Garagem CARPLACE #2: Peugeot 208 1.5 melhor que o 1.6?
Garagem CARPLACE #2: Peugeot 208 1.5 melhor que o 1.6?
Invencionices automotivas costumam não dar muito certo. Mas admiro a coragem do Grupo PSA por sempre tentar inovar. Às vezes não funciona, como no caso do volante de cubo fixo e o painel central do antigo C4 (que ainda permanece à venda por aqui na versão hatch). Mas a sacada do volante compacto e do quadro de instrumentos suspenso do 208 é simplesmente genial, na minha opinião. Gostei desde que vi esse painel pela primeira vez, ainda em fotos. E não tive nenhuma dificuldade de me adaptar à novidade.
O volantinho torna o ato de dirigir mais lúdico, ainda mais comandando uma direção elétrica levinha e ágil como a do Peugeot 208. Para quem aprecia dirigir pelo simples prazer de dirigir, como eu, é um prato cheio. Já o quadro de instrumentos me lembra o do Honda Civic, pelo velocímetro digital que atua quase como um head-up display. O importante, no Peugeot, é fazer as regulagens de banco e volante corretas. E o que não falta é possibilidade de ajuste, variando a altura e a distância de ambos os itens. Assim, basta deixar o volante baixo e se acostumar a enxergar os instrumentos por cima do aro do volante, e não por dentro do aro como nos demais carros. Como esta seção Garagem CARPLACE permite uma opinião mais pessoal, quero saber depois o que meus colegas vão dizer sobre isso. Mas, para mim, essa posição de dirigir é ponto crucial para diferenciar o 208 dos rivais.
Outra coisa legal nesse hatch é a central multimídia bastante completa, com uma vistosa tela de LCD sensível ao toque. Tem rádio, computador de bordo, entradas USB/AUX, Bluetooth e até navegador por GPS - coisa que muito carro mais caro não oferece. Além disso, ela forma um belo conjunto com o painel aceso à noite (iluminação azulada), proporcionando uma agradável sensação de ambiente moderno e aconchegante. Tá certo que o sistema não é tão simples de usar como o My Link do Onix (às vezes me enrolei com as funções e na hora de parear o celular), mas, no fim, é outro ponto favorável ao 208 perante à concorrência.
Mas comprar um carro por causa da posição ao dirigir e da central multimídia? Claro que não é só isso, o 208 tem outras qualidades. A começar pelo design, que ao lado do New Fiesta é o mais arrojado da categoria, aos meus olhos. Gosto dos detalhes trabalhados na grade e nos faróis de neblina, além dos faróis principais com LEDs, as lanternas com os cantos em formato de "C" invertido e os vincos acentuados nas laterais.
O acabamento também está entre os melhores do segmento. O painel foge da mesmice dos interiores monocromáticos e sem graça que vemos por aí. O do 208 me agrada pela parte cinza texturizada atravessando a peça (que segue nas portas), a mistura de cores e os diferentes materiais utilizados - até mesmo os plásticos das colunas são bonitos, na cor branca, com aspecto bastante clean. Para completar, os tecidos do teto e dos bancos são de boa qualidade e tato. Mas nem tudo são flores: percebi algumas falhas na montagem final do carro que está com a gente. Há uma borracha no vidro do motorista mal encaixada e outros deslizes que até vocês leitores repararam nas primeiras fotos do nosso Allure: para-choque dianteiro com pintura fora de tom e a porta traseira esquerda com um gap bem visível. Pode ser um caso isolado, já que esse 208 é das primeiras unidades feitas em Porto Real (RJ), mas vale dar uma conferida nos modelos novos numa concessionária.
Andei pouco mais de 400 km antes de entregar o carro ao diretor Fábio Trindade. Foi o suficiente para, antes mesmo de levar o hatch para a pista de testes, dizer que eu optaria pelo 208 1.5 em vez do 1.6 se fosse comprar um. Explico: falta de torque em baixa rotação é algo que me incomoda, e o 1.6 16V de 122 cv não é lá muito bom nisso - seus 16,4 kgfm só se apresentam a 4 mil rpm. O 1.5 obviamente tem números mais modestos, com 93 cv e 14,2 kgfm, mas me pareceu "redondinho" para o 208, sem sobras nem faltas.
O motor de exatos 1.449 cm³ tem construção simples, com um só comando de válvulas e cabeçote de duas válvulas por cilindro, mas apresenta bloco e cabeçote de alumínio - no 1.6 16V o bloco é de ferro. Destaca-se pelo funcionamento suave e silencioso, além de ser bem elástico. O torque em baixa é contundente (máximo vem a 3 mil giros), a ponto de você poder acelerar em terceira marcha a 30 km/h que o motor responde numa boa, tornando a condução urbana bastante agradável. E não se trata de um "truque" conseguido pelo uso de uma relação de transmissão curta. Pelo contrário, a relação do 208 1.5 é formidável, com vivacidade nas marchas iniciais e suavidade nas mais altas. A 120 km/h em quinta, o conta-giros aponta 3.400 rpm e não há nada de ruídos incômodos na cabine.
Já esperava bom desempenho do 1.5 na cidade, mas me surpreendi na estrada, onde ele desenvolve bem mesmo em velocidades acima das recomendadas, sem parecer esgoelado - a máxima declarada é de 181 km/h. Claro que há limitações com o carro carregado ou subida de serras, mas nada que uma redução de marcha não resolva. Pena que os engates do câmbio sejam ponto fraco: longos e barulhentos, tiram um pouco do prazer da tocada. Já a suspensão é bem acertada e, com rodas aro 15", o 208 Allure é mais confortável que o 1.6 com aros 16". Mas vou deixar pra falar do comportamento dinâmico outro dia.
Fechando o post de hoje, vamos ao consumo nesses primeiros dias: na média entre 70% cidade e 30% estrada, registrei razoáveis 8,7 km/l de etanol. Para terminar, uma curiosidade: na Argentina a versão Allure é mais completa que a nossa. Embora o 208 deles seja produzido no Brasil, no país vizinho a versão intermediária vem com vidros elétricos nas quatro portas (só na frente aqui) e, o mais importante, quatro airbags. Pelo que apurei junto à Peugeot brasileira, os vidros elétricos na traseira chegam em breve ao Allure. Mas e os airbags laterais?
Texto e fotos Daniel Messeder
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