Após acordar do sono profundo dos últimos anos, a Yamaha já está colhendo os frutos de ter voltado à briga. Impulsionada pelo lançamento de modelos como as 150 Fazer e Crosser, além da naked MT-09, a marca dos diapasões fechou 2014 com alta de 8,6% nas vendas (contra queda de 5,6% do mercado no geral), alcançando 12,6% de market-share. E para mostrar que a promessa de fazer um grande lançamento a cada seis meses não é balela, agora em março chega às lojas a novíssima MT-07. Uma belissíma naked, deliciosa de pilotar e com preço de briga!
O que é?
Irmã menor da MT-09, a 07 segue os mesmos princípios da linha MT, porém, com projeto simplificado para custar menos. Sendo assim, estão lá o design radical, o baixo peso e a ampla oferta de torque em baixos giros, além das suspensões de curso maior em relação às nakeds tradicionais (130 mm de curso tanto na dianteira quanto na traseira). O motor é um inédito bicilíndrico refrigerado a líquido (não é uma derivação do três cilindros da 09), com quatro válvulas por cilindro e o conceito crossplane, com explosões alternadas a cada 270 graus para entrega mais rápida de força. Se a potência de 75 cv está dentro do esperado para seus 689 cc, é no torque de 6,9 kgfm que este propulsor se destaca.
Em relação à 09, a MT-07 também traz um quadro mais simples, tubular de aço (alumínio na irmã maior), e suspensão dianteira de bengalas comuns, sem ajuste (invertidas ajustáveis na 09). Atrás, o braço oscilante com link permite nove ajustes. O acelerador é por cabo (eletrônico na 09), perdendo os diferentes modos de condução oferecido na MT maior. Ainda assim impressiona a boa montagem e acabamento da caçula, que em momento algum parece ter sido feita para custar barato.
Os comandos dos punhos são os mesmos da 09 (com exceção do botão de modos do acelerador) e o painel é até maior e mais vistoso, colocado em posição central. Bem completo, o visor digital concentra velocímetro, conta-giros por barrinha, indicador de marcha, consumo instantâneo e médio, trip A e B, temperatura do motor, temperatura do ar, indicador Eco (acende em condução econômica) e luzes espia. Além disso, uma barra acima do conta giros indica a faixa ideal de giros para trocar de marcha: de 4 mil a 8 mil rpm, na melhor entrega de torque do bicilíndrico.
Visualmente é fácil identificá-la com integrante da família MT, com suas carenagens bem recortadas e uma tomada de ar nas laterais do tanque. As carenagens do tanque, aliás, são divididas em sete peças, de modo que se você deixar sua 07 cair pode trocar apenas alguns componentes - e não o tanque todo. A capacidade de combustível mantém os 14 litros da 09, com a vantagem de o bicilíndrico beber menos que o tri da irmã maior.
Ainda na comparação com a MT-09, a Yamaha destaca que na 07 o piloto fica em postura ainda mais ereta, e as pedaleiras são menos recuadas. Somando o guidão elevado, temos uma posição de pilotagem bastante confortável. O assento a 805 mm do chão é 10 mm mais baixo que o da 09, habilitando a 07 inclusive para quem mede 1,60 m - a marca espera que mulheres sejam parte da clientela da nova moto. O banco é mais cômodo que o da 09 para o piloto, mas o garupa sofre ainda mais do que na irmã maior, com apenas um toquinho de espuma e nada de alça para segurar...
Como anda?
A primeira coisa que me lembrei ao montar na MT-07 foi da rival ER-6n (uma moto que particularmente curto bastante). A posição é parecida, embora menos agressiva, com o corpo da moto bem estreito entre as pernas e o painel compacto bem à sua frente. Vantagem da 07, percebida logo na primeira volta, é a leveza de seus 182 kg (versão com ABS), cerca de 20 kg a menos que a Kawasaki em ordem de marcha. Além de leve, a 07 passou por um trabalho de centralização de massas, de modo que conduzi-la é tarefa simples para quem vem de uma moto menor.
O acelerador é bem mais manso que o modo Standard da 09, sendo tranquilo pilotar suavemente. A embreagem é macia e o câmbio idem, batendo nesse caso as trocas um pouco duras da ER-6n. Da mesma forma, a 07 empurra com vontade desde giros tenros, ganhando velocidade de forma fácil e rápida. Num circuito travado como a pista do ECPA (Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo), onde tivemos o primeiro contato com ela, os pilotos da Yamaha disseram que dava pra andar na cola da 09.
