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Teste Rápido: Toyota Etios Sedan Platinum não esconde a origem humilde

Teste Rápido: Toyota Etios Sedan Platinum não esconde a origem humilde

Teste Rápido: Toyota Etios Sedan Platinum não esconde a origem humilde
Poucos carros mudaram tanto em tão pouco tempo. E quando digo tanto, estou falando em número de alterações, não da profundidade dessas mudanças. Desde que chegou ao Brasil, em 2012, o Etios já trocou de para-choque, de grade, de faróis, de revestimento interno, de quadro de instrumentos (esse umas três vezes), de volante, de motores e de transmissões. Ufa! Mas nada disso disfarça o que a Toyota quer esconder com essa versão de topo Platinum: o Etios é um carro de origem humilde. Isso pode não incomodar quando você procura um hatch de R$ 40 mil. Mas o que dizer de um Etios Sedan de R$ 70 mil?

O que é?

Brasileiro aceita pagar mais por design. Prova disso é a manutenção de versões antigas no mercado após chegarem as novas, reestilizadas e mais caras. E assim a Toyota faz com o Etios. Quem quiser o modelo de cara nova, o que inclui para-choque e grade mais bonitinhos, terá de levar para casa a versão Platinum - o hatch ao menos ganhou a série especial Ready, mais barata, com a nova dianteira. Também há novas rodas de liga (mantendo o aro 15"), aerofólio na tampa e saias laterais.
Teste Rápido: Toyota Etios Sedan Platinum não esconde a origem humilde
Por dentro, o sedã Platinum é razoavelmente equipado: tem bancos de couro com logotipo bordado, volante com comandos do som, conjunto elétrico, ar-condicionado e uma boa central multimídia, que oferece TV digital, GPS, DVD, câmera de ré e Bluetooth. Falha o Etios, porém, na ergonomia. Não bastasse um carro de quase R$ 70 mil não travar as portas automaticamente em movimento, ele ainda tem o botão da trava escondido, no lado esquerdo do motorista - da mesma forma que os comandos do ajuste dos retrovisores. As saídas de ar centrais ficam longe do motorista e o cluster no meio, bem, ainda não é o ideal, mas agora ganhou melhor leitura com o visor digital. Outra simplicidade? Nas janelas, só a do motorista tem comando "um toque" e botão que acende à noite. Já a alavanca de abrir o capô lembra um velho afogador...
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O volante herdado do Corolla tenta emprestar prestígio, mas logo os bancos rasos nos lembram que não estamos no sedã médio da Toyota. A montagem tem bom nível, mas a qualidade dos materiais, com plásticos rígidos de diversas texturas, poderia ser melhor para um carro da marca japonesa. Por quase R$ 70 mil ele também não te entrega uma chave tipo canivete, além de o alarme fazer um barulho estridente toda vez que acionamos a trava-destrava das portas pela chave. Ah, e sim, o limpador dianteiro continua único, deixando uma parte do para-brisa sem varredura. Ponto positivo fica por conta do espaço. Exceto pelo Nissan Versa, ninguém no segmento tem tanto espaço no banco traseiro quanto o Etios. E o porta-malas também é campeão, com generosos 562 litros. Na frente também não nos sentimos num carro compacto, com boa distância para a porta e para o banco do carona.

Como anda?

