Melhor de 3: o pega das tricilíndricas Yamaha MT-09 e Triumph Street Triple
Melhor de 3: o pega das tricilíndricas Yamaha MT-09 e Triumph Street Triple
Que os motores de três cilindros são a bola da vez entre os carros compactos de você já sabe. Kia Picanto, Hyundai HB20, VW Fox Bluemotion, VW up!, Ford Ka e agora Nissan March estão por aí mostrando a racionalidade de seu uso no lugar dos quatro cilindros de 1 litro, com benefícios especialmente no consumo de combustível. Já nas motos os tricilíndricos têm outro objetivo: unir o torque em baixa dos bicilíndricos com a explosão e suavidade dos "quatro bocas" em altas rotações. E quando o assunto é moto 3-cilindros, a inglesa Triumph é que dá as cartas. Quase toda linha da marca utiliza este tipo de configuração de propulsor, seja com 675 cc, 800 cc, 1.050 cc ou ainda 1.200 cc.
O que é bom costuma fazer escola e, assim como boa parte dos rivais do HB20 correu atrás do seu motor tricilíndrico, a Triumph começa a ver o surgimento de rivais com a mesma receita. Uma delas vem da Yamaha, que após um longo período de hibernação está apostando forte no mercado brasileiro. Trata-se da MT-09, moto que une os conceitos de naked com motard e estreou um motorzão 850 com, claro, três cilindros, além de chegar com uma relação "custo-diversão" das melhores. Vejamos: falar em diversão "acessível" com três cilindros nos remete diretamente à Triumph Street Triple, que tem conquistado os amantes de nakeds com sua ciclística apurada, motor nervoso e preço de briga. Juntar MT-09 e Street Triple então foi questão de agenda!
Olhando de relance, elas são parecidas. Compactas, elas são quase desprovidas de carenagem (daí o nome naked, ou pelada) e têm bancos praticamente individuais, guidão avançado, suspensões com garfos invertidos na dianteira e sarados discos de freio (duplos na dianteira). Ambas também usam quadro de alumínio e rodas aro 17" vestidas com pneus 120/70 na dianteira e 180/55 na traseira. A Yamaha foi lançada em três cores, sendo esta laranja com bengalas douradas a mais radical (há também cinza e roxa), enquanto a Street Triple tem esse azul brilhante como opção ao preto, branco ou verde. Mas não se deixe levar pelas aparências.
Ao montar, elas já começam a mostrar personalidades diferentes. Enquanto a Street é uma naked tradicional, com pegada mais esportiva, a MT oferece uma posição de pilotagem mais relaxada. A Yamaha tem guidão menos avançado e mais aberto, além de pedaleiras mais baixas e menos recuadas. Na Triumph você fica com as costas mais inclinadas e as pernas mais para trás, em posição de ataque. Vantagem da MT é que o banco "sobe" um pouco pelo tanque, evitando o famoso "choque de ovos", coisa que acontece na Street quando freamos forte ou a dianteira cai num buraco.
Em movimento, o conforto da MT fica evidente. Além da posição que cansa menos, a suspensão dianteira é bem mais macia que a da rival, evidenciando seu lado motard. Enquanto a Yamaha absorve bem pisos ruins e até alguns buracos, a Triumph bate seca e repassa o impacto para o guidão - basta ver que a MT tem curso de 137 mm na dianteira, contra apenas 110 da Street. Na suspensão traseira elas são mais parecidas, com um curso apenas um pouco maior na MT: 130 mm ante 124,5 mm.
Ambas empolgam na pilotagem mesmo na cidade. Estreitas, cheias de energia e bastante leves com seu chassis de alumínio (183 kg na Street e 191 kg na MT-09), elas aceleram com muita vontade e retomam rápido a velocidade, ainda que em marchas altas. A Yamaha faz valer sua maior capacidade cúbica, entregando 115 cv e parrudos 8,9 kgfm de torque, e além disso tem um acelerador eletrônico que pode deixar as respostas bem ríspidas - no modo A. Já a Street requer um pouco mais de aceleração nas saídas, uma vez que o torque de seu motor 675 cc é mais baixo, de 6,1 kgfm, e a potência idem, com 85 cv. Vale lembrar que na Europa a Street tem 106 cv e 6,9 kgfm, mas aqui ela teve de ser amansada por questões de ruído de passagem (nas palavras da Triumph).
Acelerando mais forte a Street surpreende por andar quase no mesmo ritmo. Isso porque a Triumph tem relação mais curta, para deixar as respostas mais prontas nas retomadas. Enrolando o "cabo", no entanto, a MT-09 resolve a parada no motorzão e pula na frente - aliás, com a dianteira querendo decolar. Ambas também instigam pelo ronco grosso em altos giros, bem diferente do "hiii" mansinho em baixa - que chega a ser incômodo na Street. Mas o negócio aqui é girar alto, com a potência máxima sendo entregue a 10 mil rpm na Yamaha e 11.200 rpm na Triumph. Então encha a mão sem dó!