Pena que nossa parte do test-ride foi acompanhada de uma chuva insistente, que não deixou a pista seca um minuto sequer (ok, não dá pra reclamar nestes tempos de seca). Nos restou então ter cautela nas acelerações, saídas de curva e frenagens, especialmente na versão sem ABS. Aliás, não compre uma moto de 75 cv sem ABS, é uma economia burra que pode lhe custar um chão - ou mesmo coisa mais grave. No modelo sem ABS, perdi a conta de quantas vezes a moto deu aquela deslizada nas reduções. Divertido, sim, mas só até que você dê com a cara no asfalto...
Mesmo sem andar forte, deu para sentir que a MT-07 vai agradar desde os iniciantes em motos de alta cilindrada como também os mais experientes. Ela é muito leve e fácil de conduzir, aceita mudanças de direção quase sem esforço e tem motor de sobra para a maioria das solicitações. Além disso, com os mesmos pneus da 09 (120/70 na frente e 180/55 atrás), a aderência no seco deve ser uma beleza. Estamos ansiosos para testá-la nas ruas!
Fico imaginando que será muito divertido andar na cidade com a 07. Com largura de apenas 745 mm (mesma da Fazer 250!), as suspensões "soft" e agilidade nas mudanças de direção (as bengalas dianteiras são mais próximas para isso), ela promete se tornar uma das motos urbanas mais gostosas do mercado. O motor tem aquele ronco típico de bicilíndrico ("fffrrrruuuu") e trabalha suave mesmo em giros elevados, mostrando saúde nas arrancadas e retomadas. Ponto forte é mesmo o torque de 6,9 kgfm a 6.500 rpm. Para efeito de comparação, a ER-6n tem 6,7 kgfm e a Honda CB 500F fica nos 4,5 kgfm.
Quanto custa?
Como antecipamos na semana anterior ao lançamento, a MT-07 chegou com preço abaixo da XJ6, o que pode até criar uma briga interna. Custa R$ 26.990 na versão Standard e R$ 28.490 no modelo com ABS, valor menor também que o da Kawasaki ER-6n (R$ 29.990 com ABS) e pouco acima da Honda CB500F (R$ 23.053 sem ABS), mas que tem proposta mais acessível e motor inferior.
Sobre a briga com a XJ6, trata-se de um modelo mais em dia com as tendências atuais de mistura de estilos e proposta diferente, enquanto a XJ é uma naked mais pura e com motor quatro cilindros. Na real, quem chegar para ver a 07 dificilmente vai levar uma XJ6, mas o contrário pode acontecer... Mesmo assim, a Yamaha aposta que a XJ6 tem seu público cativo, tanto que o Brasil é o maior consumidor do modelo no mundo.
Sendo assim, a MT-07 chega como belíssimo complemento à linha Yamaha nacional, tornando-se inclusive a primeira moto brasileira a atender o PROMOT 4 por inteiro (na questão de emissões mais baixas a partir de 2016). Além do preço de combate (principalmente em se tratando de uma moto recentemente lançada na Europa), a marca dos diapasões vai oferecer um seguro em parceria com a Cardif ao custo de R$ 3 mil o ano, sem perfil de cliente. Diante das boas novas, a 07 tem tudo para bater a meta de vender de 1,5 mil a 2 mil unidades até o fim deste ano. A dúvida agora recai sobre o próximo lançamento da Yamaha: Nova R1? XMax 250? Senhores, façam suas apostas!
Por Daniel Messeder, de Piracicaba (SP)Fotos Mario Villaescusa/Divulgação
Ficha técnica – Yamaha MT-07
Motor: dois cilindros em linha, 8 válvulas, 689 cm3, injeção eletrônica, gasolina, refrigeração líquida; Potência: 75 cv a 9.000 rpm; Torque: 6,9 kgfm a 6.500 rpm; Transmissão: câmbio de seis marchas, transmissão por corrente; Quadro: tipo Diamante; Suspensão: garfos telescópicos na dianteira (130 mm de curso) e monocross com link na traseira (130 mm de curso); Freios: disco duplo na dianteira (282 mm) e disco simples na traseira (245 mm); Pneus:120/70 R17 na dianteira e 180/55 R17 na traseira; Peso: 179 kg/182 kg (ABS); Capacidades:tanque 14 litros; Dimensões: comprimento 2.085 mm, largura 745 mm, altura 1.090 mm, altura do assento 805 mm, entreeixos 1.400 mm
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Galeria: Volta Rápida: Yamaha MT-07 é caçula espevitada