Depois da Segunda Guerra Mundial, a americana Willys-Overland Company criava um novo veículo baseado no Jeep, mas com vocação mais familiar. Surgia a Rural Willys, lançada em 1946 nos Estados Unidos. Medindo 4,59 metros, ela se destacava pelo amplo espaço interno, quantidade de porta-objetos, capacidade para seis pessoas e bom espaço para bagagens, podendo chegar a 2.700 litros com os bancos rebatidos.
Em 1956, a Willys-Overland do Brasil S.A começava a montar a Rural em solo nacional. O modelo tinha peças importadas e o mesmo design da versão norte-americana, com uma pintura "saia-e-blusa" (verde e branca, vermelha e branca ou azul e branca) que dava um certo refinamento ao utilitário.
A mecânica contava com motor a gasolina de seis cilindros e 2.6 litros, com 90 cv de potência, associado ao câmbio de três marchas e tração 4x4. A velocidade máxima ficava em torno de 130 km/h, dentro da média para a época.
Em 1959, o motor 2.6 passa a ser fabricado em Taubaté (SP) e substitui o norte-americano. No ano seguinte, a Rural ganhava uma nova frente, com estilo exclusivo para o Brasil, que deixava o modelo bem mais atraente que a versão norte-americana. Nessa época, o utilitário já utilizava somente componentes nacionais.
Na falta de rivais diretos, a concorrente mais próxima era a VW Kombi. Dessa forma, as vendas da Rural subiam constantemente, com o modelo servindo para diversas finalidades, desde frotas até uso fora-de-estrada, além de ser apreciado também pelas famílias.
Em 1964, chegava a versão com tração 4x2. Ela trazia alavanca de câmbio na coluna de direção e suspensão dianteira independente para maior conforto, já que o modelo passava a ser muito utilizado por famílias e em uso urbano.
Nesse período, o modelo foi ganhando diversas melhorias: novo painel de instrumentos, trava de direção, nova grade e câmbio de quatro marchas sincronizadas. Em 1967, a Ford assume o controle da Willys no Brasil.
No ano de 1969 eram oferecidas duas versões: básica e luxo. No ano seguinte a Rural passava a usar o motor 3.0 do Itamaraty, com carburador de corpo duplo e 132 cv (brutos). Porém, o motor 2.6 antigo com comando de válvulas no cabeçote era bem mais leve e acabava oferecendo melhor desempenho, mesmo tendo apenas 90 cv.
Rebatizada de Ford Rural em 1972, o primeiro SUV do Brasil sentia o peso da idade, pois já tinha quase três décadas de mercado e a concorrência oferecia produtos mais modernos, como a Chevrolet Veraneio. Em 1977, a Ford encerrava a produção do utilitário, permanecendo a versão picape (chamada F-75) e o Jeep Willys por mais cinco anos. Além dos EUA e Brasil, a Rural também foi produzida na Argentina pela IKA (Indústrias Kaiser de Argentina), na Índia pela Mahindra e no Japão como Mitsubishi J-34.
Galeria: Carros para sempre: Rural Willys foi a precursora dos utilitários esportivos