Novidade mais recente do Etios é o câmbio automático, agora acoplado à nova versão do motor 1.5 16 válvulas com duplo comando variável. O propulsor rende 107 cv de potência e 14,7 kgfm de torque, o que é mais que suficiente para um sedã leve como esse, na casa de 1 tonelada. Seria bom, no entanto, se a Toyota não colocasse como atração do Etios uma caixa de apenas quatro marchas em plena linha 2017, resgatando uma transmissão herdada do antigo Corolla.
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Defensores dirão que estou sendo muito exigente, mas o fato é que seus principais rivais estão muito à frente neste quesito. Chevrolet Cobalt e Hyundai HB20S trazem transmissões de seis marchas, enquanto o Versa usa uma caixa CVT. E não venha me dizer que os leigos não vão perceber esse "defeito" do Etios. Mesmo andando devagar, nota-se que o sedã parte com fôlego e depois perde o pique quando entra a segunda marchas. Nas retomadas é a mesma coisa: falta marcha para reduzir. Também não espere por funções do câmbio como modo esportivo ou trocas manuais - o que pode-se fazer é reduzir com a alavanca pelo trilho das marchas.
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Pelo lado bom, ninguém vai poder reclamar de trancos. Robusto e suave, o câmbio de quatro marchas não costumava dar dor de cabeça no Corolla, e no Etios não deverá ser diferente. O problema é cortar o barato do (bom) motor 1.5, além de fazê-lo beber mais do que faria em conjunto com uma caixa de mais relações. Quer um exemplo? Vamos comparar nossos números de teste com os do Versa 1.6 CVT, que tem peso e potência (111 cv) parecidos.
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Na aceleração de 0 a 100 km/h, o Etios levou 11,9 s, contra 11,6 s do Nissan. Nas retomadas, foram 10,0 s de 40 a 100 km/h e 9,7 s de 80 a 120 km/h, contra 8,7 s e 8,2 s, respectivamente, do Versa. No consumo, ainda mais vantagem: enquanto o Toyota registrou 7,2 km/l na cidade e 11,6 km/l na estrada (com etanol), o rival cumpriu as mesmas medições com 8,4 km/l e 13 km/l, respectivamente. Como já experimentamos esse motor 1.5 da Toyota com câmbio manual de seis marchas, é notável como ele perde rendimento na versão automática.
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Em termos de dinâmica, o Etios 2017 é bem ajustado de suspensão e freios. A carroceria rola um pouco mais que a do hatch nas curvas, mas nada que comprometa, e a absorção de buracos é eficiente. Já a direção elétrica tem peso leve, mas é muito desmultiplicada. Traduzindo: é preciso virar demais a direção até que o carro obedeça, o que tira um pouco da agilidade no trânsito e acaba por não combinar com a suspensão, digamos, acertada. Na estrada, o ruído do motor é bem contido (a não ser nas retomadas de pé embaixo), mas o de rodagem incomoda. Também a direção poderia ter um pouco mais de firmeza em velocidades de viagem.

Quanto custa?

As limitações de custo do projeto e até mesmo o câmbio antigo poderiam ser relevados caso o Etios custasse mais barato - o que definitivamente afasta esta versão Platinum, de R$ 68.120, da nossa lista de indicações. Não que os rivais também não sejam caros em suas versões topo de gama: o Versa Unique CVT sai por R$ 66.790 e o Cobalt Elite custa R$ 68.990. Mas, em compensação, eles transmitem menos simplicidade que o Etios. Não custa lembrar, ainda, que por R$ 69.040 você pode levar um Corolla GLi CVT na mesma loja Toyota.
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Uma boa sacada da marca japonesa é oferecer a transmissão automática desde a versão de entrada do Etios Sedan, chamada apenas de X. Tabelada a R$ 54.960, ela combina bem mais com a proposta de oferecer espaço de sobra sem cobrar muito, ainda que seja pobre em equipamentos. Texto e fotos: Daniel Messeder

Ficha técnica – Toyota Etios 1.5 Platinum

Motor: dianteiro, transversal, quatro cilindros, 1.496 cm3, 16 válvulas, comando duplo variável, flex; Potência: 102/107 cv a 5.600 rpm; Torque: 14,3/14,7 kgfm a 4.000 rpm; Transmissão: automática de quatro marchas, tração dianteira; Direção: elétrica; Suspensão: independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira; Freios: discos na dianteira e tambores na traseira, com ABS; Rodas: liga-leve aro 15, com pneus 185/60 R15; Peso: 980 kg; Capacidades: porta-malas 562 litros, tanque 45 litros; Dimensões: comprimento 4.265 mm, largura 1.695 mm, altura 1.510 mm, entre-eixos 2.460 mm; Preço: R$ 68.120 (outubro 2017) Medições CARPLACE Aceleração 0 a 60 km/h: 5,4 s 0 a 80 km/h: 8,3 s 0 a 100 km/h: 11,9 s Retomada 40 a 100 km/h em D: 10,0 s 80 a 120 km/h em D: 9,7 s Frenagem 100 km/h a 0: 39,8 m 80 km/h a 0: 24,9 m 60 km/h a 0: 14,0 m Consumo Ciclo cidade: 7,2 km/l Ciclo estrada: 11,6 km/l

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