Carros para sempre: refinado, Escort era pequeno grande carro
Carros para sempre: refinado, Escort era pequeno grande carro
Cotado para ser revivido em breve, o Escort - que ocupava o posto de carro mundial da Ford, já era bem conhecido dos europeus quando chegou aqui. Ele surgiu na Europa em 1968 e lá se tornaria um grande sucesso, principalmente após a reestilização de 1975. Mas sua história no Brasil começa em 1983, justamente no período em que a ideia de carro global começa a ganhar força. A terceira geração do modelo (MK3) era lançada por aqui com poucos meses de diferença em relação à Europa. Ele atenderia o segmento de carro médio-pequeno e rapidamente seria reconhecido pelas qualidades da Ford na época (inovações mecânicas, design moderno e bom acabamento).
Lançado nas versões L e GL com carroceria de duas ou quatro portas, o nosso Escort era igual ao modelo europeu no visual, mas adotava mecânica diferente, herdada do Corcel II. Suas vantagens eram a boa aerodinâmica (0.38 cx), auxiliada pela grade frontal de lâmixas, e novas soluções, como grandes retrovisores.
Suspensão era independente nas quatro rodas, o que favorecia o conforto de rodagem, mas pecava na estabilidade. Os motores, 1.6 CHT movido a etanol e 1.3 movido a gasolina ou etanol, não eram a última palavra em modernidade, mas eram suficientes em desempenho e econômicos.
Poucos meses após o lançamento, chega a versão "Ghia". Mais equipada, trazia vidros elétricos dianteiros, travas elétricas, painel mais completo com indicação de desgaste das pastilhas, limpador com intervalo regulável, acabamento superior, teto solar (opcional) e motor 1.6 com câmbio de cinco marchas de série.
Mas a novidade mais "quente" chegaria em seguida: a versão esportiva XR3 (Experimental Research 3), que trazia um visual diferenciado com rodas de liga leve exclusivas aro 14", aerofólio traseiro, faróis de milha e de neblina, teto solar, lavadores dos faróis, motor 1.6 mais bravo (83 cv e 12,8 kgfm de torque máximo), bancos esportivos e volante menor. Tudo somado, o XR3 se tornou rapidamente referência no segmento e sonho de consumo, principalmente entre os mais jovens.
Mais tarde, em 1985, era lançado o Escort XR3 conversível, primeiro nacional nessa configuração em muitos anos. Pouco a pouco, a Ford modernizava os motores e os equipamentos oferecidos para se adequar a concorrência.
De forma rápida e com poucos meses de atraso em relação à Europa, assim como foi no lançamento, a Ford apresenta o Escort reestilizado (MK4) no segundo semestre de 1986.
Atualizado, o Escort estava ainda mais aerodinâmico ( cx. de 0,36), tinha visual mais agradável, faróis e lanternas maiores, além de para-choques envolventes que integravam a grade. No interior, um novo painel de instrumentos, travas das portas nas maçanetas e buzina no volante. Para a versão XR3, haviam novas rodas, aerofólio redesenhado e perda dos faróis de neblina.
As inovações mecânicas se resumiam a maior potência, um acréscimo de dois e quatro cavalos nas versões GL e XR3, respectivamente, e a versão 1.3 era abandonada. A suspensão contava com amortecedores pressurizados (inéditos em um carro nacional).
Em 1989 mais novidades para a linha Escort. Devido à associação Volkswagen-Ford (Autolatina), as versões Ghia e XR3 recebem os motores AP 1.8 de 87 cv com gasolina e 99 cv com etanol. Com a mudança de motor e câmbio, o XR3 passou a ter um desempenho mais convincente e se tornou mais atrativo, principalmente para enfrentar a concorrência do recém chegado Chevrolet Kadett.
No ano seguinte, a família finalmente ganha uma versão três volumes. O Verona, primeiro fruto da Autolatina, era irmão gêmeo VW Apollo. A série XR3 Fórmula chegava em 1991 com amortecedores de ajuste eletrônico e mais completo, com bancos Recaro. Nesse mesmo ano foram importados da Argentina os primeiros Escort Guarujá. Com quatro portas e motor 1.8, rodas de liga leve e aerofólio (opcionais), seria uma opção mais completa nesta configuração.
Uma nova geração (MK5), chega no fim de 1992. Dessa vez, o Escort muda bastante e fica maior, mais largo e alto. Com o visual mais bonito, a distância entre-eixos também aumenta, melhorando o espaço interno. O interior ficava bem mais moderno e contava até com volante com ajuste de profundidade (inédito por aqui).
No Brasil, essa plataforma ainda daria origem a dois outros modelos: VW Logus e posteriormente o VW Pointer, que teriam curto tempo de vida até o fim da Autolatina em 1996.
As versões permaneciam L, GL, Ghia e XR3. Mas havia uma novidade: o Escort Hobby 1.6 chegava como versão de entrada com a carroceria antiga. O XR3 ganhava um motor 2.0i de 115 cv de potência e 17,6 kgfm de torque (mesmo do Gol GTi) e freio a disco nas quatro rodas.
Em 1996, Escort passa a ser importado da Argentina e são extintas as versões XR3 e Ghia, além do Hobby, que seria substituído pelo moderno Ford Fiesta que começava a ser produzido em São Bernardo do Campo (SP). O lendário XR3, que nessa época contava com o motor 2.0 movido a etanol de 122 cv, era substituído pela versão Racer que não possuía o requinte e os equipamentos do XR3, e ficou poucos meses no mercado.
Poucos meses depois, ainda em 1996, é lançada a nova geração (MK7). O Escort ganhava o moderno motor Zetec 1.8 16V de 115 cv e 16,3 kgfm de torque. Ele passou a ser oferecido nas carrocerias de duas e quatro portas, nas versões GL e GLX. Mas havia uma novidade: a inédita versão perua (Escort SW).
O papel de versão "esportiva" cabia ao Escort RS. Lançado em 1998, ele usava o mesmo motor 1.8 do restante da linha e se diferenciava pelo painel com fundo branco, aerofólio, saias laterais, rodas de liga exclusivas e amortecedores mais rígidos. Porém, não se tratava de uma versão mais potente como fora o XR3 e durou pouco tempo no mercado. Na Europa, a sigla RS representava desempenho esportivo de verdade e mantém uma legião de fãs até hoje.
Mudanças visuais discretas foram feitas no ano 2000: a versão de entrada recebe o motor nacional Zetec Rocam 1.6 de 95 cv de potência e 14,2 kgfm. A partir desta data, ficam disponíveis as configurações quatro portas e a perua, ambos na versão GL. Essa estratégia essa necessária, pois o recém lançado Focus vinha equipado com os motores Zetec 1.8 e 2.0.
No ano de 2003, a Ford encerra a produção do Escort. Foi uma longa história desde 1983, quando o modelo começou a ser produzido no Brasil. Reconhecido principalmente pela versão esportiva XR3, o Escort foi o primeiro carro mundial da Ford por aqui e um digno representante da marca, trazendo inovações técnicas, ótimo nível de acabamento e ressuscitando os carros brasileiros conversíveis em 1985, um segmento ausente desde 1970.
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