Inaugurado em 1957 pela F-100, o segmento de picapes grandes no Brasil era predominante no uso rural. Já nos 70, veio a crise do petróleo e o preço da gasolina foi às alturas. A Ford apresentaria sua solução em 1979, lançando a F-1000, que trazia o motor a diesel para o segmento. A concorrente direta era a também recém-lançada Chevrolet D-10.
Trazendo boas evoluções sobre a versão a gasolina, a picape adotava um motor a diesel fornecido pela MWM: 3.9 litros de 83 cv e 25,3 kgfm de torque que permitia velocidade máxima de 125 km/h. A economia de combustível era um dos destaques, com consumo 40% menor que a versão movida a gasolina. Devido à grande procura, a F-1000 foi vendida com ágio no início, ao passo que a F-100 seguia em linha como uma opção bem mais barata.
Embora usasse a mesma carroceria básica da F-100, ela tinha a capacidade de carga ampliada para 1.005 kg (para superar 1 tonelada e se enquadrar na legislação que permitia o uso do diesel) e trazia inovações como freios a disco na dianteira, servofreio e direção hidráulica (opcional).
Em meados dos anos 1980, as picapes já começavam a invadir as cidades. Em 1985, chegava a versão F-1000 SSS (Super Série Special) e a versão F-1000A com motor 3.6 a álcool de seis cilindros (115 cv). Neste mesmo ano a rival D-10 passou a ser chamar D-20 e ganhou ares bem mais modernos, o que faria com que a Ford trouxesse mais novidades.
No ano seguinte, o utilitário ganhava mudanças estéticas: novos faróis retangulares e nova grade dianteira. Sistema de ventilação, teto-solar, pneus radiais, calotas de alumínio e pintura em dois tons passaram a ser itens de série.
Ela foi a primeira picape diesel a ganhar turbocompressor em 1990, com a potência passando a 119 cv. O desempenho para um veículo desse porte melhorava bastante: aceleração de 0 a 100 km/h em 18 segundos e velocidade máxima de 143 km/h.
Nova geração
Apresentada em 1992, a aguardada nova geração era um sopro de renovação. Embora fosse competitiva nos anos 1980, a picape ficava devendo no visual e modernidade em relação à rival da GM. Internamente tudo mudava: novo painel, melhor posição de dirigir, apoio de braço central e teto-solar de vidro, entre outras melhorias. O motor turbodiesel passava a 122,4 cv e 37 kgfm a 1.600 rpm.
As versões com tração 4X4 e cabine estendida (Supercab), com banco traseiro para três pessoas, eram lançadas em 1994. No ano seguinte, chegava o motor mais forte de 4.9 litros a gasolina, com seis cilindros, injeção eletrônica e 148 cv.
A última reestilização veio no fim de 1996, quando o visual ganhou linhas mais arrendondadas, grade mais ampla e faróis com luzes de direção na parte inferior. Dois anos depois, já na linha 1998, recebia a série especial Lightning (mesmo nome usado pela versão preparada pela SVT nos Estados Unidos). Trazia motor 4.9 a gasolina e para-choques dianteiro e traseiro na cor da carroceria, vidros verdes e rodas de alumínio. No ano seguinte, a produção seria encerrada pouco antes da chegada da nova e mais moderna F-250.
Com uma longa história e uma legião de adeptos, a F-1000 foi um sucesso da Ford. E ela mostra claramente a evolução do segmento desde os anos 1970, quando as picapes grandes eram pensadas para a zona rural, passando pelos anos 1980 com a mudança de tendência até os anos 1990, quando os utilitários passaram a agregar luxo e definitivamente fazer parte da paisagem urbana.
Galeria: Carros para sempre: Ford F-1000
Galeria: Carros para sempre: Ford F-1000 tem uma história que começa no campo e termina na cidade