A história do hatch premium mais vendido do mundo não começou como "apenas" mais um lançamento da Audi. O A3 seria o menor modelo da marca em anos. O último compacto com as quatro argolas na grade havia sido o Audi 50, descontinuado há muito tempo, lá em 1978.
Projetado pelo famoso designer Peter Schreyer, hoje na Kia Motors, o A3 começou a ser desenvolvido em 1993. Chamado internamente de typ 8L, ele foi feito sobre a plataforma PQ34 compartilhada por diversos modelos do grupo VW, como Audi TT, VW Caddy e Touran, Golf, Bora, New Beetle, Seat Leon e Skoda Octavia.
Concebido para ser uma opção esportiva ao VW Golf, o A3 previa apenas a carroceria de três portas. Com visual inspirado no então recém-lançado Audi A4, o hatch era belo e aerodinâmico. Como curiosidade, tinha o retrovisor direito menor que o esquerdo.
O hatch premium alemão ficou pronto em 1996, quando foi apresentado à imprensa e ao público no Salão de Frankfurt. No mesmo ano, o modelo chegava ao mercado brasileiro com preço de US$ 39.900 (hoje cerca de R$ 90 mil).
O compacto alemão media 4,15 metros de comprimento e trazia ampla lista de equipamentos para a época: freios ABS de quinta geração, duplo airbag, ar-condicionado automático, teto-solar elétrico e toca-fitas (CD player seria opcional pouco tempo depois). Sob o capô do modelo vendido no Brasil estava o conhecido motor 1.8 20V (cinco válvulas por cilindro) de 125 cv e 17,8 kgfm de torque. O desempenho era aceitável (aceleração de 0 a 100 km/h em 12,2 segundos e máxima de 197 km/h), mas não condizente com a proposta mais esportiva do carro. Na Europa havia mais opções mecânicas e até uma versão com motor seis cilindros.
No ano seguinte ao lançamento, em 1997, chegava a versão Turbo com 150 cv e 21,7 kgfm de torque. Os problemas de performance acabaram. O carro andava mais (0 a 100 km/h 8,2 segundos e velocidade máxima de 217 km/h), bebia menos e definitivamente caiu no gosto do consumidor. Mas, para quem procurava ainda mais pimenta, havia o A3 AVR, de 192 cv e com visual incrementado por spoilers, suspensão rebaixada e novas rodas. Em 1998, uma versão equipada com motor 1.6 e dotada de quatro airbags foi testada pelo Euro NCAP, alcançando quatro estrelas.
Mas a grande guinada do A3 viria em 1999. Surgia a versão cinco portas na Europa, e o modelo começava a ser produzido no Brasil juntamente com a quarta geração do Golf na então nova fábrica do grupo VW em São José dos Pinhais (PR). Outra novidade foi a versão de entrada para o mercado brasileiro, equipada com motor 1.6 de 101 cv.
Poucos meses depois, o cinco portas começava a ser feito por aqui e a Europa ganhava a versão esportiva S3, com 225 cv e que acelerava de 0 a 100 km/h em convincentes 6,6 segundos. Para o ano seguinte a marca preparou um facelift (linha 2001) com faróis redesenhados, nova grade frontal, lanternas e para-choques. Mas a principal novidade por aqui era a versão 1.8 T (com o logotipo T vermelho) que passava a 180 cv e 23,9 kgfm de torque e colocava o A3 um nível acima. Em 2002 ele passava a ser oferecido com câmbio automático Tiptronic, com opção de trocas manuais por meio de botões no volante. Juntamente com o primo Golf GTI e o Fiat Marea Turbo, o A3 fazia parte do time dos esportivos mais desejados do país.
Apesar de ainda agradável, o visual já estava ficando cansado, e em 2003, foi apresentada na Europa a nova geração do A3. Maior, mais espaçoso e moderno, o A3 ganhava nova plataforma, direção elétrica, novo painel e motores com turbo e injeção direta.
Na Europa, a gama de motores era ampla: havia o 1.2 TFSI de 104 cv, o 1.6 de 101 cv e o 1.8 TFSI de 158 cv. As opções a diesel contavam com o 1.6 TDI com 89 ou 104 cv, 1.9 TDI de 104 cv ou 2.0 TDI de 138 ou 168 cv.
Assim como na primeira geração, o novo A3 havia sido lançado apenas na versão três portas na Europa, motivo pelo qual não foi lançado no Brasil, que por sua vez deixava de produzir a versão três portas - que vendia muito pouco - permanecendo apenas a configuração cinco portas.
Sem a nova geração, o A3, junto do Golf, envelhecia e perdia mercado rapidamente por aqui. No fim de 2003 a Volkswagen apresentava o Golf V na Europa e logo em seguida, o A3 Sportback, com traseira alongada e visual distinto do três portas. Era maior no espaço e no porta-malas.
Na reestilização de 2005, o destaque ficava para a nova grade dianteira no estilo "bocão". Depois de uma longa espera, a nova geração chegava ao Brasil em 2006 (pelo dobro do preço) importada apenas na versão Sportback com motores 1.6 de 102 cv e 2.0 TFSI de 200 cv - este ligado ao câmbio S-Tronic de seis marchas, o primeiro dupla embreagem oferecido no Brasil. Ao mesmo tempo, o A3 nacional saía de cena, com vendas em baixa e distante do glamour do final dos anos 1990.
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Galeria: Carros para sempre: Audi A3 nasceu como opção mais esportiva ao Golf