Depois de mais de dois meses testando quase todas as versões do Uno 2015, fechamos o teste mais longo já realizado no Garagem CARPLACE até o momento. Nossa equipe teve a oportunidade de rodar com os modelos Attractive 1.0, Way 1.4, Evolution 1.4 (com start-stop) e Sporting Dualogic, avaliando o desempenho do compacto da Fiat em diversas situações.
Começamos pelo Uno Way 1.4, que logo de cara pegou a estrada para um bate-e-volta entre São Paulo e Rio de Janeiro. Por fora, a atualização do modelo foi discreta. O farol teve o visual melhorado, assim como a grade e os para-choques. Já as lanternas transparentes evidenciaram o tamanho generoso da peça, que mudou apenas internamente.
Nesta versão Way, os para-choques passaram a ser da cor da carroceria e há rodas de liga-leve com desenho inédito. Os pneus de uso misto foram mantidos. No geral, o Uno ficou mais moderno sem perder a identidade. Os mais de 1.000 km de estrada serviram para mostrar algumas das novidades do carro, como a eletrônica a bordo e o melhor isolamento acústico. A conclusão que chegamos foi que o Uno aventureiro ficou mais maduro, mas faltou mexer no motor - uma opção 1.6 litro seria bem-vinda.
Passando para a segunda versão do novo Uno avaliada, conforme explicou o editor-chefe Daniel Messeder, é notória a evolução do Attractive em relação ao modelo Vivace (anterior), que segue em produção. A cabine ganhou plásticos de melhor qualidade, texturas mais agradáveis ao tato e impressão de maior requinte. Temos agora vidros elétricos nas quatro portas (com comandos na porta do motorista), nova luz de teto, bancos com tecido mais caprichado e volante com diversos comandos – tanto para o sistema de som quanto para o computador de bordo.
Com as novidades, o fato é que o interior do Uno se tonou um lugar mais agradável, seja nesta versão Attractive 1.0 ou na Way 1.4. O resultado da reestilização agrada, mas novamente o que decepciona é a parte mecânica, como pudemos observar no comparativo com o Novo Ka. O tanquinho de partida a frio do sistema flex continua lá, e os 75 cv e 9,9 kgfm gerados pelo propulsor Fire Evo seguem limitados para empurrar o Uno, agora um pouco mais pesado do que antes. Na cidade a relação curtinha do câmbio até que disfarça bem a falta de fôlego nas saídas e retomadas, mas basta pintar uma subida para que o carro perca o pique.
Logo na sequência testamos o novo Fiat Uno Evolution 1.4, com start-stop, que nos deixou a certeza de ser a versão ideal do modelo. O recurso tem atuação discretíssima, com mínima interferência na dirigibilidade: o motor apaga quase sem que o motorista perceba e volta a funcionar também sem chamar a atenção – sem vibração excessiva, e o barulho da partida só é mais intenso se estivermos com as janelas abertas.
Todo o sistema de partida do Uno Evolution foi reformulado, desde o motor de arranque — desenvolvido especialmente para funcionar com mais frequência —, até o gerenciamento eletrônico do equipamento. Enfrentamos trânsito pesado com o carro e start-stop funcionou perfeitamente, mesmo em incontáveis paradas. O lado negativo do sistema é o aquecimento da cabine em dias de calor, pois o compressor do ar-condicionado desliga junto com o motor, sendo preferível desligar o start-stop (por meio de um botão no painel) para evitar o desligamento do ar em algumas ocasiões. Novamente, o conjunto é bom, mas expõe a necessidade da Fiat de renovar seus motores. Nos testes, o Uno Evolution com motor 1.4 antigo mostrou desempenho de 1.0 moderno.
Aproveitamos o teste de longa duração para realizar também uma "briga" caseira entre as versões Way e Evolution. Para superar adversidades no trânsito, como chuva mais pesada ou trechos com terra/areia, a versão Way dá alguns passos à frente. Mais alto em relação ao solo (190 mm contra 170 mm), o aventureiro encara as valetas com mais facilidade e tranquilidade que o Evolution. Em compensação, o Way tem suspensão molenga e sacoleja nas curvas, enquanto o Evolution mostra dinâmica mais apurada.
Para finalizar com chave de ouro o Garagem CARPLACE com o novo Uno, testamos a versão Sporting equipada com o câmbio Dualogic (inclusive ao lado do também pseudo-esportivo Onix Effect). Pudemos avaliar e confirmar que Uno está na melhor safra desde que a nova geração foi lançada, em 2010. Não apenas pelo interior mais refinado, mas também pela parte mecânica. O Uno Sporting é, hoje, o melhor automatizado de embreagem simples do mercado nacional. Funciona bem melhor que no Palio, no Bravo ou no Linea.
Uma característica que agrada no Sporting é o acerto de suspensão mais firme, que atenua de forma considerável a inclinação do hatch nas curvas, ajudado pelas rodas aro 15″ com pneus 185/60. A direção também é rápida e as borboletas no volante deixam as coisas mais lúdicas numa estrada de montanha. Mas a verdade é que falta motor para esse Uno empolgar: para combinar com o visual invocado do Sporting, só mesmo se o motor 1.6 16V E-TorQ (117 cv e 16,8 kgfm) oferecido no Palio estivesse no lugar do esforçado 1.4 8V Evo (88 cv e 12,5 kgfm).
Veja a galeria de fotos do Garagem CARPLACE com o novo Uno 2015:
Galeria: Garagem CARPLACE #8: Novo Uno fecha teste longo com altos e baixos