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Avaliação: Yamaha MT-09 empolga pelo "custo-diversão"

Avaliação: Yamaha MT-09 empolga pelo "custo-diversão"

Avaliação: Yamaha MT-09 empolga pelo
Das mais de 30 motos que aceleramos no ano passado, duas me chamaram a atenção em especial: a BMW S1000 R, a melhor naked que o dinheiro pode comprar na atualidade, e a Yamaha MT-09, pela proposta versátil de unir os estilos naked e motard – tudo embalado pelo novíssimo motor tricilíndrico da marca. E o melhor é que, mal comparando (elas não são concorrentes), a novidade japonesa custa menos da metade da máquina alemã. Não que o preço básico de R$ 35.990 (já com ABS) seja uma pechincha, mas não há nada tão moderno e com 115 cv no horizonte da nova MT.
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Estávamos na expectativa de pilotá-la por alguns dias na cidade e na estrada, para comprovar (ou não) a versatilidade que a Yamaha apregoa ao modelo. Até então, nosso contato se resumia a algumas (divertidas) voltas numa lista fechada. Agora era a hora da avaliação completa, a hora da verdade.
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A 09 chegou para o teste na cor roxa brilhante, que fica bem interessante quando exposta ao sol. Junto com essa pintura especial, que faz o preço subir para R$ 36.590 e inclui uma faixa branca no tanque, as bengalas dianteiras vêm pintadas de dourado. Uma bela combinação, mas é uma pena que o roxo fique parecendo preto na maioria das situações de luz – eu optaria logo pela laranja, a mais invocada das MT. O design expõe a mecânica como parte integrante do estilo, como manda a cartilha das naked, mas com alta dose de personalidade. A 09 se destaca pelo farol em formato retangular, que foge do lugar comum dos faróis tipo escudo, e pelo painel deslocado à direita. O tanque e as poucas carenagens têm recortes agressivos, enquanto o escape é curto e grosso, praticamente embutido no quadro. E a rabeta é bem estreita, finalizando numa bela lanterna horizontal de LEDs.
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O conjunto compacto antecipa a tocada: a MT é leve e magrinha entre as pernas, de modo que os pés chegam muito fácil ao solo e mesmo os baixinhos não se sentirão intimidados. A Yamaha adotou um chassi de alumínio em que a balança traseira é montada por fora do quadro (o que ajuda a diminuir a largura da moto na parte central). No fim, temos um peso total de apenas 191 kg, o que dá uma relação peso-potência de instigantes 1,66 kg para cada cv!
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A partida é dada de forma simples, apenas empurrando o botão de corta-corrente para baixo. O que se segue é um ronco que lembra o de algumas Triumph, embora num tom mais grave. O painel parece pequeno à primeira vista, mas não falta nada: velocímetro digital, conta-giros por barrinha (mas com boa visualização), mostrador de combustível, computador de bordo e até um útil mostrador de marcha estão concentrados no visor de LCD.
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Saio com a MT e me surpreende a leveza da embreagem e maciez do câmbio de seis marchas, muito preciso e suave nos engates. Na cidade, o ideal é mudar o mapa do acelerador eletrônico para o modo B - são três opções. O Standard, mandatório sempre que se liga o motor, se revela um tanto nervoso para a vida urbana, muito sensível. O modo B, o mais suave, é o melhor para se pilotar sem trancos ou acelerações bruscas. Vale lembrar que esses modos não alteram a potência final (são sempre 115 cv), mas mudam a velocidade de abertura da borboleta do acelerador. Como diz o nome MT (Master of Torque), a 09 empurra com decisão independentemente da marcha engatada. Pode acelerar em sexta a 40 kmh que o tricilíndrico responde à altura, logo ganhando giro. E não é para menos, já que são parrudos 8,9 kgfm de torque disponíveis a 8.500 rpm, com uma entrega bastante linear durante toda a gama de giros - sendo 5,8 kgfm logo a 2 mil rpm! A aposta pela configuração de três cilindros, afinal, tem como objetivo unir a entrega rápida de força dos bicilíndricos com a potência e capacidade de giro dos "quatro bocas"- algo que a Yamaha conseguiu com brilhantismo neste motor.
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Outro destaque do tricilíndrico de exatas 847 cc é a tecnologia crossplane, que consiste no trabalho alternado dos pistões, para que as explosões de cada cilindro não aconteçam ao mesmo tempo. A Yamaha explica que isso garante maior torque logo em baixas rotações, para favorecer arrancadas rápidas. De resto, o motor tem tudo o que se espera de um projeto moderno, como duplo comando no cabeçote (DOHC), quatro válvulas por cilindro, refrigeração líquida e injeção eletrônica sequencial. Motorzão, porém, não costuma ser problema para nakeds de alta cilindrada - basta lembrar que a rival Kawasaki Z800 tem um quatro cilindros de 113 cv. Então o que faz da MT uma moto diferente? Bem, eu já tive uma naked 800 e cansei de apanhar da suspensão dura e dos "buracos" do motor em baixos giros. A nova Yamaha não sofre com nada disso, pelo contrário: a boa absorção de impactos é a grande sacada da MT-09. Ela é macia se comparada às rivais diretas, com 