Apaixonado por motocicletas, o viajante Milton Farias Omena, de 69 anos, veio de Maceió (2.700 Km) em sua GS 650 só para participar da eliminatória brasileira do GS Trophy no interior paulista. Omena, como prefere ser chamado, já ultrapassou 500.000 quilômetros rodados no Brasil e no exterior. E, assim como ele, outros motociclistas vieram de lugares também distantes como Vitória e Cuiabá, totalizando 45 participantes - sendo 41 proprietários e 4 jornalistas.
Promovido pela BMW Motorrad, o GS Trophy é uma prova de enduro internacional que acontece a cada dois anos. Exige muita habilidade e resistência dos condutores, ao mesmo tempo em que proporciona muita diversão, enriquecimento cultural e novas amizades, além de percorrer belíssimas paisagens mundo afora. Atualmente na 5ª edição, teve início em 2008 na Tunísia, seguido da África em 2010, América do Sul em 2012 e Canadá em 2014. Será realizada entre os dias 26 de fevereiro e 6 de março de 2016 em Chiang Mai, segunda maior cidade da Tailândia depois de Bangkok, conhecida por ser mais interessante do país, do ponto de vista histórico e cultural. Serão 19 equipes e mais de 100 competidores.
Mas, para chegar lá, estes 45 participantes do Brasil tiveram que disputar, nos dias 22 e 23 de agosto, as três vagas da eliminatória brasileira. As provas foram realizadas na fazenda Primavera da Serra, localizada no município de Brotas (SP), a 250 km da capital.
A chegada ao local ocorreu na sexta-feira (dia 21) à noite, sendo realizada a abertura pelo diretor da BMW Motorrad do Brasil, Federico Alvarez. Entusiasmado, ele destacou o empenho dos quase 100 colaboradores que estiveram durante as duas últimas semanas preparando as provas e a organização. Alvarez também anunciou, como novidade, a estreia de uma equipe feminina para 2016, cuja etapa classificatória acontecerá na África em setembro. Em seguida, os diretores de prova Luciano Peixoto e Cacá Clauset discorreram sobre o evento, formado pelas seguintes provas: enduro de regularidade, estratégia (realizadas em duplas escolhidas por sorteio, porém com pontuação individual), habilidade e surpresa. Do lado de fora, duas unidades móveis trabalhavam na preparação das motocicletas. Para entrar no clima, os jornalistas ficaram acomodados em barracas, como os participantes.
Lá pela meia noite, enquanto todos dormíamos (ou quase), fomos acordados por um “cornetaço” e a convocação para uma prova surpresa (achar bolachas de chopp com o logo GS no escuro) que serviu como um “fiquem espertos” e valeu pontos. No sábado pela manhã foi realizado um novo encontro para entrega dos equipamentos (mapa, planilhas, bússola e GPS) e esclarecimentos finais. Antes da partida para o enduro, foi realizada a segunda prova surpresa, a do cabo de guerra.
Para a prova de enduro e de estratégia, os participantes utilizaram suas próprias motocicletas, cuja maioria eram R1200 GS seguidas de perto pelas F800 GS. Acompanhando o ir e vir das duplas e seus questionamentos quando nos viam (não podíamos dar nenhuma dica!), deu para reparar que as provas tinham alto grau de dificuldade, o que constatamos mais tarde conversando com os participantes. A prova de enduro era de regularidade, enquanto a de estratégia contava com tarefas obrigatórias e outras livres com pontuações diferentes. Cabia à dupla planejá-las e executá-las dentro do tempo permitido. Depois, era necessário encontrá-las (via mapa) e ter disposição, coragem e resistência física, pois as tarefas englobavam esportes de aventura como tirolesa, queda livre e subida em corda, entre outras. Não precisa dizer que, à noite, todos se confraternizaram com churrasco e rock and roll, mas foram dormir cedo.
No domingo foi realizada a prova de habilidades (com peso 2 no resultado), na qual um circuito de elevado nível técnico precisava ser percorrido correndo contra o relógio. Os participantes, agora individualmente e com motos F800 GS da montadora, demonstraram seus conhecimentos e sua “raça” superando ou sendo vencidos por desafios como slalom, labirinto, passagem por pneus e subidas em troncos, passagem de lama e areia, entre outros obstáculos. Ao final eles seguiram para a última tarefa surpresa: num lago, dois participantes remando tinham que conduzir uma balsa, tendo uma GS 650 como passageira, ao redor de um logotipo da BMW Motorrad. Em seguida os 10 melhores na prova de habilidades refizeram novamente o percurso, definindo assim os vencedores pela pontuação geral:
1º) Fernando Deneka (Imbituba –Santa Catarina)
2º) Felipe Limonta (São Bernardo do Campo – SP)
3º) Sandro Ceratti (São Roque-SP)
Lucas Paschoalin ganhou como o melhor jornalista. Em caso de desistência de algum dos três primeiros, Fernando Brasil, que ficou em quarto lugar, integrará a equipe. FernandoDeneka e Sandro, primeiro e terceiro colocados, atuaram em dupla nas provas de enduro e estratégia.
“O que achei que seria fácil não consegui, o que seria difícil, consegui e em momentos que achei que não ia dar, a moto me ajudou” comentou Donizetti Castilho, jornalista competidor, feliz ao final da prova de habilidades. Assim como ele, foi notável a satisfação dos participantes por terem conseguido "apenas" finalizar o circuito. No domingo ainda houve um “ride training”, disponibilizado pela marca, com o instrutor Leandro Panades, que passou e praticou os fundamentos do off road a clientes e jornalistas presentes ao evento.
Por Eduardo Silveira, de Brotas (SP)Viagem a convite da BMW Motorrad
Galeria de fotos: BMW GS Trophy 2015
Galeria: Desafios, off-road e provas de habilidade marcaram o BMW GS Trophy 2015