Versatilidade é nome do jogo para a MT, e isso fica claro no acerto de suspensão mais suave, posição "relax" e ajuste do acelerador. Além do nervoso modo A, você pode optar pelo intermediário Standard ou pelo tranquilo B, o melhor para a cidade. Na lida do dia-a-dia, você volta para casa mais cansado com a Street Triple. Além de ser dura, ela esterça pouco e o banco tem menos espuma. Na estrada, o motor Yamaha também se revelou mais suave em giros altos, ainda que o da Triumph também seja bem "liso". Garupas não são bem-vindas em nenhuma das duas, mas ao menos o banco da Yamaha é um pouco mais largo. Mesmo assim, o assento é desconfortável e não há alças para segurar.
Uma limitação da MT é o pequeno tanque de combustível: com apenas 14 litros e uma média de consumo de 16,7 km/l durante nossa avaliação, a Yamaha entrega autonomia de pouco mais de 230 km. A Street Triple permite que você se divirta por mais tempo, pois além do consumo melhor, de 17,8 km/l, ela ainda tem um tanque de maior capacidade, com 17,4 litros - o suficiente para mais de 300 km de autonomia.
O temperamento mais ríspido da Triumph encontra razão quando pintam as curvas. Ela tem a frente mais "pregada" que a rival e, nas ondulações, segue mais fácil na trajetória. Além disso, seus freios com flexíveis revestidos de malha de aço respondem mais rápido ao comando do piloto - sem contar os discos mais sarados na dianteira. A Yamaha também adora uma serrinha sinuosa e transmite confiança em altas velocidades, mas convém regular a suspensão traseira para mais carga. A dianteira macia que agrada na cidade deixa a frente afundar um pouco mais nas frenagens. E nas emendas de asfalto ela dá um pouco mais de trabalho que a Street para manter a trajetória desejada. Os freios são fortes e dão conta do recado, embora não sejam tão "prontos" como na rival. Por fim, o conta-giros analógico da Triple oferece melhor visualização que o digital da MT (na verdade, o painel como um todo).
As duas estão muito bem servidas de pneus (Bridgestone na MT e Pirelli na Street), com aderência de sobra para deitar à vontade nas curvas. Ambas também são equipadas com freios ABS de série, mas só na Triumph o recurso pode ser desligado - caso o piloto queira "controle total" numa pista fechada. Aliás, o limite delas está mais na perícia e experiência do condutor do que na moto propriamente dita. A leveza do conjunto faz seu corpo se sentir como parte da moto, facilitando bastante as mudanças de direção nos dois casos. A MT tem a frente mais leve para virar, o que talvez a torne mais fácil de tocar para quem vem de motos menores. Já os mais acostumados com motos esportivas se sentirão mais "em casa" com a firmeza da Street.
Temos então uma belíssima dupla de "peladas", com a MT-09 se destacando pelo motorzão e versatilidade: ela topa uso diário, passeios de fim-de-semana e até track days. Por outro lado, a Street Triple é mais focada na esportividade, tendo um público mais restrito (mas fiel). Enfim, duas representantes da atual "moda" 3-cilindros que, assim como os carros, não devem praticamente nada aos quatro cilindros. E com boa vantagem de preço em relação às nakeds tetra: a MT-09 custa a partir de R$ 35.900 e a Street Triple sai por R$ 32.990.
Por Daniel Messeder
Fotos Rafael Munhoz
Fichas técnicas:
Yamaha MT-09 Motor: três cilindros em linha, 12 válvulas, 847 cm3, injeção eletrônica, gasolina, refrigeração líquida; Potência: 115 cv a 10.000 rpm; Torque: 8,9 kgfm a 8.500 rpm; Transmissão: câmbio de seis marchas, transmissão por corrente; Quadro: tipo Diamante, de alumínio; Suspensão:garfos invertidos na dianteira (137 mm de curso) e balança monoamortecida com link na traseira (130 mm de curso); Freios: disco duplo na dianteira (298 mm) e disco simples na traseira (245 mm), com ABS; Pneus: 120/70 R17 na dianteira e 180/55 R17 na traseira; Peso: 191 kg;Capacidades: tanque 14 litros; Dimensões: comprimento 2.075 mm, largura 815 mm, altura 1.135 mm, altura do assento 815 mm, entre-eixos 1.440 mm Triumph Street Triple 675 Motor: três cilindros em linha, 12 válvulas, 675 cm3, injeção eletrônica, gasolina, refrigeração líquida; Potência: 85,1 cv a 11.200 rpm; Torque: 6,1 kgfm a 8.300 rpm; Transmissão: câmbio de seis marchas, transmissão por corrente; Quadro: dianteiro com perfil de alumínio e dupla viga, traseiro com duas peças fundidas sob alta pressão; Suspensão: garfos invertidos na dianteira (110 mm de curso) e monoamortecedor ajustável na traseira (124,5 mm de curso);Freios: discos flutuantes duplos na dianteira (310 mm) e disco único na traseira (220 mm), com ABS; Pneus: 120/70 R17 na dianteira e 180/55 R17 na traseira; Peso: 183 kg; Capacidades:tanque 17,4 litros; Dimensões: comprimento 2.055 mm, largura 740 mm, altura 1.060 mm, altura do assento 800 mm, entre-eixos 1.410 mmGaleria: MT-09 x Street Triple
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