAP, mais de US$ 143 bilhões poderiam ser economizados entre 2016 e 2030 se os veículos vendidos por aqui atendessem a todas as 77 solicitações da ONU em termos de segurança automotiva. E a coisa toda fica um pouco pior. "Na América Latina, o estudo demonstrou que há modelos que vão piorando em termos de qualidade construtiva na medida em que passam os anos de sua produção, sempre em prejuízo da segurança, enquanto os governos não conseguiram perceber essa piora, apesar dos controles que dizem ter", disse Furas.
Um exemplo recente foi a descoberta de que muitos modelos deixaram de ter barras de proteção laterais, um item que era considerado tão padrão na indústria que ninguém desconfiava que pudesse ter sido tirado de circulação. Segundo o Clarín, Furas disse que, se duas unidades de um mesmo modelo, um feito na América Latina e o outro na Europa, sofrerem o mesmo tipo de acidente, "na Argentina ele se enruga inteiro e lá a estrutura fica quase intacta".
Para corrigir a situação, o Latin NCAP sugere que os governos deveriam ter estruturas próprias de avaliação e medição dos automóveis, como a que o Inmetro planeja criar na antiga fábrica da FNM em Xerém, no Rio de Janeiro.
Fotos: divulgação
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