É inegável que as custom sejam motos muito desejadas pelos brasileiros. Mas havia uma lacuna entre as custom pequenas (até 200 cc) e as grandes, acima de 500 cc. Até então, a Kasinski Mirage 250 (R$ 14 mil) dominava sozinha o segmento entre 200 e 350 cc. Com motor de dois cilindros em “V”, somou 1.847 unidades vendidas em 2012. Panorama que deve mudar com a chegada da forte concorrente, a nova Dafra Horizon. CARPLACE já avaliou a nova "customzinha" no condomínio Serra Azul, no interior paulista.
O que é?
Baseada na custom Daelim Daystar, vendida na Austrália e alguns locais da Europa, a Horizon é um projeto definido como “meio-a-meio”. O design e as soluções mecânicas foram projetados pela Dafra no Brasil e providenciados pelos coreanos da Daelim. O trem de força de 250 cc é conhecido, basicamente a mesma mecânica usada pela irmã carenada Roadwin. Porém, mostra maior disposição em rotações mais baixas, graças aos novos comandos para as quatro válvulas. Monocilíndrica, tem refrigeração líquida e um amplo radiador frontal com ventoinha. Com 178,6 kg totais, a custom desfruta de 23,1 cv a 8.000 rpm e 2,2 kgfm de torque a 7.000 rpm. Mas o motor, apesar de alimentado por injeção eletrônica, poderia ter funcionamento mais suave.
De acordo com a proposta de ser confortável, a Horizon se sai bem. Pilotos mais baixos tendem a se acomodar melhor na compacta custom. O assento é largo e baixo, com densidade correta de espuma. As pedaleiras ficam em posição mais alta que o normal e não raspam facilmente nas curvas. Já o guidão esterça bastante e tem bom formato para os braços, mesmo em distâncias mais longas.
Como de praxe, a pequena custom traz apenas o essencial na instrumentação. Ela traz grafia simples e fica à frente do guidão. Boa solução foi agregar o marcador de combustível e luzes-espia ao tanque de 17,5 litros. “Luxos” extras são o pisca-alerta de emergência, rodas de liga leve bem acabadas e a lanterna traseira com LEDs.
Ao vivo, o visual clássico e redondo tem boa proporção com a moto e suas medidas, de maneira até a render certo status no trânsito. Os cromados agradam, porém, alguns metais deixam a desejar em acabamento. Já o escape de inox se torna duplo no meio da moto por uma questão apenas estética, já que só há uma saída do bloco.
Como anda?
A Horizon roda confortável e, mesmo ao adernar mais em curvas, contorna com segurança. A embreagem a cabo é bem macia, mas o câmbio de cinco marchas tem engates um pouco "moles" e distantes entre si. Amparada por dois discos de freio dianteiros de 276 mm – traseiro simples de 220 m –, sobra poder de frenagem à motoca.
Rodando mais rápido, o quadro de berço duplo torce pouco e mostra coxinização eficiente, com vibração dentro da média. Segundo o gerente de engenharia da Dafra, Victor Trizotto, “em relação à esportiva Roadwin, é um tipo de quadro que tende a passar mais a vibração do motor para o piloto. Por isso revisamos tudo, e há coxins até para a mesa do guidão”.
Com entre-eixos curto (1,50 m), agilidade e leveza em desvios de trajetória são destaques da Horizon. Mesmo não tendo um motorzão como as concorrentes maiores, consegue oferecer bom nível de prazer de pilotagem. A marca divulga velocidade máxima na casa dos 125 km/h, algo possível em descidas, mas complicado em retas e com pilotos mais pesados. Em um declive mais longo, foi possível superar 140 km/h no painel. De maneira geral, é o tipo de moto que não reclama ao rodar na casa de 100/110 km/h.
Quanto custa?
Por R$ 13.700, a nova Horizon é montada em Manaus (AM) e tem garantia de um ano sem limite de rodagem. As cores podem ser preta ou a interessante preta com branco metálico. Já de cara a Dafra oferecerá uma série de acessórios, dois deles interessantes e por R$ 300: para-brisa de maiores dimensões e apoio de costas para garupa (sissy bar). Mas o apoio de pé com "mata-cachorro" poderia ser mais discreto, firme, e custar menos que os R$ 379 pedidos.
A nova custom tem expectativa de vendas tímida, de 60 motos ao mês. Mas pode surpreender com vendas maiores do que isso pelo conjunto da obra. A Horizon deve agradar em especial aos admiradores das saudosas custom 250 Yamaha “Viraguinho” e a compacta Suzuki Intruder. É o tipo de moto que se sai bem em passeios, viagens e até mesmo no uso diário.
O investimento no pós-venda, calcanhar de Aquiles de muitas marcas – inclusive algumas há décadas no Brasil – se estende também ao valor de peças e preços de revisões fechados da Dafra. No caso dos componentes básicos, tanto de reposição por uso, como por queda, a Horizon surpreende. Ao valor de R$ 868, pode-se comprar itens como cabos, relação de transmissão completa e também embreagem, manetes, pastilhas de freio, vela e filtro de ar, entre outras peças.
O próximo passo da Dafra será lançar uma trail também de 250cc. Segundo o chefe de engenharia Trizotto, “a demora se deve ao fato de termos que finalizar um produto muito bom, à altura das concorrentes Yamaha Lander e Ténéré, e a (líder) Honda XRE 300”. Ao que tudo indica, o novo modelo deve chegar ainda este ano.
Por Guilherme Silveira, de Itupeva (SP)Ficha técnica - Dafra Horizon 250Motor: monocilíndrico, 4 válvulas, comando duplo, 250,1 cm3, injeção eletrônica, refrigeração líquida; Potência: 23,1 cv a 8.000 rpm; Torque: 2,2 kgfm a 7.000 rpm; Transmissão: câmbio de cinco marchas, transmissão por corrente; Quadro: aço; Suspensão: garfo telescópico na dianteira (140 mm de curso) e bi-amortecida (70 mm de curso) ajustável na traseira; Freios: discos duplos na dianteira e simples na traseira; Pneus: 100/80 aro 18 na dianteira e 130/90 aro 15 na traseira; Peso: 178,6 kg em ordem de marcha; Capacidades: tanque 17,5 litros; Dimensões: comprimento 2.250 mm, largura 790 mm, altura 1.120 mm, altura do assento 720 mm, entreeixos 1.500 mm
Galeria: Volta rápida: Dafra Horizon 250 tem "gostinho" das custom maiores