Teste: motor 1.5 é destaque do J3 flex, mas carro muda em breve
Teste: motor 1.5 é destaque do J3 flex, mas carro muda em breve
Enquanto a reestilização do J3 não chega (veja flagra no Brasil), a versão hatch antecipa o primeiro motor flex da marca: a JAC estreia logo com um sistema de aquecimento do etanol que dispensa o tanquinho de gasolina para partida a frio. A tecnologia, que a empresa chamou de Jet Flex, foi aplicada ao propulsor 1.5 16V - cilindrada que anda em alta no mercado brasileiro após pintar no Citroën C3 e mais recentemente no Peugeot 208 e no Ford New Fiesta. Dotado de recursos como bloco de alumínio, cabeçote de quatro válvulas por cilindro e comando variável na admissão (VVT), o motor vindo do J5 gera saudáveis 127 cavalos de potência e 15,7 kgfm de torque com o combustível vegetal. E, conforme CARPLACE apurou, o atual J3 será apenas o começo da trajetória desse propulsor por aqui.
Antes de falarmos de futuro ou mercado, o mais importante agora é saber como se comporta o motor. Bom, no J3 S (versão "esportiva" do hatch) podemos dizer que ele sobra a ponto de expor as deficiências de acerto do carro para andar rápido. Na versão 1.4 de 108 cv, o compacto não compromete no desempenho. Agora com o 1.5, ficou difícil de andar sem querer explorar a faixa mais alta do conta-giros. O motor desenvolvido em parceria com a austríaca AVL apresenta funcionamento suave, boa disposição para subir de giro e até um ronquinho interessante em altas rotações, fazendo com que a gente acabe esticando a marcha sem se dar conta. Mas, como em quase todo JAC, a longa relação de transmissão estraga um pouco a alegria. O J3 arranca forte, porém, logo desanima até o giro subir de novo - sem falar que a rotação cai muito entre as trocas de marcha (ainda que os engates não sejam ruins, já que a marca afirma ter atualizado o trambulador do câmbio).
O resultado é que, apesar do aparente fôlego nas saídas, o J3 ficou longe de andar o que a JAC promete. O tempo na aceleração de 0 a 100 km/h em nossas medições não baixou de 11,7 segundos, enquanto a marca indica bem mais ágeis 9,7 s. E não se trata de um caso isolado: o mesmo aconteceu com o pequeno J2, que registrou tempo bem acima do declarado. De todo modo, o desempenho do motor 1.5 deixa o J3 bem posicionado não somente em relação aos compactos de mesma capacidade cúbica (o 208 tem 93 cv e o Fiesta traz 111 cv), como também diante de alguns 1.6 (como o do Hyundai HB20, que rende 128 cv). O mesmo vale para o consumo, com médias que não chegaram a se destacar, mas também não comprometeram: 7,7 km/l na cidade e 10,8 km/l na estrada, com etanol.
Se o motor, por si só, foi aprovado, por outro lado ele deixou mais evidente as limitações dinâmicas do J3. Por mais que o grupo importador SHC tenha feito diversas mudanças no acerto de suspensão e direção, o hatch não parece à vontade em lidar com os 127 cv disponíveis. Basta imprimir um ritmo mais forte de tocada para perceber que o volante fica leve demais e não fornece muita informação ao motorista, enquanto a suspensão (apesar de independente também no eixo traseiro) é muito macia e deixa a carroceria rolar além da conta em desvios rápidos e curvas feitas com maior velocidade. Justiça seja feita, porém, o J3 não aparenta ter problemas de relacionamento com nosso piso esburacado, exibindo boa absorção de impactos e superação tranquila de obstáculos como valetas e lombadas.
O que não absorve muito bem os impactos, por outro lado, é a estrutura do J3, que obteve nota baixa no crash-test do Latin Ncap (veja resultado). E a má notícia é que a versão reestilizada não deve apresentar melhora nesse aspecto, uma vez que a mudança será apenas cosmética. Por enquanto, a versão 1.5 pode ser identificada pelos logotipos na traseira, faixa cinza na parte inferior das laterais e painel com iluminação vermelha (de melhor contraste que a azulada da versão 1.4). Ah, temos também uma pedaleira esportiva.
Como costuma ser de praxe nos carros da JAC, a relação custo-benefício é a grande arma do J3 flex. Afinal, por R$ 37.490 não há nada 0 km no mercado nacional com 127 cv de potência. E vale lembrar que o J3 já vem bem equipado: ar-condicionado, duplo airbag, freios ABS, CD player, rodas de liga aro 15, faróis de neblina e trio elétrico são itens de série. Mas fica a dica: melhor esperar pela versão reestilizada, que estreia já no mês que vem (primeiro somente com motor 1.4) e dará um grande salto em acabamento e visual interno - possivelmente sem aumento de preço, de acordo com uma fonte ligada à marca.
Quanto ao motor 1.5 flex, ele passa a ser o destaque do carro. Tanto que a JAC tem grandes planos para esse bloco no Brasil, como o seu uso em outros modelos - inclusive no futuro projeto A30 que será feito em Camaçari (BA) - e até uma versão com turbo que já está sendo desenvolvida. Resta aguardar as cenas dos próximos capítulos.
Texto e fotos Daniel Messeder
Ficha técnica – JAC J3 1.5 S
Motor: dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, comando variável na admissão, 1.499 cm3, flex; Potência: 125/127 cv a 6.000 rpm; Torque: 15,5/15,7 kgfm a 4.000 rpm; Transmissão: câmbio manual de cinco marchas, tração dianteira; Direção: hidráulica; Suspensão: independente McPherson na dianteira e dual link na traseira; Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS; Peso: 1.070 kg; Capacidades: porta-malas 346 litros, tanque 48 litros; Dimensões: comprimento 3.960 mm, largura 1.650 mm, altura 1.460 mm, entreeixos 2.400 mm
Medições CARPLACE
Aceleração
0 a 60 km/h: 5,1 s
0 a 80 km/h: 7,6 s
0 a 100 km/h: 11,7 s
Retomada
40 a 100 km/h em 3a marcha: 11,2 s
80 a 120 km/h em 4a marcha: 12,2 s
Frenagem
100 km/h a 0: 43,7 m
80 km/h a 0: 26,3 m
60 km/h a 0: 14,5 m
Consumo
Ciclo cidade: 7,7 km/l
Ciclo estrada: 10,8 km/l
Números do fabricante
Aceleração 0 a 100 km/h: 9,7 s
Consumo cidade: N/D
Consumo estrada: N/D
Velocidade máxima: 197 km/h
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