Por Alexandre Akashi
A Peugeot saiu na frente de todo mundo ao adotar em série a tecnologia bicombustível (etanol/gasolina) que dispensa o uso de tanque auxiliar na partida a frio, o conhecido tanquinho de gasolina que a grande maioria dos motoristas esquece de abastecer e, quando mais precisa, pronto, quase 1 hora para ligar o carro em diversas tentativas. Confira a avaliação do modelo.
A novidade chega no novo Peugeot 308 1.6l 16v FlexStart, evolução do 307, que ganhou robustez e novo motor, agora com 122 cv de potência a 5.800 rpm no etanol e 115 cv a 6.000 rpm na gasolina. Essa combinação (FlexStart e mais potência com etanol) resulta, claro em um veículo mais econômico.
Com o motor 1.6 litro, a Peugeot oferece duas opções de acabamento: Active (R$ 50.200) e Allure (R$ 53.990). Em comum, itens como ar-condicionado (digital e dual zone no Allure), direção eletro-hidráulica, airbag duplo frontal, freios ABS com REF e AFU, computador de bordo, banco do motorista com regulagem de altura, volante em couro com regulagem de altura e profundidade, vidros elétricos dianteiros e traseiros seqüenciais e com anti-esmagamento, retrovisores elétricos, Rádio CD Player MP3 com comando na coluna de direção e roda em liga leve de16 polegadas.
A Allure (a que testamos) traz ainda faróis de neblina dianteiros, conexão USB para iPod/MP3 Player e entrada AUX, e Bluetooth, acendimento automático dos faróis, limpador do para-brisa automático, grade do para-choque dianteiro com frisos cromados, iluminação “lead me to the car” e “follow me home” (acendimento dos faróis por um tempo determinado), retrovisor interno eletrocrômico e apoios de braço individuais nos bancos dianteiros.
As melhorias estéticas do 308 sobre o antecessor são fáceis de ver, apesar de o 307 ser um modelo bem atraente. Em suma, a Peugeot pegou o que era agradável e melhorou. Algo difícil de ver em algumas montadoras, que insistem em enviar para o Brasil projetos de design com gosto duvidoso. Ao menos a Peugeot não sofre desse mal.
O sistema FlexStart funciona a contento. É abrir a porta e pronto, as velas começam a aquecer o etanol na flauta de combustível. Seis segundos bastam para que o combustível atinja a temperatura ideal. Durante a semana de teste, não houve falhas, o motor pegou na primeira tentativa em todas as partidas, inclusive em uma depois de deixar o carro no sereno frio e úmido até as 5h da manhã.
Com câmbio manual de cinco velocidades, o novo motor 1.6 litro mostrou que está um pouco mais áspero do que o antecessor. Pode ser calibração por conta do novo sistema de partida sem tanquinho, mas pode ser por causa das mudanças que a Peugeot fez, uma vez que este novo motor conta com sistema de comando de válvulas variável (VVT), bomba de óleo variável, e componentes low friction (pistões e cilindros), que usam material de baixo atrito.
Meio incoerente essa sensação de aspereza com tantas inovações, mas foi esta a impressão de deixou. O carro parece estar, também, um pouco mais ‘amarrado’, com forte freio motor. No entanto, os resultados de consumo obtidos durante a semana de teste foi satisfatória, com mais de 11km/l na estrada e cerca de 8km/l na cidade, com trânsito moderado-leve.
Conforto
Por dentro, o 308 apresenta boa qualidade. É certo que os bancos podiam ter opção de couro, item de série na top de linha, o 308 Feline 2.0 Auto, mas o tecido é bem agradável e os bancos oferecem boa sustentação ao corpo.
Com regulagem de altura e profundidade no banco do motorista e volante, fica fácil encontrar boa posição de dirigir, se bem que no 308 a sensação é de estar mais sentado do que no 307 (o assento é mais alto), o que facilita a entrada e saída do carro.
Esta não é minha posição favorita, mas admito que ajuda bastante na visibilidade e, como a linha de cintura é alta, assim como a traseira, a posição beneficia aqueles que não são muito altos.
O quadro de instrumentos e o computador de bordo são padrões da marca, assim como o grau de amortecimento da suspensão, um pouco mais rígida do que a concorrência, o que torna o carro muito agradável em viagens por estradas bem conservadas, porém ruidoso nas esburacadas ruas de São Paulo.
As rodas de 16 polegadas são elegantes e calçadas por pneus radiais 205/55. A direção com assistência eltro-hidraulica é muito boa, leve nas manobras e precisa em velocidade.
Em movimento
O motor 1.6 litro em um carro do tamanho do 308 quase faltou. Quase se não fosse o rearranjo para 122 cv/115 cv (etanol/gasolina), com torque na ordem de 16,4 kgfm/15,5 kgfm a 4.000 rpm (etanol/gasolina). Faltou à engenharia da Peugeot reduzir a faixa de torque máximo para algo mais próximo dos 3.000 rpm, para ganhar agilidade de economia.
A transmissão de cinco velocidades dá conta do recado, mas já está na hora de modernizar e passar a oferecer uma automatizada de dupla embreagem. Ai sim haverá muito mais valor. Mas, entre as opções de mercado, o 308 se sobressai, pois oferece ao consumidor uma relação custo-benefício interessante (não digo que é boa pois acho R$ 50 mil em um hatch médio muito dinheiro).
Na cidade, mostrou ser muito agradável a condução, tendo como ponto forte o porte. São 4,276 metros de comprimento, sendo 2,6 metros de entre-eixos, com 1,815 metro de largura e quase 1,5 metro de altura. O porta-malas acomoda 430 litros e o tanque de combustível, 60 litros. Pesa 1.380 kg.
As trocas de marchas são precisas, e o câmbio está bem relacionado com as faixas de torque e potência, mas ainda assim poderia melhorar. O conjunto mecânico como um todo poderia ter passado por upgrade e não apenas design e motor. Mas já é um começo.
Na estrada roda muito bem, silencioso e preciso, e mesmo com boa altura, o conjunto rodas/penus/suspensão segura bem em curvas.
Apenas uma breve observação, que durante a semana, em um único dia, uma luz de advertência surgiu no painel, um triângulo com ponto de exclamação no centro. Ao consultar a Peugeot, fomos informados de que se tratava de um alerta do sistema de aquecimento do combustível do FlexStart. A luz apagou sozinha depois de três partidas. Algum mal funcionamento que o próprio carro fez questão de corrigir sozinho. Vale a pena ficar atento.
Fotos: Peugeot 308 1.6