Muita gente acha que não adianta nada ter carros elétricos se caminhões e ônibus continuarem a poluir as ruas e estradas com a fumaça preta do diesel. Não sabemos se essa foi a inspiração da Nikola Motor, mas ela mostrou que não está para brincadeira ao revelar seu primeiro caminhão, o Nikola One, em Salt Lake City, nos EUA. Ele não é apenas elétrico, mas também conta com pilha de combustível como um extensor de autonomia.
Pilhas de combustível são equipamentos que convertem hidrogênio em eletricidade. Como subproduto, elas geram apenas água. Se você se lembra das experiências de eletrólise na escola, que geram hidrogênio, normalmente armazenado em um tubo de ensaio, é o processo inverso. Ou seja, em vez de colocar energia elétrica para gerar hidrogênio, você coloca hidrogênio para gerar eletricidade. No vídeo abaixo, a eletrólise armazena o hidrogênio em bolhas de sabão. Recordar é viver. Viva:
O Nikola One usa essa grande sacada justamente para evitar longos períodos de recarga de suas baterias. O cavalo-mecânico tem 275,5 kgfm de torque e mais de 1.000 cv de potência, com uma autonomia de até 1.931 km. A autonomia mínima é de 1.287 km, ou 800 milhas, como a empresa divulga. Seu pacote de baterias tem 320 kWh. Como base de comparação, o carro elétrico com o maior pacote de baterias na atualidade, o Tesla Model S P100D, tem um pacote de 100 kWh.
Outra ideia de tirar o chapéu dos caras da Nikola Motor (outra empresa inspirada no gênio Nikola Tesla) é a distribuição de pontos de reabastecimento de hidrogênio por todos os Estados Unidos e Canadá. Serão 364 pontos, cuja construção começa em janeiro de 2018.
Tanto o Nikola One quanto um modelo mais em conta, batizado de Nikola Two, serão oferecidos por meio de leasing. O custo mensal ficará entre US$ 5.000 e US$ 7.000 (de R$ 17.500 a R$ 24.500) por mês ao longo de 72 meses. Sem limite de milhas e com manutenção, garantia e combustível incluídos no pacote. Ao final dos 72 meses ou de 1 milhão de milhas (1.609.344 km), o "locatário" do caminhão poderá trocá-lo por um completamente novo, sem custo.
Se isso te parece caro, saiba que é um tremendo negócio. Segundo o site Drive Big Trucks, o custo anual de manter um caminhão nos EUA chega a US$ 180.000, ou à média mensal de US$ 15.000, contando os salários dos motoristas. O que a Nikola oferece é um custo de 1/3 ou pouco menos da metade, sem outra preocupação que não o salário dos motoristas. Poderia ser ainda melhor se a economia de combustível pudesse ficar com o proprietário, mas fica com a Nikola, que o fornecerá. E o CEO da Nikola, Trevor Milton, promete uma economia equivalente a 6,6 km/l, que seria o dobro do que cavalos-mecânicos turbodiesel conseguiriam.
As primeiras unidades devem ser entregues no final desta década. No começo, os caminhões serão construídos em parceria com a Fitzgerald, mas a Nikola pretende anunciar o local de sua fábrica em meados do ano que vem. Ela será capaz de entregar 50 mil unidades por ano. E a Nikola diz que já tem pedidos da ordem de US$ 4 bilhões. Se a empresa cumprir o que promete, o santo de Nikola Tesla vai transformar outra empresa em moda no mercado americano.
Como nota curiosa, a Nikola também promete trocar as baterias de seu único produto à venda atualmente, o Nikola Zero, um ATV (ou UTV, como eles o chamam nos EUA). Em vez do atual pacote de 72 kWh, ele terá um de 107 kWh, ampliando sua autonomia em 160 km, para mais de 480 km, e o torque dos atuais 65,8 kgfm para inacreditáveis 138,3 kgfm.
Fotos: divulgação
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