Carros para sempre: Citroën Traction Avant revolucionou o jeito de projetar carros

Na última semana, a Citroën comemorou os 80 anos de história do clássico Traction Avant 7A. Criado pelo visionário Andre Citroën, este carro revolucionou o mundo automotivo com suas diversas inovações, tanto pelo estilo ousado (que já era uma característica da marca francesa na época) quanto pelas inovações técnicas e mecânicas. Uma das pioneiras do ramo na Europa, a Citroën começou suas atividades em 1905, mas passou a produzir carros somente em 1919, com o término da Primeira Guerra Mundial. André foi conhecer a linha de montagem de Henry Ford nos Estados Unidos para posteriormente levar o conceito para a França, fazendo com que a Citroën fosse uma das primeiras a usar este processo de produção no Velho Continente.

Em 1931, o engenheiro André Lefèbvre começava a trabalhar na Renault e levava consigo um novo projeto chamado P.V. (Petit Voiture), que previa um carro compacto de tração dianteira. Porém, a Renault era conservadora na época e não acolheu o projeto de André, que acabou por oferecer a ideia à Citroën. Começava a tomar forma o projeto do automóvel de tração dianteira e visual bastante ousado para época. Primeiro com a configuração duas portas e motor 1.1 litro, e depois com quatro portas e motor 1.3 litro.

Muito avançado para a época, trazia, além da tração dianteira, chassi monobloco com assoalho plano, freios hidráulicos e barras de torção na suspensão dianteira. Com motor 1.3 de 32 cv, a velocidade máxima estimada era de 100 km/h e o consumo médio, de 10 km/l. O novo carro havia sido projetado para receber uma transmissão automática, que foi desenvolvida na Brasil por Sensaud de Lavoud, mas que por problemas de qualidade foi descartada. Apresentado no Salão do Automóvel de Paris em 1934, teve sucesso imediato. A Citroën alardeava as novidades técnicas e um carro à frente do seu tempo. Baixo, rápido e estável, o 7A deixou os concorrentes obsoletos da noite para o dia.

Na configuração definitiva foi adotado o motor 1.3 de 32 cv associado ao câmbio manual de três marchas. Outra inovação era o motor "flutuante", apoiado em coxins de mola helicoidal, de forma que as vibrações não eram percebidas na cabine. Internamente, cinco pessoas podiam viajar com conforto. O modelo contava ainda com a vantagem do assoalho plano e ótimo acabamento. O painel de instrumentos era equipado com velocímetro, amperímetro, relógio, marcador de combustível e pressão do óleo.

Apesar das inovações, o 7A ainda ficava devendo em desempenho. Por isso, poucos meses depois a marca lançava uma nova versão, o 7B, com um novo motor 1.5 de 35 cv e desempenho mais adequado aos prometidos 100 km/h de velocidade máxima. Logo em seguida eram lançadas as versões conversível e cupê esportiva. Bem sucedido, o 7B seguia a todo vapor com 300 unidades produzidas diariamente, mas André Citröen estava muito endividado pelo alto custo de desenvolver o automóvel e acabou pedindo falência. Desse modo, a Michelin, gigante francesa produtora de pneus, assumiu as dívidas e o controle da Citroën, fato que durou até os anos 1970, quando foi criada a PSA (Peugeot-Citroën).

O pioneiro francês da indústria automotiva teve vida longa, ganhou versões maiores e com novas opções de motorização. Foi produzido pela Citroën de 1934 a 1957, considerando suas variações, com um período de interrupção durante a Segunda Guerra Mundial. O Traction Avant, além de ser um carro revolucionário, serviu para projetar a marca Citroën no mundo inteiro. Considerando todas as variações, foram produzidas mais de 758 mil unidades durante sua bela história.

Galeria: Citroën Traction Avant