137 mm de curso na dianteira (de garfos invertidos) e 130 mm na balança monoamortecida da traseira, com link para filtrar melhor as pancadas - nakeds esportivas têm cerca de 120 mm de curso de suspensão. Some-se isso ao guidão aberto (815 mm) e temos uma moto divertidíssima, valendo-se do seu lado motard. Em poucas palavras, dá para encher a mão mesmo sobre asfalto remendado. Além disso, repare na foto acima como a posição de pilotagem é ereta e bastante confortável. A ergonomia ficou muito bem resolvida, sem ter as pedaleiras muito recuadas ou o guidão avançado demais. Apenas o banco exige certo período de adaptação. Isso porque o assento é dividido em duas partes, mais estreito na região próxima ao tanque e largo na parte de trás, só que inclinado para frente. Ou seja, é preciso ficar atento para que seu traseiro não escorregue para a frente, pois ali há pouca espuma e as dores surgem mesmo com pouco tempo de pilotagem. Garupa? Só caronas rápidas, uma vez que a parte traseira do banco tem espessura fininha e não há nem alça para segurar. Espero ainda avaliar o banco "comfort", que será oferecido em breve como acessório, para ver se dá para viajar em dupla. Outro senão da MT-09 é que a diversão acaba rápido, pois o tanque tem somente 14 litros de capacidade. Considerando a média de consumo obtida em nossa avaliação, de apenas razoáveis 16,7 km/litro, a autonomia não chega a 235 km - e se encher a mão esse número diminui. Conte então com paradas constantes de abastecimento, pois a MT instiga a pilotá-la como se a gente estivesse em fuga o tempo todo.
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Isso nos leva rapidamente à estrada, onde temos mais liberdade para explorar o tricilíndrico até quase 11 mil rpm. Passo o acelerador para o modo A e as respostas se tornam mais imediatas. Pqp, que delícia! O ronco se transforma em rosnado a partir de giros médios e a MT salta para a frente como um felino dando o bote. A imensa oferta de torque nem exige reduções de marcha, mas você acaba fazendo-as só para levar o motorzão ao limite novamente, já com a velocidade muito acima do que seria razoável. Bem, os três dígitos aparecem no velocímetro em apenas 3,4 segundos, e os 200 km/h passam batidos. Diz a Yamaha que a máxima é limitada a 210 km/h, mas se existe limitador ele não funcionou, pois na pista demos 222 km/h no velocímetro e ainda tinha acelerador para "abrir"...
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Ponto alto da MT, o motor de três cilindros cumpre com maestria seu papel de agente duplo, entregando força bruta em toda a gama de rotações e um funcionamento suave. Mesmo em altos giros, não sentimos nada de vibrações incômodas nem no banco nem nas pedaleiras, de modo que viajar com a 09 em ritmo animado é uma tarefa tranquila. A posição relaxada de pilotagem também ajuda no conforto, sendo o único incômodo o "ventão" no peito - mas isso é uma coisa inerente à todas as nakeds.
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E como se comporta a suspensão macia quando pintam as curvas? Bom, convém deixar a traseira um pouco mais firme se a ideia for devorar uma estrada de montanha (o ajuste da pré-carga pode ser feito facilmente), mas a MT entrega uma ciclística em sintonia com o poderio do motor. Levinha, ela deita com muita facilidade e aceita mudanças de direção bastante rápidas, o que faz a gente abrir um largo sorriso embaixo do capacete. Também gostamos do grip dos pneus Bridgestone, em especial o 180 traseiro, que gruda bem ao solo quando aceleramos forte nas saídas de curva - lembrando que não há controle de tração. Já os freios (com disco duplo na frente e simples atrás, com ABS) respondem a contento e são bem modulados para o peso e potência da 09, mas já pilotamos motos menos potentes que tinham alicatada mais forte.
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Entre prós e contras, o saldo da MT-09 é altamente positivo e justifica com sobras a carreira meteórica dela - já é a terceira moto mais vendida da Europa, atrás somente da BMW R1200 GS e da irmã menor MT-07, que chega em breve ao Brasil. Uma "naked meio motard" cheia de torque e com tocada fácil e confortável até para uso diário, a 09 certamente se posiciona como a melhor coisa que a Yamaha fez nos últimos anos. E ainda coroada com um preço abaixo das principais concorrentes, seu sucesso por aqui parece simples questão de tempo. Por Daniel Messeder Fotos Mario Villaescusa

Ficha técnica - Yamaha MT-09

Motor: três cilindros em linha, 12 válvulas, 847 cm3, injeção eletrônica, gasolina, refrigeração líquida; Potência: 115 cv a 10.000 rpm; Torque: 8,9 kgfm a 8.500 rpm; Transmissão: câmbio de seis marchas, transmissão por corrente; Quadro: tipo Diamante, de alumínio; Suspensão: garfos invertidos na dianteira (137 mm de curso) e balança monoamortecida com link na traseira (130 mm de curso); Freios: disco duplo na dianteira (298 mm) e disco simples na traseira (245 mm), com ABS; Pneus: 120/70 R17 na dianteira e 180/55 R17 na traseira; Peso: 191 kg; Capacidades: tanque 14 litros; Dimensões: comprimento 2.075 mm, largura 815 mm, altura 1.135 mm, altura do assento 815 mm, entreeixos 1.440 mm

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